Gostaria de falar esta semana sobre a inveja.
A inveja é um sentimento que corre solto nos ambientes de trabalho e nas famílias.
No ambiente de trabalho:
“Não vamos ser radicais e dizer, como afirmava um meu amigo, que os ambientes de trabalho – oficina, escritório, departamento de faculdade ou de colégio, redação de jornal, etc, etc. – são ringues da inveja, onde se desenrola uma contínua luta de boxe, ou melhor, de artes marciais com a regra do vale-tudo. Mas é verdade que não raro grassam nesses ambientes, como erva daninha, as maquinações da inveja: além da maledicência, os mexericos, os conchavos, as rasteiras, a ocultação de informações ou de decisões, a manipulação de dados, os “esquecimentos” propositados (“esqueceu-se” de convocar, de avisar uma reunião, de comunicar a chegada do presidente, etc.)” (Faus, Francisco, A inveja, Ed. Quadrante).
Nas famílias:
A cunhada baixinha inveja a cunhada alta, a prima feia inveja a prima bonita, o sobrinho curto de inteligência inveja o sobrinho inteligente, o desajeitado inveja o habilidoso, a solteirona inveja as casadas, o que não tem um carro bom, uma casa boa, não tem uma fazenda, não fez uma grande viagem inveja quem tem um carro bom, tem uma mansão, tem uma fazenda, fez uma viagem para a Europa. Quem não recebe tanto carinho, atenção, mimo, inveja quem recebe mais carinho, atenção, consideração, etc, etc. E com isto surgem as fofocas, falar mal de quem tem porque aquilo nos incomoda, rivalidades, desentendimentos, separações, ódios, brigas homéricas, etc, etc.
Como é destruidora a inveja, não é verdade?
Que bom seria se este sentimento não tomasse conta de nós! Para isto, precisamos saber bem como ele surge para lutarmos na sua raiz.
A inveja pode ser definida como “a tristeza sentida ao ver que uma pessoa possui um bem que nós não possuímos”. Em geral, o que nos causa uma tristeza é algo ruim em nós ou nos outros. A inveja, no entanto, é a única realidade que nos faz sentir tristeza por um bem: um bem que o outro possui e eu não possuo.
Neste sentido, fazendo uma reflexão pessoal, será que há em mim hoje algum sentimento de inveja? Será que:
– me incomoda alguma qualidade que alguém tem e eu não tenho?
– me incomoda algum bem material que alguém possui e eu não possuo?
– tem alguém que estou falando mal frequentemente? Por quê? Não será inveja?
– tem alguém que estou com raiva? Por quê? Não será inveja?
– tem alguém que estou desejando que se dê mal? Por quê? Não será inveja?
– tem alguém que não tenho a menor vontade de conversar com ela? Por quê? Não será inveja?
– fico frequentemente me comparando com os outros?
O que Cristo tem a nos dizer sobre a inveja?
– que temos que nos alegrar com os bens alheios!
– que os bens alheios devem ser um estímulo para crescermos;
– que, como nos ensina a parábola dos talentos, cada um de nós recebeu determinados talentos, uns mais, outros menos, mas nós não valemos mais por termos mais talentos, mas porrendermos tais talentos; aos olhos de Deus, quem vale mais: quem tem 10 talentos e está rendendo 1 ou quem tem 3 talentos e está rendendo 2? Não há dúvida que é este último;
– que, pelo que foi visto acima, não tem sentido as comparações; não devemos olhar para o lado, mas para cima, para Deus, se ele está contente conosco ou não; devemos olhar para o lado só como um estímulo para o bem;
– que uma coisa é “sentir” inveja e outra coisa é “consentir” na inveja; o sentir não é pecado e sim o consentir.
Lutemos com todas as forças contra as invejas do nosso coração e haverá mais paz no nosso interior e no ambiente em que vivemos.
Uma santa semana a todos!
Pe. Paulo.