A língua

Gostaria de falar esta semana sobre a língua.
 
Do ponto de vista de Deus, a língua pode ser vista como um instrumento que Ele nos deu para, através das nossas palavras, difundirmos o bem à nossa volta. Assim, surgem as palavras:
– de amor;
– de consolo;
– de ânimo;
– de encorajamento;
– de afeto;
– de ajuda, etc, etc.
 
No entanto, como bem sabemos, nem sempre as palavras que saem da nossa boca são para difundir o bem à nossa volta. É neste sentido que o apóstolo São Tiago diz que “a língua é um fogo…, e sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida” (Tg 3, 6). E, mais adiante, diz que a língua, em não poucas ocasiões, é “um mal irrequieto, cheia de veneno mortífero” (Tg 3, 8). 
 
É neste sentido que se pode dizer que há tantas línguas más quanto se pode imaginar. Há a língua:
– venenosa, que instiga o mal por onde passa;
– felina, que fere os outros sem piedade e consideração;
– afiada, que expõe à público as misérias alheias;
– azeda, que exala por todos os lados bafos de pessimismos;
– mentirosa, que vive espalhando inverdades para todos os lados, etc, etc.
 
Quanto se ressente o relacionamento humano com estas línguas destruidoras!!! Que maravilha seria se da nossa boca só saíssem palavras de amor, de sabedoria, de encorajamento, de ânimo, etc!!!
 
Façamos o propósito de eliminar toda língua destrutiva da nossa vida. Como dizia São Josemaria, “Não faças crítica negativa; quando não puderes louvar, cala-te” (Caminho, n. 443).
 
Mas alguém poderia dizer: o que fazer na hora da raiva, na hora que dá vontade de dizer “poucas e boas” para alguém que está na nossa frente.
 
O que recomendo nestas horas é a famosa água milagrosa de São Bento!!!
 
Certo dia uma senhora pediu a um sacerdote o que ela podia fazer para não “soltar os cachorros” quando o seu marido chegava tarde do trabalho. O bom sacerdote disse que tinha uma solução para ela: é a fantástica e milagrosa água de S. Bento. A senhora ficou toda curiosa e queria logo conhecer esta água. O bom sacerdote trouxe o vidrinho e lhe ensinou o que devia fazer. É muito simples: quando o seu marido estiver colocando o carro na garagem, a senhora pega o vidrinho com a milagrosa água de S. Bento e ponha uma boa quantidade na boca mas não engula! Receba simpaticamente o seu marido, ouça o que ele tem para dizer, mas não engula a água até que o seu marido não esteja mais na sua frente. Não é preciso dizer que a senhora voltou radiante na semana seguinte e foi pedir mais vidrinhos desta água milagrosa. No entanto, ficou toda desapontada quando o sacerdote lhe disse que podia pegar a água da sua própria torneira.
 
Este é um exercício que devemos fazer muitas e muitas vezes na nossa vida: segurá-la. Segurá-la heroicamente. Falar de um modo delicado, pois não podemos deixar de falar as coisas que estão erradas, mas só na hora que passou a raiva. Se fizermos isto, e se nos esforçarmos para eliminar toda língua venenosa, toda língua afiada e azeda, muitos lares deixarão de ser destruídos, muitos relacionamentos deixarão de ser abalados, muita paz reinará ao nosso redor.
 
Neste sentido podemos dizer com toda a segurança: cuide da tua língua e a paz reinará na tua vida!!!
 
Uma santa semana a todos!
Leitura recomendada: A língua, Francisco Faus, Ed. Quadrante.

Pe. Paulo

Sobre o autor