Aprender a dizer não

Olá todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “aprender a dizer não”.

Não é com pouca frequência que costumo encontrar pessoas que têm dificuldade em dizer não. A verdade é que todos nós, de um modo ou de outro temos esta dificuldade. Gostaria de falar de duas situações em que se torna necessário dizer não.

a) primeira situação: com relação aos outros

Se alguém que conhecemos nos pede um favor, nem sempre temos que fazê-lo. Muitas vezes teremos que dizer não.

Quando temos que dizer não a um favor que nos pedem? Quando dizer sim irá atrapalhar o nosso dia, o cumprimento das nossas obrigações e além disso estarei contribuindo para que o favorecido continue a ser uma pessoa mole e irresponsável. Uma pessoa generosa sabe espremer o seu dia para ajudar uma pessoa necessitada, mas sabe dizer não também quando há responsabilidades pessoais inadiáveis; sabe dizer não quando quem pede o favor deveria ser mais responsável e fazer o que está pedindo.

Também teremos que dizer não para um mal comportamento de uma pessoa conhecida. Não podemos aceitar que uma pessoa que conhecemos tenha um comportamento ruim e não falemos nada. Se amo as pessoas e quero ajudá-las em ser melhores, tenho o dever de corrigi-las. Quantas vezes temos que ajudar um amigo, um colega, um familiar dizendo que o comportamento que teve não foi correto ou mostrando a eles um defeito que talvez não percebam e que vem causando um mal a alguém ou a várias pessoas.

Uma pessoa que é capaz de dizer não em situações que deve dizer não, é uma pessoa boa, efetivamente boa. Mas uma pessoa que tem medo de dizer não, e não sabe dizer não, é uma pessoa “boazinha” e não boa.

A pessoa “boazinha” é aquela que tem uma índole boa, gosta de ajudar os outros mas, por outro lado, tem um defeito de caráter que é o medo a desagradá-los.

Uma pessoa boa de verdade, faz o bem mesmo que ao fazê-lo cause dor ou constrangimento a alguém.

Como dizia numa ocasião um amigo, nós temos que ser muitas vezes cirurgiões e não enfermeiros. Vamos imaginar, dizia ele, que chega uma pessoa baleada no hospital. O que se deve fazer com essa pessoa? Enfiar um bisturi no lugar da bala e tirá-la. Logicamente isso vai causar uma dor tremenda, mas é isso que se deve fazer para curá-la, para fazer-lhe o bem. Se esse médico que recebeu essa pessoa baleada fosse “bonzinho”, ficaria com uma enorme pena de fazer sofrer este paciente e, quem sabe, só passaria um algodãozinho no lugar da ferida rogando a Deus que fosse curado. Não é preciso imaginar o que aconteceria com o paciente dentro de poucas horas.

Deus quer que sejamos bons e não “bonzinhos”. Deus quer que ajudemos as pessoas. Será que tenho sido uma pessoa boa, sendo muito generosa e ao mesmo tempo sabendo dizer não quando é preciso, sabendo corrigir as pessoas que convivem comigo?

b) segunda situação: com relação a nós mesmos

Uma segunda situação em que devemos saber dizer não é com relação a nós mesmos. Temos que saber dizer não:
– à preguiça;
– ao egoísmo;
– ao orgulho;
– à inveja;
– à gula etc.

Tenho sabido dizer não a todo comportamento que não condiz com Jesus Cristo?

Se na situação anterior dizíamos que quem sabe dizer não é uma pessoa “boa de verdade”, agora dizemos que quem sabe dizer não a tudo que tem de ruim no seu coração é uma “pessoa forte”. Muitas vezes associamos a força com a massa muscular. Mas há uma força que é muito mais valiosa para adquiri-la que é a força interior: a força de dizer não para as nossas más inclinações.

Como vemos, precisamos aprender a “dizer não” e, aprendendo, não há dúvida que seremos pessoas muito mais felizes. Vale a pena!!!

Uma santa semana a todos!

Padre Paulo 

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