A compreensão e o temperamento

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “a compreensão e o temperamento”.

Cada vez mais me convenço da dificuldade de compreendermos as pessoas. Eu que trabalho conversando com as pessoas e orientando-as o dia inteiro há tantos anos me surpreendo continuamente com o ser humano.

Uma dica que gostaria de dar desta vez é que nós não somos iguais. Parece uma afirmação óbvia, mas ela não é tão óbvia assim.

É óbvia quando observamos as pessoas na aparência física, em suas ações ou as coisas de que elas gostam etc. Vendo essas diferenças concluímos logo que as pessoas são bastante distintas entre si. Mas eu diria que elas são mais diferentes ainda do que costumamos imaginar. Elas são diferentes também interiormente.

Um erro típico que normalmente cometemos é pensar que as pessoas devem ser como nós.

Vejam alguns raciocínios que costumamos seguir, mas que, como veremos, estão errados:
– se eu reajo de modo sereno diante das dificuldades, por que ela não reage?
– se eu lutei e conquistei uma boa condição econômica e profissional, todos também, se lutarem, se se empenharem como eu, alcançarão essa condição;
– se eu perdoo facilmente, por que ela não perdoa?
– se eu sou rápida, ágil, por que ela não é?

Esses raciocínios estão errados porque há uma verdade muito importante que muitas pessoas desconhecem: as pessoas nascem com facilidades e dificuldades diferentes umas das outras. O nome que damos a isto é “temperamento”. Cada pessoa nasce com seu temperamento, com seu modo próprio de ser. E cada temperamento traz consigo qualidades e defeitos. Determinados temperamentos são mais dados:
– à serenidade; outros à explosão;
– ao sorriso; outros à cara mais fechada;
– ao espírito de iniciativa; outros à passividade;
– à concentração; outros à dispersão;
– à extroversão; outros à introversão etc.

Se para mim, por exemplo, para o meu temperamento, é fácil lutar e me empenhar, ser objetivo e prático, para outras pessoas isso é enormemente difícil. E não é por má vontade. É que elas nasceram com determinadas facilidades e dificuldades que não são as mesmas que as tuas.

Com certa frequência, ouço frases como esta: “Acho que não é o mais importante ir à missa aos domingos, pois há gente que assiste à missa e já sai brigando na porta da igreja”. Uma pessoa que faz um comentário assim não está consciente de que nós somos diferentes. Talvez para essa pessoa que brigou na porta da igreja, a luta pela serenidade seja seu calcanhar de Aquiles. Muito provavelmente, para essa pessoa é muito mais difícil ser serena do que para os outros. Talvez para algumas pessoas não exista mérito quase nenhum em ser serena, pois isso lhe sai naturalmente. Sai naturalmente não por mérito próprio, mas porque Deus as fez assim.

Mas para outras pessoas isso pode significar um esforço enorme, e o pouco que conseguem praticar a serenidade tem muito mais mérito do que para as pessoas naturalmente serenas.
Com muita facilidade e leviandade costumamos julgar as pessoas e desclassificá-las. É preciso tomar muito cuidado com essa forte tendência que temos de julgar as pessoas e de pensar que elas são como nós somos.

Vamos ter presente isso daqui para a frente!!! Vamos ser mais compreensivos com as pessoas. Antes de julgar alguém vamos nos colocar no lugar delas, vamos analisar se para elas viverem aquilo que me incomoda é muito mais difícil do que para mim.

Isso não significa que vamos desculpar tudo, justificar tudo. Mas significa que vamos ser mais caridosos com as pessoas. Vamos ser mais brandos com elas. Vamos nos colocar no seu interior e compreendê-las mais, desculpando suas fragilidades. Vivendo assim, a harmonia maior no relacionamento não se fará esperar. Experimentem!!!

Uma santa semana a todos!

Padre Paulo 

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