Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “prazer e amor”.
Não sei se vocês já perceberam que a relação entre o prazer e o amor é um pouco complicada.
Estou pensando na busca do prazer de modo geral. Todos nós somos fortemente inclinados a buscar o prazer: o prazer do descanso, da bebida, de uma comida, de uma viagem, de uma leitura interessante etc. O problema que se abre é que a busca do prazer é egoísta: quando quero o prazer, quero o “meu” prazer.
Se o prazer é uma busca egoísta, ele vai na contramão do amor. O amor é doação, entrega, esquecimento próprio, uma força que aponta para fora, para dar ao outro a felicidade. O prazer é, por outro lado, uma força que aponta para nós mesmos, para a nossa própria felicidade.
Aonde eu quero chegar? A uma conclusão muito simples, mas muito profunda: quanto mais buscamos o nosso prazer, mais nos distanciamos do amor, da capacidade de amar.
O que fazer, então? Não podemos buscar o prazer? Com relação a isso, eu diria o seguinte:
– em primeiro lugar, podemos buscar o prazer, mas desde que seja lícito;
– em segundo lugar, que, como já foi dito em outras ocasiões, o prazer nunca pode ser o fim de uma ação. O prazer sempre está associado a um bem: à saúde, à vontade de saciar a fome, saciar a sede, descansar etc. A primeira coisa que deve ser buscada é o bem e não o prazer. Se busco o prazer como fim de uma ação, além de alimentar o egoísmo, eu me torno escravo do prazer, escravo da comida, da bebida, do prazer sensual etc.
– em terceiro lugar, mesmo não buscando o prazer como fim e sim o bem associado a ele, não podemos esquecer que o bem mais elevado que devo procurar é o bem alheio e não o próprio, o pessoal. Temos de pensar em nós, na nossa saúde, no nosso descanso etc, mas eu não devo viver para isso, e sim para amar, para buscar o bem alheio.
Com o que dissemos, vemos como buscar o prazer é complicado:
– ele não pode ser buscado como um fim;
– e, se foco o prazer, a sua busca, estou sendo egoísta, pensando em mim e não nos outros;
– e alimentar o egoísmo faz diminuir a minha capacidade de amar, de me dar aos outros, de fazê-los felizes.
Nesse sentido, podemos nos perguntar:
– será que eu tenho me dedicado a buscar o meu prazer a todo custo, o prazer da comida, da bebida, dos meus hobbies etc?
– será que estou escravizado por algum prazer?
– tenho feito esforço no sentido de pensar menos em mim mesmo e mais nos outros?
Um casamento em que um dos cônjuges (ou ambos) busca a toda hora o seu prazer, não é preciso dizer, estará em rota de colisão.
Vamos renovar o propósito de aumentar a nossa capacidade de amar, de pensar nos demais. Não há nada que nos faça mais felizes do que amar. Isso faz lembrar a famosa frase de Cristo: “Se o grão de trigo não morrer (não morrer para si mesmo, para o seu egoísmo), não produzirá seu fruto” (João 12, 24). Ou aquela outra frase em que diz: “Quem quiser salvar a sua vida (quem quiser pensar em si), perdê-la-á (perderá a felicidade), e quem quiser ganhar a sua vida (quem quiser ser feliz), perdê-la-á (procurará esquecer-se de si mesmo, morrer para o egoísmo)” (Marcos 8, 35). Ambas falam de morrer para nós mesmos, para a busca do nosso prazer, e pensar nos demais.
Que nesse caminho encontremos o melhor e mais puro prazer de todos, que é o prazer que vem como consequência e não como fim, um prazer que não tem nada de egoísmo: “o prazer de amar e de fazer o bem desinteressado aos demais”. Vale a pena!!!
Uma santa semana a todos!
Padre Paulo