A fé e a igreja

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “a fé e a igreja”.

Um ponto que vejo como decisivo na fé é a existência da Igreja, pois, admitindo a existência e a divindade de Jesus Cristo, como podemos saber se, depois de tantos séculos, estamos interpretando bem os seus ensinamentos? Como podemos saber se o que estamos lendo hoje na Bíblia é o que Ele ensinou?

Vamos supor um exemplo: Jesus Cristo ensinou que “Se teu olho te leva ao pecado, arranca-o e lança-o longe de ti: é melhor para ti entrares na vida cego de um olho que seres jogado com teus dois olhos no fogo do inferno” (Mateus 18, 9).

Se queremos seguir os ensinamentos de Cristo e prescindimos da existência da Igreja, tendo só a Bíblia como fonte dos seus ensinamentos, não nos restará outra conduta senão arrancar o nosso olho se ele nos levar ao pecado. No entanto, essas palavras de Cristo nunca foram consideradas dessa maneira radical. Por quê? Porque a Bíblia não traz tudo o que Jesus Cristo ensinou nem todo o matiz com que devem ser interpretadas as suas palavras. Quem recolhe todos os ensinamentos de Cristo, como veremos, é a Igreja.

São João no final do seu Evangelho diz umas palavras que são muito importantes para o que estamos dizendo:

Este é o discípulo que dá testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu testemunho. Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever
(João 21, 24-25).

Essas palavras de São João nos dão testemunho de que Jesus “fez ainda muitas outras coisas” que não estão recolhidas na Bíblia, dando a entender que não só fez como ensinou muitas outras coisas. E quem viu e recebeu esses ensinamentos? O próprio São João, que diz ser testemunha de todas essas coisas, e os outros apóstolos, que serão os pilares da Igreja que Jesus fundará.

Qual foi, então, a tarefa de Jesus? Passar aos apóstolos todos os seus ensinamentos. E unido a isso criou a sua Igreja sobre o fundamento dos apóstolos: “Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16, 18). E a fundou para ser depositária da sua verdade completa e a fiel intérprete da sua verdade ao longo dos séculos, sem que fosse sujeita ao erro como nos revela Jesus através de São Mateus: “Pois em verdade vos digo: passarão o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei” (Mateus 5, 18).

Vemos nessas palavras de Jesus a promessa da sua proteção para que nada do que Ele ensinou fosse alterado ao longo dos séculos. Fundando a sua Igreja sobre pessoas humanas, essa graça só pode se dar com uma proteção divina.

São Mateus nos transmite também o poder que terá essa Igreja numas palavras de Cristo dirigidas a São Pedro: “Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mateus 16, 19). Ou seja, essa Igreja fundada sobre Pedro terá, pela assistência divina, o poder de estabelecer normas, ligar a terra ao céu. E Jesus, novamente, antes de subir aos Céus deixa claro que são eles quem transmitirão os seus ensinamentos: “Ensinai-os a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mateus 28, 20).

Ou seja: quem é depositária da verdade completa ensinada por Jesus Cristo? Quem é que tem a chave para interpretar a verdade? Quem guarda a verdade para que ela não seja alterada ao longo dos séculos? A Igreja fundada por Cristo, em que Simão Pedro foi o primeiro papa, sendo sucedido por todos os outros que vieram depois e protegida pela sua assistência.

Entende-se que Jesus tenha tido que fundar a Igreja para que fosse guardado tudo o que Ele ensinou, pois como disse São João “se fossem escritas uma por uma (as suas ações, as suas palavras), penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever”. E teve que fundar a Igreja, assistindo-a com o Espírito Santo, para que nada do que ensinou fosse alterado ou mal interpretado ao longo dos séculos.

Ou seja, só a Igreja contém toda a verdade revelada e é a fiel intérprete da sua verdade. A Bíblia, mais concretamente o Novo Testamento, que contém os ensinamentos de Cristo, é só um auxiliar para conhecer os seus ensinamentos. Jesus, antes de subir aos céus, disse: “Ide e ensinai” e não “ide e escrevei” o que vos transmiti.

Podemos concluir dizendo que, se queremos conhecer os ensinamentos de Jesus Cristo, só há um caminho: ouvir o que nos diz a Igreja, que é assistida permanentemente por Deus.

Assim:
– não é o que alguém pensa ou interpreta na Bíblia que é a verdade, mas o que nos diz a Igreja fundada por Jesus Cristo e assistida por Ele;
– é a Igreja que deve nos dizer o que Jesus Cristo ensinou, o que é a verdade, e não eu;
– se quero andar na verdade, devo seguir os ensinamentos da Igreja sobre os 10 mandamentos, sobre o aborto, sobre o casamento, sobre a castidade, sobre o homicídio etc, mesmo que seja difícil de aceitar ou compreender; não podemos esquecer que a sabedoria de Deus é infinitamente maior do que a nossa;
– sem a Igreja ficamos completamente perdidos para saber quais são os ensinamentos de Cristo, ficamos completamente perdidos quanto à Verdade e caímos no mar das conjecturas e opiniões.
E onde encontramos tudo o que Deus nos ensina recolhido pela Igreja? No seu Catecismo. Ele pode ser comprado facilmente nas livrarias. Aqui segue o seu link para quem quiser lê-lo pela internet: http://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/prima-pagina-cic_po.html

Uma santa semana a todos!

Padre Paulo 

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