Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “aprender a lidar com o tempo”.
Um tempo atrás uma pessoa fez um comentário que achei bastante interessante. Ela disse que a faixa de idade dos 25 aos 35 é chamada de “turbo década”.
De fato, esse é um período de grandes definições: no campo afetivo, profissional, filhos, moradia etc. Não é de estranhar também que o nível de ansiedade das pessoas nessa fase seja altíssimo. Na verdade, o nível de ansiedade tem andado bastante alto em quase todas as faixas etárias.
E por que isso acontece? Porque muitas pessoas encaram a vida como “turbo”, “turbo década”, “turbo vida”. Tudo tem de ser já, agora. Não dá para esperar.
Isso me faz lembrar de umas palavras de um autor que me impactaram profundamente quando as li uns anos atrás:
“Ao procurar compreender as razões profundas pelas quais a sociedade atual tem tanta aversão ao sofrimento, parece-me válido afirmar que tais razões se encontram na perda da virtude da paciência: a capacidade de suportar as tensões intermediárias da vida.
Como foi justamente afirmado, se não me engano por Levinas, a sociedade moderna aprisionou-se numa opção sem saídas: bem-estar pleno ou a morte. Ou, em outras palavras, já não somos suficientemente fortes para suportar as tensões intermediárias.
De fato, impressiona-me cada vez mais a incapacidade de tantos, principalmente dos jovens (mas não só deles…), para aceitar tensões intermediárias:
– Um casamento não pode ter problemas: ou é maravilhoso, ou se desfaz;
– Um trabalho não pode ter suas dificuldades: ou é gratificante, ou muda-se de emprego;
– Uma amizade não pode ter momentos difíceis: ou é total, ou torna-se indiferença ou ódio; (…)
– Uma iniciativa empresarial não pode ser lenta em seu estabelecimento: ou abre caminho prontamente, ou é abandonada;
– Uma reforma – do tipo que for – não pode dar frutos a longo prazo: ou é mirabolante, ou imediatamente deve ser sufocada por uma reforma da reforma.
Poderíamos continuar exemplificando indefinidamente, mas penso que está claro o sentido do que quero dizer: não estamos mais habituados ao esforço, ao sofrimento das tensões intermediárias” (Adolfo Beria di Argentine, A Síndrome da Subjetividade).
Não saber sofrer as tensões intermediárias, querer que tudo seja já, agora, é não saber lidar com o tempo nem amá-lo.
O tempo não é um inimigo, é um amigo. Vocês já repararam que tudo o que é sólido nesta vida é fruto de um processo? O ser humano é feito de tal maneira que tudo o que constrói pouco a pouco se torna sólido. A solidez afetiva é construída pouco a pouco, assim como a solidez profissional, a solidez familiar etc. Por outro lado, tudo o que vem através de um clique, de uma varinha mágica, pode ruir a qualquer hora.
Amemos, portanto, o tempo. Como diz um autor:
“Para o homem paciente, o tempo não é nenhum inimigo, ainda que a muitos amedronte. Se o deixamos transcorrer pacientemente, cedo ou tarde o tempo nos traz tão somente coisas boas. É preciso amar o tempo com todas as suas lentidões, com as suas mudanças repentinas, sem o apressar, nem chorar, nem temer. O tempo molda-nos, faz-nos únicos, torna-nos pessoas. O amor verdadeiro, por exemplo, floresce pouco a pouco; tem necessidade de tempo, de orvalhos, de lágrimas e risos cotidianos; de horas escuras vividas em comum; de sucessivas revelações mútuas de fraquezas; de perdões oferecidos repetidas vezes. A pressa deita a perder muitos amores.”
Aprendamos a lidar com o tempo e amá-lo, e nossa vida se encherá de uma grande paz. A ansiedade ficará longe e seremos mais felizes. Vale a pena!
Uma santa semana a todos!
Pe. Paulo