(Revista Pergunte e Responderemos, PR 402/1995)
Seguem-se seis cartas publicadas pelo JORNAL DO BRASIL (JB) sobre o purgatório, purgatório que constitui artigo de fé católica. Ver Catecismo da Igreja Católica n° 1301s.
1) Aos 24/06/95, o JB, p. 9, Secção “Deu no JB”, publicou com pequenos cortes:
“O artigo de Veríssimo no JB de 16/06/95, p. 9, sobre o Purgatório está cheio de erros em matéria de religião e história da Igreja. Uma das regras da boa convivência dos cidadãos na sociedade é o respeito mútuo, que implica em não zombar dos valores que para os outros são sagrados. O desrespeito é mais grave quando se baseia em desinformação e falsas premissas. Quem não entende de economia, não deve escrever sobre economia; assim também quem não entende de Religião, não deve escrever sobre Religião. Isto só serve para patentear a ignorância do autor. A crença no purgatório não começou na Idade Média, como afirma Veríssimo, mas já era professada pelos judeus no século II antes de Cristo; basta ver 2° Macabeus 12, 38-45; por conseguinte, é crença do povo de Deus pré-cristão, que perdura no povo de Deus cristãos: ver São Paulo, 1Coríntios 3, 10-15 e os documentos mais antigos da Liturgia e da arte cristã. Se Veríssimo termina dizendo: ‘Grande invenção!’, podemos concluir exclamando: ‘Enorme ignorância!’ Pe. Estêvão Tavares Bettencourt OSB“.
2) Aos 08/07/95, na mesma Secção lia-se:
“A doutrina do purgatório jamais foi professada pelos judeus, conforme insinuou o P. Estêvão Bettencourt (JB 24/6). O livro apócrifo de macabeus fala da morte de seus soldados, devido à idolatria. Traziam, sob suas túnicas, os baalins (miniaturas do deus baal). O purgatório foi adotado pelo catolicismo em 593, com Gregório I, inspirado na lenda pagã do barqueiro Charonte; somente em 1439, o concílio de Florença a transformou em lucrativo dogma. Veríssimo (JB 16/6) estava certo. Moysés Magno Lima – Rio“.
3 e 4) Aos 15/07/95, ainda na mesma secção foram publicadas;
“No ‘Deu no JB’ de 8/7 pp., o Sr. Moysés Lima diz que o 2° livro dos Macabeus (12, 38-45) não fala do purgatório. Ele talvez não tenha lido o trecho inteiro: após afirmar que foram encontrados soldados judeus mortos pela fidelidade às suas tradições religiosas, mas portadores de estatuetas proibidas pela Lei, o autor sagrado refere que ‘os judeus se puseram em oração em favor dos mortos e Judas Macabeu mandou oferecer um sacrifício pelo pecado em Jerusalém, agindo com grande acerto e nobreza’. – Não se tratava de obter a conversão dos falecidos, mas, sim, de pedir ao Eterno a purificação daqueles fiéis cujo amor estava voltado para Deus, mas ainda era marcado por incoerências, a que estão sujeitos mesmo os mais zelosos homens de Deus. – Tal é o esquema do purgatório, que o Cristianismo herdou do judaísmo desde os seus primeiros decênios, como atestam os cemitérios cristãos e toda a literatura da antiguidade. Se o Sr. Moysés diz que foi o Papa Gregório I que adotou o purgatório, saiba que antes de 593 os cristãos já o professavam. Ademais não é com uma penada de poucas linhas, não documentadas, que se destrói o testemunho de vinte séculos de arte, literatura e fé. Pe. Estêvão Bettencourt OSB“.
“A seção ‘Deu no JB’ de 8/7 publica resposta do Sr. Moysés Magno Lima a uma outra carta, do monge beneditino Dom Estêvão Bettencourt, sobre o purgatório. O ódio ou o ressentimento contra a Igreja se revelam, de pronto, na ênfase dos advérbios, verbos e adjetivos: jamais a doutrina foi professada pelos judeus, como insinuou o padre; o livro dos Macabeus é apócrifo e a dita doutrina vem de uma lenda pagã. No final, como se costuma ver em situações semelhantes, a última e mais violenta acusação: afinal de contas, tudo que a Igreja Católica deseja, na concepção de seus críticos, é o lucro puro e simples. Por isso a bofetada do lucrativo dogma. Não seria melhor se os homens de boa vontade se desarmassem? Não seria mais construtivo se todos nós, católicos, evangélicos, judeus, budistas, maometanos e mesmo aqueles que sinceramente não crêem, encontrássemos caminhos de convergência e respeito? (…) Lucimar Luciano de Oliveira – Rio“.
5) Aos 22/07/95, na mesma Secção “Deu no JB” foi publicada a seguinte carta:
“O padre Estêvão Bettencourt negou a criação do purgatório pelo papa Gregório I, em 593, inspirado no paganismo e tornado dogma, em 1439, pelo Concílio de Florença, como afirmei. (…) Baseou-se na desacreditada literatura apócrifa, que induz à crença no purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, etc., não encontrados na Bíblia Sagrada. (…) Jesus e seus apóstolos, em mais de 300 citações do Antigo Testamento, jamais se referiram aos apócrifos. O Mestre só nos fala de dois lugares: céu e inferno. (…) Moysés Magno Lima – Rio“.
6) Aos 29/07/95, também no “Deu no JB” se lia:
” O debate com o Sr. Moysés Lima a respeito do purgatório seria interminável. Desejo encerrá-lo com breve observação: o amigo, além de afirmar despropósitos sem os documentar, alega que o Novo Testamento não cita o 2° livro dos Macabeus, por isto tal livro não seria Palavra de Deus. Ora, é de notar que nem Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum são citados no Novo Testamento. Não obstante, os protestantes os têm como Palavra de Deus. Donde se vê que não é o fato de estar citado por Jesus e seus apóstolos que autentica um livro sagrado, e sim a Tradição oral, anterior à escrita e luzeiro para se interpretar a Palavra de Deus escrita. De resto, pergunta-se: em que passagem da Bíblia está dito que o catálogo sagrado compreende 66 livros e que cada um destes é inspirado por Deus? Já que não há resposta para esta questão, bem se vê que os protestantes não seguem apenas a Bíblia, mas também seguem a Tradição oral; ver Jo 20, 30-31 e 21, 25. Pe. Estêvão Tavares Bettencourt OSB – Rio“.
A propósito ver:
PR 353/1991, p. 443;
PR 361/1992, p. 265;
PR 371/1993, p. 154;
PR 376/1993, p. 400.
Curso de Escatologia (Novíssimos) da Escola “Mater Eclesiae”, Caixa postal 1362,
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