Olá todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “o amor e a entrega”.
Um dos conceitos que mais me preocupam hoje é o conceito de amor. O amor hoje é identificado como um sentimento.
E os sentimentos podem desaparecer, como todos nós sabemos. Se o amor, se um casamento, estão apoiados num sentimento, passam a ser extremamente vulneráveis, sujeitos a desaparecer em qualquer momento.
Imaginem, então, a insegurança que as pessoas vivem!!! É como viver com a espada de Dâmocles sobre a cabeça, pois o amor de alguém por nós pode acabar a qualquer momento.
Mas, graças a Deus, o amor não é só um sentimento. O sentimento para o amor verdadeiro é uma consequência e não a sua essência. A essência do amor verdadeiro é a entrega. Expliquemos melhor.
O amor é uma escolha; a escolha de uma pessoa que eu decido amá-la. Vamos supor um rapaz que está namorando uma menina e depois de um tempo de namoro vê nesta menina a sua esposa, aquela que será a mãe dos seus filhos. E é ciente das suas qualidades e defeitos. Pois bem, vendo-a assim, decide se casar com ela, a pede em casamento e se casa com ela.
É lógico que ao longo da sua caminhada podem aparecer moças mais virtuosas do que a sua esposa, moças mais belas, mas a partir do momento que decidiu se casar com ela, ela é o seu foco, ela é o seu amor. E qual será a sua ação ao amá-la? Entregar-se a ela. E nessa entrega acontecerá um fenômeno que acontece toda vez que nos entregamos: quanto mais eu me entrego, mais eu amo.
A entrega, no fundo, é o amor. A entrega aumenta o amor e o amor aumenta o desejo de entrega. É um círculo virtuoso. Não é verdade, por exemplo, que se eu tenho um sobrinho, quanto mais eu me entregar a ele, mais eu vou amá-lo? Pois bem, a entrega é a essência do amor. E quando o amor cresce, é natural que o sentimento também cresça, se bem que há momentos em que não sentimos nada, apesar de amarmos.
Saber que o amor é entrega nos dá um grande alívio. Ou seja, o amor não está ao sabor do vento, das circunstâncias. Mas de algo muito mais sólido que é a entrega minha por alguém e do outro por mim. Eu, por exemplo, quando tinha 26 anos decidi ser sacerdote e me entregar a Deus. É lógico que meu sentimento por Deus já passou por fases de escuridão e de luz. Mas eu não abandonei a Deus porque estava passando por um momento de escuridão. Eu decidi me entregar e Deus e estou perseverando nesta entrega depois de 25 anos. Eu sei que este é o meu caminho. E sei também que quanto mais eu me entrego a Deus, mais eu o amo. Sei, portanto, que meu amor está muito mais nas minhas mãos, do que nas mãos de Deus, pois depende muito da minha entrega. E como tudo na vida, se não luto, pode cair na rotina. Mas se cai na rotina, a culpa é minha que não estou encontrando novas formas de me entregar, novas belezas em Deus. Eu luto, por exemplo, diariamente para celebrar melhor a missa. E o quanto mais eu luto, mais eu descubro a beleza da Santa Missa e mais eu a amo e consequentemente a Deus.
Como todo ser humano, também, tenho tentações no caminho que sigo. Sempre vão aparecer miragens “tentadoras” para eu largar o meu caminho. Mas isso acontece na vida de todos. Mas eu sei qual é o caminho que Deus quer para mim e, consequentemente, o caminho que me fará feliz. Sei que a felicidade não está nestas miragens. Vocês também têm a mesma experiência. Sabem o caminho que Deus quer que vocês sigam e que ali está a felicidade apesar de todas as tentações que possam surgir.
Amar é, portanto, uma entrega que se renova livremente a cada dia. Amar é seguir um caminho que Deus mostrou para nós.
Sabendo que o amor é entrega, que se alimenta da entrega, façamos o propósito de entregar-nos cada vez mais a quem amamos. E ajudemos também a quem decidiu se entregar por nós que não deixe de se entregar. Se bem que a nossa própria entrega, amorosa, gratuita, sempre será um estímulo para a entrega da pessoa amada. E que a partir de agora quando ouvirmos alguém dizer que “o amor acabou”, ajudemos esta pessoa a refletir se seu amor não estava baseado mais no sentimento, pois, de fato, o sentimento pode passar, mas não o amor verdadeiro.
Obs: uma situação difícil, mesmo para a pessoa que se entrega ao outro cônjuge é quando o outro cônjuge fez ou tem feito algo muito ruim para nós. Mas falaremos disto noutra ocasião. Para já fiquemos com a ideia de que o amor é, na sua essência, entrega.
Uma santa semana a todos!
Padre Paulo