Gostaria de falar esta semana sobre a equanimidade.
A equanimidade é uma virtude que nos leva a ter uma estabilidade emocional.
A falta de estabilidade emocional é responsável pelos famosos altos e baixos:
– bom-humor, mau-humor
– alegria, tristeza
– ânimo, desânimo, etc.
Também é responsável por uma postura muito comum em muitas pessoas que é a do 8-80.
O que é o 8-80?
É a atitude do: deu, não deu; tudo ou nada; consegui, não consegui; possível, impossível, etc, etc.
Muitas pessoas, sem perceber, frequentemente passam de um extremo a outro no modo de encarar a realidade. E como consequência, as coisas dificilmente se resolvem.
Por exemplo:
– num momento têm uma ideia nova para conseguir emprego e, depois de algumas tentativas, já dizem que é impossível conseguir emprego
– num momento se entusiasmam em fazer o filho ganhar o gosto pelo estudo e, depois de algumas tentativas, já dizem que este filho não tem jeito, não tem solução
– num momento têm uma ideia para conseguir um namorado, uma namorada e, depois de algumas tentativas, já dizem que é impossível consegui-lo, que vão ficar solteiros para o resto da vida
– num momento se entusiasmam a serem mais ordenados e, depois de algumas tentativas, já dizem que não dá, que nunca conseguirão ser ordenados
– num momento resolvem falar com a esposa ou o marido sobre algo que não está indo bem e, depois de algumas tentativas, já dizem que não dá, não tem solução este problema, etc, etc
Qual é o erro frequente destas pessoas? Sair do 0 e quererem (movidos pela emoção, pelo impulso, pela falta de equanimidade emotiva, que gera a pressa) o 80!
O que deveria ser o certo? Querer e rezar pelo 9, querer e rezar pelo 10, querer e rezar pelo 11, e assim por diante.
É muito importante guardar uma imagem na nossa mente: a imagem da escadaria com centenas e centenas de degraus que sobem em direção ao Céu. Todos nós estamos num patamar nesta escadaria. O que devemos fazer é subir o próximo degrau e não subir, de uma vez, 10 degraus, 15 degraus. Nem nós, nem os outros são capazes de fazer isto. O que todos nós somos capazes é de subir o próximo degrau.
Ou seja:
– entre não conseguir e conseguir emprego há um próximo degrau, acessível, possível, e é este que eu devo dar e não querer o emprego já na minha mão;
– entre ter a preguiça e arrancar a preguiça há um próximo degrau, acessível, possível, e é este que eu devo dar e não querer vencer a preguiça da noite para o dia; talvez o próximo degrau seja começar a ser pontual na hora de sair de casa para o trabalho ou para a faculdade;
– entre ter uma dificuldade de relacionamento e resolver esta dificuldade há um próximo degrau que ambos podem dar, combinando entre si, acessível para ambos, etc.
Proceder assim significa colocar em prática a “ciência dos propósitos” que os santos nos ensinam. A ciência do propósito significa em tirar sempre um propósito que seja acessível a nós. Tarefa que não é nada fácil, pois frequentemente queremos dar um passo maior do que as nossas pernas.
Se formos equânimes, dermos passos pequenos, e rezarmos, nada nos será impossível. Só será impossível aquilo que Deus não quer que alcancemos.
Uma santa semana a todos!
Pe. Paulo.
