Gostar, estar apaixonado e amar (I)

Gostaria de falar esta semana sobre a diferença entre gostar, estar apaixonado e amar.

Esta distinção é absolutamente fundamental, pois sem ela não entendemos realidades importantíssimas na nossa vida, principalmente o amor, razão de ser da nossa vida.

A primeira coisa que precisamos dizer é que gostar, estar apaixonado e amar são realidades diferentes e não aspectos da mesma realidade como alguns costumam pensar.

1. Começamos pelo gostar. O que significa gostar?

a) é algo passivo

Não sei se vocês já repararam, mas o gostar é algo passivo. Eu não escolho gostar das coisas ou das pessoas. Nós gostamos das coisas e das pessoas simplesmente porque a sua presença nos provoca uma sensação de agrado. E o que agrada a uns e a outros depende de cada um.

b) é um sentimento

Ao dizer que é algo cuja presença provoca uma “sensação” de agrado, estamos dizendo que o gosto é um sentimento.

c) é por natureza um sentimento egoísta

É egoísta no sentido de que nos leva a pensar em nós, no agrado que aquela coisa ou aquela pessoa “me” provoca. Quando eu gosto, mesmo que seja de alguém, quero estar do lado daquela pessoa pela sensação de agrado que ela “me” provoca. Havendo só o sentimento de gosto, somos levados a pensar na nossa felicidade e não na felicidade de quem causa em nós o agrado.

2. O que é estar apaixonado?

Estar apaixonado é quando o gosto vai ao ápice. É a sublimação do gosto.

Portanto, o estar apaixonado, é passivo: não depende de nós, mas do agrado muitíssimo forte que nos provoca as coisas e as pessoas. É um sentimento. E é também, apesar de que não pareça à primeira vista, um sentimento egoísta: leva a pensar em nós, no agrado “incrível” que aquela coisa, aquela pessoa “nos” provoca.

3. O que é amar?

Uma distinção importantíssima no amor é que existe o amor (paixão) e o amor (ação).

a) amor (paixão)

O amor (paixão) é o sentimento que algo ou alguém provoca em mim. Reflete o que a própria palavra paixão significa. A palavra “paixão”, no sentido etimológico da palavra, significa estar sujeito, receber, receber o influxo de algo.

Este amor é um sentimento e como todo sentimento, nós não escolhemos senti-lo; nós simplesmente sentimos. E o que é que sentimos com este sentimento? Sentimos o desejo de alegrar, de fazer o bem, de estar junto de quem está despertando ou desperta este sentimento.

b) amor (ação)

O amor (ação) é o amor que eu tomo iniciativa em amar. É algo ativo. Parte da nossa escolha, da nossa opção. Eu escolho amar. É um ato da vontade. Enquanto o gostar, o estar apaixonado, o amar (paixão) é algo que eu não escolho, eu sou passivo, “eu sinto”, o amor (ação) eu escolho, eu tomo a iniciativa, “eu quero”. E eu quero sendo movido pelo gosto, pelo apaixonamento, pelo amor (paixão) ou não sendo movido por nenhum destes sentimentos.

Enquanto o amor (paixão) é o “desejo” de alegrar, de fazer o bem, de estar junto de quem está despertando ou desperta em nós o sentimento de amor, o amor (ação) não é o “desejo” de amar como no amor (paixão), mas é a “ação”, a iniciativa, de alegrar, de fazer o bem, de estar junto de quem nos propomos a amar, tendo um profundo desejo de amá-la ou não tendo este desejo.

Na próxima semana vamos falar melhor sobre o que é o amor e principalmente neste tema tão fundamental: como se cresce no amor.

Espero que esta distinção ajude bastante a conhecer um pouco melhor o nosso coração. Desta forma poderemos lidar melhor com ele e orientá-lo na nossa relação com Deus, com as pessoas e com as coisas.

Uma santa semana a todos!

Pe. Paulo

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