Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “a importância da solidariedade: lições de uma pandemia – III”.
Em todo o mundo nós estamos vendo ações solidárias durante este período da pandemia.
Conheço uma moça, por exemplo, que tem uma bebê com uma doença muito grave e que poderia ficar só focada em sua criança, que requer muito cuidado, ainda mais agora com o perigo de contágio pelo coronavírus. Mas ela se lembrou de uma senhora que vende pano de prato na rua e telefonou para ela para ver se estava bem. No telefone, essa senhora começou a chorar e a dizer que só tinha umas batatas para comer naquele dia. Penalizada, a moça fez uma campanha no seu Instagram e conseguiu angariar um dinheiro razoável para ajudá-la.
Outra história bonita que fiquei sabendo foi a de uma moça que se preocupou com uma senhora que vendia queijo em sua empresa. Ela havia feito uma compra grande de queijos para comercializar e, por causa do confinamento, não conseguiria vendê-los, sem contar que os produtos estragariam. Então a moça fez uma campanha para que seus amigos comprassem o queijo dela, e assim a senhora pôde vender tudo.
Quantas histórias dessa natureza estão ocorrendo nesses dias! E isso me fez pensar que todos nós poderíamos ser mais solidários.
Infelizmente, tirando momentos como este, há muito pouca solidariedade entre as pessoas. Por quê? Eu penso que isso se deve a quatro motivos:
a) um deles é de ordem populacional
Muitos de nós vivemos em cidades grandes, onde acontece de cruzarmos com uma pessoa na rua a qual nunca havíamos visto em nossa vida. Isso é um pouco perigoso, pois vamos ficando indiferentes a toda pessoa desconhecida, como é o caso de moradores do mesmo prédio que não se cumprimentam no elevador.
O mais triste é quando vemos um mendigo estendido no chão e aquilo passa a fazer parte da paisagem para nós.
b) outro motivo é de ordem comportamental
Em cidades grandes, muitas pessoas têm a tendência de se enclausurar por medo dos outros, pois nunca se sabe quem está do seu lado.
Nós nos enclausuramos também para que ninguém venha dar palpite sobre a nossa vida, sobre o nosso comportamento: quero viver a minha vida e não quero que ninguém venha dar palpite.
c) o terceiro motivo é a desconfiança
Num mundo tão estragado, tão pervertido, não sabemos se uma ajuda econômica será utilizada para o bem ou para o mal, se o dinheiro doado será desviado.
d) por fim, por egoísmo
Esse é o maior inimigo da solidariedade. Quando nós nos deixamos levar pelo egoísmo, encontramos várias desculpas para não ajudar o próximo. Entre elas: todo mundo pega o dinheiro para fazer coisas erradas, todas as ONGs são corruptas, quem deveria fazer esse trabalho de ajudar os necessitados são os governantes etc.
Será que eu tenho me deixado levar pelo egoísmo? Será que vivo dentro da minha bolha sem pensar no próximo, nos problemas do próximo? A nossa tendência é esta: viver a nossa vida e não pensar na vida dos outros.
Tenho feito algo pelo próximo? O que concretamente?
Pela minha experiência, vejo todas as pessoas terem um bom coração, dizerem que querem muito fazer algo pelo próximo, mas, quando você propõe algo concreto, elas fogem.
Lembro-me de uma ocasião, alguns anos atrás, quando convoquei todo o meu mailing, eram cerca de 35 mil e-mails na época, para começar um trabalho social. Fiquei preocupadíssimo pensando que muitas pessoas iriam aparecer, que haveria um trânsito louco perto da igreja, que teria que contratar a CET para organizar o acesso à igreja etc. Sabem quantas pessoas apareceram? Oito pessoas. Minha alma caiu no chão.
Dizia o Papa João Paulo II num documento sobre a solidariedade durante o seu pontificado: a solidariedade “não é um sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas próximas ou distantes. Pelo contrário, é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos” (Sollicitudo rei socialis, Papa João Paulo II).
Vamos fazer o propósito de ser mais solidários. Que eu não fique mais indiferente àqueles que passam fome, àqueles que sofrem, aos mendigos que vejo na rua, às crianças desamparadas, aos que sofrem há anos nos hospitais, àqueles que na minha família estão sós.
E o que nós sentimos quando somos solidários? Muita alegria!!! Por quê? Porque fomos feitos para o amor. Fomos feitos para dar amor. Por isso, toda vez que praticamos o amor, nosso coração se enche de felicidade, de alegria. Vale a pena!!!
Uma santa semana a todos!
Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.