(Revista Pergunte e responderemos, PR 337/1990)
Em síntese: O cientificismo foi cedendo à convicção de que a ciência não é capaz de atender a todas as demandas do homem. Em conseqüência, os cientistas reconhecem mais e mais as limitações das suas pesquisas e entrevêem a necessidade da reflexão filosófica e da fé, que vão além dos horizontes da ciência e propõem ao homem o sentido, o por quê, e o para quê da existência do mundo e da vida. Por conseguinte, hoje em dia já não é raro o colóquio entre cientistas, filósofos e teólogos: os primeiros apresentam a base real e experimental de toda reflexão; os filósofos ultrapassam os limites do empírico, atingindo os valores metafísicos ou transcendentais, inclusive a Inteligência Criadora, responsáveis pela ordem inteligente do Universo e do organismo humano. Mas a própria filosofia se reconhece incapaz de responder aos anseios mais profundos do ser humano, de modo que ela transfere para ulterior instância – a Teologia – a resposta final. Esta é, pois, deduzida da Palavra do próprio Deus, único Senhor capaz de explicar seu próprio mistério, como também o mistério do mundo e do homem.
***
Principalmente no século XIX a ciência parecia contradizer à fé; quanto mais avançada, mais ocupava o espaço de Deus e da Religião, segundo o entender de muitos. A segunda metade do século XX já conheceu a aproximação da ciência em relação a Deus. O cientificismo ou o crédito desmedido nas possibilidades de que a ciência satisfizesse a todas as interrogações e
demandas do homem foi-se esvaindo. A ciência está sempre a se revisionar, a se corrigir e a enfrentar novas indagações: a solução de um problema abre vários outros problemas na área das ciências naturais. Por isto a necessidade de uma explicação do mundo por um fator transcendental, extra-mundano, que é o próprio Deus, evidencia-se cada vez mais aos estudiosos, independentemente de suas concepções filosófico-religiosas. – É o que lembra Mons. Jullien, arcebispo de Rennes (França), num artigo publicado no Boletim Diocesano de Rennes, n. 4, aos 31/01/1990.
Apresentaremos, a seguir, a tradução portuguesa deste interessante texto.
“O Universo visível e invisível
Muitas pessoas ainda julgam que a ciência reduz a área de Deus como uma camisa de força, a ponto de cancelá-la completamente do horizonte de preocupações das pessoas bem informadas. Essa mentalidade cientificista, triunfante há cem anos, pôs à prova a fé da própria Santa Teresinha de Lisieux: ‘Se soubesses… quão horrendos pensamentos me assediam!… Assalta o meu espírito o raciocínio dos mais ferrenhos materialistas: mais tarde, a ciência, ao fazer novos e incessantes progressos, explicará tudo com naturalidade…”[2]
O cientificismo está longe de ter desaparecido da mentalidade contemporânea: as pessoas que pedem o sacramento da Crisma, exprimem, com certa freqüência, as dúvidas a tal respeito.
Todavia a situação está em ritmo de reversão. ‘De modo geral, a metade dos pesquisadores do CNRS declara hoje ter fé ou algo que se lhe assemelhe’ lemos no Nouvel Observateur, que consagra doze páginas a esse assunto em seu número de 21/12/1989; aliás, já em maio de 1989 essa revista havia publicado um número com o título ‘Deus e o big-bang’. Do seu lado, a revista Actuel, de janeiro de 1990, convida o leitor, no decorrer de quatorze páginas, a recuar ‘para além do big-bang’. La Vie, La Foi Chrétienne aujourd’ hui, Le Pélerin, Famille Chrétienne e muitos outros periódicos abordaram essa temática, que evoca, para nós, o ‘Deus Criador do céu e da terra, das coisas visíveis e invisíveis’, que nós proclamamos todos os domingos.
Cientistas humildes
Se os periódicos se preocupam com o problema, isto se deve certamente ao fato de que muitos cientistas os precederam nesta caminhada. Os cientistas atualmente preferem apresentar-se humildemente como pesquisadores.
Colocam para si e para nós, sempre em maior número, as questões apaixonantes que surgem por trás das maravilhas do infinitamente grande e do infinitamente pequeno, que eles exploram e cujas fronteiras recuam à medida que vão fazendo suas descobertas. Pesquisadores de fama internacional compartilham conosco seu saber e suas interrogações, como, por exemplo, Stephen Hawking em sua ‘Breve história do Tempo’.[3]
Outros, chegando aos limites da sua disciplina científica, entrevêem questões filosóficas para responder às quais não se sentem preparados, de modo que as transferem para os filósofos. Assim fez Jean Heidmann na L’Odyssée Cosmique[4]: para ele, o universo é misterioso,[5] como aliás para Andrei Sakharov em seu testamento espiritual.
… E crentes
Não é significativo o fato de que as edições Beauchesne tenham iniciado uma nova coleção em 1988 sob o título ‘Cientistas e crentes’? Nessa série alguns pesquisadores dão seu testemunho[6] e o Professor Delumeau apresenta o depoimento de dezenove cientistas sob o título ‘O cientista e a fé’. Essas declarações todas coincidem com as conclusões de um colóquio sobre ‘Ciências e Perspectivas do Homem’ realizado em Roma no ano de 1986 pela Associação Science, Philosophie et Théologies[7]; nesse Colóquio o físico André Girard declarou: ‘A ciência nos restitui a legitimidade do mistério’.[8]
As origens da vida
Acabamos de ouvir os ecos da evolução das mentalidades por ocasião da Mesa Redonda organizada em Rennes sobre as origens da vida:[9] perante um auditório denso, os participantes, peritos e assistentes, deram amplo espaço aos debates sobre as questões filosóficas e religiosas subjacentes ao tema. Um professor de Geofísica suscitou reações diversas na sala quando, levado talvez por sua impetuosidade, afirmou que a maioria dos cientistas hoje são crentes. Um filósofo então levantou o problema: a origem dos viventes não é a origem da vida; fica, por isto, a questão de definirmos o sentido da vida, para além dos condicionamentos físico-químicos do pensamento e do funcionamento do cérebro. ‘Que faço aqui e agora?’, perguntou ele. – ‘Barulho; é o que registraria um gravador. Todavia não é apenas barulho; é uma palavra, são sons articulados por alguém que os formula, e decodificados por aquele que ouve esses sons que têm um sentido. Mas donde vem esse sentido?’.
Os pesquisadores passam o desafio aos filósofos…
Para fazer uma abordagem filosófica, creio que temos de aprofundar a distinção clássica: a ciência coloca a questão do como; a filosofia coloca a do sentido e a do por quê. Não podemos pedir ao cientista como tal que responda à questão do por quê, mas podemos e devemos pedir-lhe que não dissimule essa questão. Já que ele não tem os meios para responder-lhe, facilmente é tentado a esvaziá-la. Felizmente a maioria dos pesquisadores hoje reconhece os limites da sua disciplina e passa o problema a estudiosos de outras áreas.
Os filósofos (e os téologos) devem ser humildes também eles e escutar docilmente os cientistas quando estes lhes descrevem, segundo as grandes teorias incessantemente revisionadas, as maravilhas do como do universo em expansão, da formação da crosta terrestre, da estrutura do átomo ou do funcionamento do cérebro. Contudo não devem pecar por excesso de humildade, deixando aos cientistas o monopólio do como. De que modo o real pode ser entendido? A lógica que preside às galáxias, por exemplo, ou às nossas células, supõe um Logos, uma ordem, um sentido, uma inteligência inscrita no seu ser e na sua evolução. Como explicar essa inteligência? ‘É o absurdo do absurdo que me obriga a aceitar o mistério’, diz Jean Guitton’.[10]
Alguns cientistas chegam mesmo a invocar ‘o princípio antrópico’: tudo acontece como se o universo tivesse sido disposto para que pudesse sobrevir o anthropos, o homem. Ora já nisto estão fazendo filosofia, como fazia Teilhard de Chardin. Mas podemos não filosofar em absoluto? Que o universo se dilate com a mesma velocidade em todas as direções, isto já parece milagroso a John Barrow.[11] ‘Incrível universo’, ‘um enigma milenar’, exclama do seu lado J. Heidmann[12]. Também filosofam aqueles que recusam as questões do sentido e do por quê. Estas perguntas filosóficas levam a uma interrogação religiosa: que é (ou quem é), pois, essa lógica, esse Logos? Que é (ou quem é), pois, essa fonte? Que é (ou quem é), pois, essa inteligência? E que pode significar o seu projeto sobre o universo e sobre o mundo?
Este tipo de perguntas ultrapassa evidentemente os dados da ciência, mesmo que não seja tão estranho a esta como alguns presumem. Vão além dos limites da filosofia e da razão pura, ainda que nestas tenham as suas raízes. Interpelam o homem todo inteiro, o seu coração (no sentido de Pascal). As respostas e, de certo modo, também as perguntas não decorrem de uma abordagem matemática ou meramente lógica. Supõem uma certa inclinação, uma abertura humilde e já amorosa em relação ao que transcende o homem.
… E os filósofos o passam aos crentes
Para o homem não há resposta clara a tais questões. A menos que a fonte se revele e, atrás do balbuciar das criaturas, o Criador nos dirija a Palavra para nos desvendar o sentido destas, e nos revelar, ao mesmo tempo, o mundo, Ele mesmo e nós, os homens criados à sua imagem e semelhança. As criaturas inacabadas, gemendo nas dores do parto (Rm 8, 22), não são transparentes (menos o são ainda se pensamos no lancinante problema do mal e do sofrimento!). Como todos os sinais, as criaturas nos põem a caminho, mas não nos dispensam de um salto para dentro da fé. Esta se desenvolve num outro plano de conhecimento: é a acolhida humilde da Palavra de Deus e ‘a obediência da fé’ (Rm 1, 5). Mesmo que possa ser uma provação para a inteligência, a fé não é a negação da inteligência; ao contrário, ‘a inteligência da inteligência é a humildade, a capacidade de reconhecer os seus limites. ‘Vós sereis como deuses’, diz Satã… mas a verdade do homem implica humildade, aceitação dos seus começos e da sua história’.[13]
O homem que se abre à Palavra de Deus, pode ouvir com São João a revelação do sentido: ‘No começo era o Verbo, e o Verbo estava junto a Deus e o Verbo era Deus. No começo Ele estava junto a Deus. Por Ele tudo foi feito e sem Ele nada foi feito do que existe. Nele estava a Vida e a Vida era a luz dos homens’ (Jo 1, 1-5). Comenta S. Ireneu: ‘Pela criação, o Verbo revela o Deus Criador; pelo mundo, Ele revela o Senhor que imprime ordem ao mundo; pelos artefatos, Ele revela o Artesão que os executou; pelo Filho é revelado o Pai que gerou o Filho’.[14] A Bíblia refere-se também àqueles que não vão até o fim dos seus raciocínios: ‘Não merecem senão breve repreensão, pois talvez se extraviem buscando a Deus e querendo encontrá-Lo. Vivendo no meio de suas obras, exploram-nas, mas sua aparência os subjuga, tanto é belo o que vêem!’ (Sb 13, 6s).
A fé é de outra ordem que não a do conhecimento científico e da reflexão filosófica. Importa não as confundir. Mas também importa não as separar. Quem não percebe as questões de sentido lançadas pelo mundo e a própria matéria, arrisca-se a cancelar o essencial do questionamento do homem sobre o mundo, sobre si mesmo e sobre a sua vida. Doutro lado, quem reduz as interrogações dos homens àquilo que a razão pode dizer, corre o risco de reduzir a realidade àquilo que se pode perceber hoje. Escrevia um velho rabino: ‘O mundo está cheio de maravilhas que o homem oculta a si mesmo com a sua pequena mão’.
‘E, se, apesar de tudo, houvesse um projeto na origem deste mundo? O cientista deve trabalhar como se não houvesse tal projeto, a fim de não admitir um finalismo barato e guardar sua lucidez. Mas deve conservar o espírito aberto, a fim de não se encerrar num dogmatismo que também lhe tiraria a lucidez’, estima Hubert Reevs.[15]
A fé não tem por objetivo remediar quase magicamente aos limites da ciência. Se o crente é assaz humilde para se deixar instruir pelos cientistas, estes o ajudarão a tomar posse do mundo que Deus lhe confiou para admirá-lo, administrá-lo e terminá-lo: longe de esvaziar o aspecto religioso da vida humana, os avanços da ciência podem, ao contrário, alimentar o louvor e a ação de graças da humanidade,[16] convidando-a, ao mesmo tempo, a fazer deste mundo uma casa para os homens. A mediação da filosofia também é importante, pois a fé não é fideísmo.[17] O Senhor quer que nossa fé seja inteligente e Ele nos apresenta sinais da sua presença e da sua ação para nos ajudar a abrir os ouvidos e os olhos, a fim de ouvirmos a sua Palavra e a pormos em prática.
A atual evolução da cultura, longe de alimentar o litígio entre a ciência, a filosofia e a teologia, leva-as a se interrogar mutuamente e mesmo a progredir, cada qual na sua esfera, sem esquecer, nas fronteiras das três, a questão vital da Ética, importante, por exemplo, a propósito dos problemas de Genética, energia nuclear e química. Sem dúvida, a cultura abre enorme campo de trabalho ao homem do século XX, mas, para que esse campo fique aberto, ser-nos-á necessário inventar uma sabedoria à medida do nosso poder.”[18]
***
A exposição de Mons. Jullien pode ser assim recapitulada:
1) A pesquisa científica do universo deixa o estudioso humilde, longe do cientificismo que absolutiza a ciência como chave para responder às indagações e aspirações.[19]
2) A humildade decorre não somente de que a ciência está sempre colocada diante de novos e novos desafios no plano mesmo da pesquisa, mas também do fato de que ela é incapaz de responder a perguntas fundamentais que surgem na mente humana à medida que o pesquisador vai estudando: qual o sentido do universo, da vida, do homem? Por que isso tudo existe? Parece haver uma Inteligência (= Logos) que preside à lógica ou às sábias leis da natureza, … Inteligência que a Filosofia depreende, ao raciocinar sobre os dados fornecidos pelas ciências empíricas.
3) Todavia a própria Filosofia não profere a resposta cabal para as interrogações do homem, pois certos mistérios (como o do mal e o do sofrimento) não são explicáveis apenas pela razão. “A Filosofia põe o homem na estrada, mas não o dispensa do salto para dentro da fé”.
4) Por conseguinte, a própria razão humana indica ao homem o recurso aos dados da fé ou à Palavra de Deus, que revela a si e o seu plano criador em termos que o homem, entregue a si mesmo, não consegue alcançar. A fé não sufoca a inteligência, mas, ao contrário, é a atitude mais inteligente da inteligência; é a inteligência da inteligência.
5) Por isso cientistas, filósofos e teólogos, longe de anularem os estudos uns dos outros, ao contrário se complementam mutuamente. De um lado, todo pensador precisa de conhecer a realidade que a ciência investiga; doutro lado, todo pesquisador, para satisfazer plenamente à sua procura de verdade, é preciso saber o por quê e o para quê das maravilhas do universo que ele vai descobrindo. De resto, todo homem, inclusive o cientista, tem dentro de si uma tendência a filosofar ou a fazer, através de seus estudos e reflexões, uma síntese de respostas que atendam às interrogações que ele concebe dentro de si: donde venho? Para onde vou? Qual o sentido do meu trabalho, da minha luta, da minha vida…, da minha morte? – Em última análise, somente a fé ou a visão que o Criador tem de tudo, pode responder a tais perguntas. Daí a necessidade da síntese “ciência empírica-filosofia-teologia”.
APÊNDICE
Transcrevemos, a seguir, uma exposição sintética da teoria do Big Bang tal como Jorge Luiz Calife a redigiu e publicou no Jornal do Brasil de 23/02/90, 1° caderno, p. 10:
Um desafio à imaginação e à ciência
“Quando os astrônomos começaram a mapear o Universo, no início do século, descobriram que os conjuntos de galáxias pareciam estar-se afastando da Terra em velocidades crescentes. Quanto mais distante um objeto, maior sua velocidade de fuga. Era como se os aglomerados de galáxias fossem fragmentos de uma granada que tivesse explodido há bilhões de anos. Esse fenômeno deu origem à teoria do Big-Bang, segundo a qual o Universo se condensou a partir dos fragmentos de uma gigantesca explosão.
A partir das velocidades relativas, observadas nas galáxias mais distantes, a época da explosão foi calculada em aproximadamente 15 bilhões de anos. Nessa época, uma massa de matéria comprimida teria explodido numa nuvem de energia e partículas elementares, aquecidas a uma temperatura inimaginável. A medida em que o Universo esfriava, a matéria se condensava em átomos, que formavam gás hidrogênio. Esse gás, movido pela força da gravidade, se reunia em concentrações de matéria. Desses núcleos de matéria teriam surgido as estrelas e as galáxias.
A teoria do Big-Bang ganhou apoio da maior parte da comunidade científica depois que os radiotelescópios, gigantescas antenas de rádio, captaram uma radiação de fundo: um brilho cósmico vindo de todas as regiões do espaço, que seria a energia restante da grande explosão. No entanto, a teoria não é aceita por todos os astrônomos e físicos. Um pequeno grupo acredita que o Universo é eterno, não teve começo e nem terá fim. É a teoria do estado constante.
Defensores dessa teoria, como o físico brasileiro Mário Novello, acham que o Universo passa por contrações e expansões e que nós estaríamos vivendo num período de expansão, quando as galáxias se afastam umas das outras. Matéria e energia estariam sendo criadas o tempo todo, num processo eterno e infindável. Ainda é cedo para afirmar qual dos pontos de vista será beneficiado pela descoberta dos gigantescos feixes de galáxias que formam as muralhas e paliçadas cósmicas”.
Tomamos a liberdade de acrescentar, à guisa de comentário, que a teoria da eternidade do Universo faz do Universo um Absoluto ou um Deus. Só Deus é eterno; só Deus não teve começo e não terá fim. O eterno é perfeito; não evolui, como o Universo evolui.
Ver a propósito a obra de Dadeus Grings: A Descoberta Científica de Deus. Ensaio de Diálogo Pós-Científico. Porto Alegre 1989 – Brevemente apresentado à p. 287 deste fascículo.
_____
NOTAS:
[1] Big-Bang é a grande explosão inicial que, segundo correntes modernas, deu origem ao universo em expansão hoje existente.
[2] J’entre dans la Vie. Derniers entretiens. Cerf DDB 1973, p. 223.
[3] Du Big-Bang au trou noir (Da grande explosão ao buraco preto). Flammarion 1987, 236 pp.
[4] L’Odyssée Cosmique. Quel destin pour l’univers? (A Odisséia cósmica. Que destino haverá para o universo?). Dendél Paris 1986, p. 54 e 128.
[5] Id p.11
[6] Nouvel Observateur, 21/12/1989, p. 49.
[7] Dominique Laplane, un neurologue, 120 p. Entretiens avec Jacques Vautier.
Id. Jacques Arsac, un informaticien, id. 117p.
[8] Flammarion 1989, 309 p.
[9] Revue des Questions Scientifiques, Rue dé Bruxelles 61B, 5000 Namur n. 1-2/1988.
[10] L’Absurde et le Mystère, DDB 1984, p. 73.
[11] John Barrow, L’Homme et le Cosmos. Imago 1984, p.12.
[12] L’Odyssée Cosmique, op. cit. p. 12 e 21.
[13] J. Jullien na obra coletiva: Des motifs d’espérer, la procréation artificielle. Cerf, Paris 1986, p. 129, cf. p. 117.
[14] Contra as Heresias IV 6/6.
[15] Hubert Reeves, L’Homme et le Cosmos, op. cit, p. 110.
[16] X. Le Pichon, Le Savant et la Foi, op. cit. p. 1.
[17] Por fideísmo entende-se a fé cega, que não pede credenciais ou razões para crer. (N. d. T.).
[18] Cf. G. Friedmann, La Puissance et Ia Sagesse – N R F 1970.
[19] Ainda em 23/02/90, o Jornal do Brasil, 1° caderno, p. 10, publicava a seguinte notícia:
“WASHINGTON – Uma equipe internacional de astrônomos descobriu uma gigantesca fileira de galáxias que lembra uma paliçada – espécie de cerca descontínua cujos elementos são aglomerados de galáxias prolongando-se por milhões de anos-luz (um ano-luz equivale a nove trilhões de quilômetros). Descrita num artigo para a revista científica Nature, a paliçada cósmica desafia o conceito fundamental de que o Universo seria um
espaço uniforme. Se essa descoberta for confirmada, os cientistas terão que voltar ao quadro-negro, diz Nick Raiser, professor de Astronomia da Universidade de Toronto, no Canadá.
A paliçada cósmica, onde cada conjunto de galáxias forma um segmento de galáxias que se repete a intervalos regulares, pode obrigar os cientistas a revisarem suas teorias sobre a formação do Universo, e está sendo encarada com um misto de entusiasmo e ceticismo. Nenhuma teoria proposta até agora consegue explicar como o Universo pode ter uma estrutura tão grande e regular, diz David Koo, astrônomo da Universidade da Califórnia que participou da descoberta.
Por muito tempo os astrônomos acreditaram que a gravidade – a força que faz os corpos se atraírem entre si – era a lei maior na composição do Universo. Graças à gravidade, a poeira cósmica se condensaria em estrelas que, por sua vez, formariam galáxias e os grandes aglomerados de galáxias. De acordo com a teoria do Big Bang, é isso que teria acontecido nos 15 bilhões de anos de existência do Universo. A paliçada cósmica, todavia, é um conjunto grande demais de galáxias e não poderia ter-se formado somente pela força da gravidade. Diante disso, descortinam-se duas possibilidades: ou existem outras forças agindo ou o Universo é ainda mais velho do que se pensa”