Gostaria de falar esta semana sobre o sentido da vida.
Quem de nós já não fez esta pergunta: por que eu existo? Qual é o sentido desta vida?
Esta é uma questão simplesmente fundamental. É difícil entender como podem existir pessoas que vivam sem ter encontrado uma resposta a esta questão.
O vazio que muitas pessoas sentem, de modo permanente ou em alguns momentos da vida, se deve a não terem uma resposta a esta pergunta.
Faz lembrar aquela carta que escreveu numa ocasião um jovem de 22 anos para o seu psiquiatra, tendo tudo, mas ao mesmo tempo sentindo um profundo vazio na sua vida: “Tenho 22 anos, um diploma universitário, um carro luxuoso, e sou financeiramente independente. Além disso, tenho mais sexo e mais prestígio à minha disposição do que sou capaz de consumir. E agora encontro-me diante da pergunta: «Para que serve tudo isso?»
Até hoje não encontrei melhor resposta sobre esta questão do que a que nos ensina a doutrina cristã.
A doutrina cristã nos ensina que o homem foi criado por Deus (através ou não da evolução; através ou não do big-ben) para a máxima felicidade que podemos desejar: viver um dia com Ele, e para sempre, junto com todas as pessoas que o amam. Viver o amor máximo, o amor indizível, um dia com Ele, e para sempre, junto com todas as pessoas que foram em busca do seu amor.
E o que é esta vida na terra? Qual é o seu sentido?
É um tempo para desenvolvermos ao máximo o nosso amor a Deus (e ao próximo), e assim estarmos um dia preparados para viver o amor com Ele.
– por isso, se não estamos buscando o amor a Deus, se não estamos indo atrás de Deus, tudo fica sem sentido!
– por isso, as pessoas que trabalham loucamente, colocando todo o sentido da sua vida no trabalho, sentem um grande vazio!
– por isso, todas as pessoas que colocam o sentido da sua vida em buscar o prazer, sentem um grande vazio!
– por isso, todas as pessoas que são ricas, e colocam na posse das coisas materiais o sentido da sua vida, sentem um grande vazio!
– por isso, todas as pessoas que colocam no “status” o grande sentido da sua vida, sentem um grande vazio!
Neste sentido, é bonita a trajetória de Santo Agostinho, descrita no seu livro “As confissões” (vale muito a pena lê-lo) onde depois de procurar por anos e anos a felicidade no dinheiro, no prazer, na honra, vê um grande vazio em tudo isto e, por fim, descobre a Deus e cunha aquela famosa frase que cruza os séculos com uma validade extraordinária: “Criaste-nos, Senhor, para ti e nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em ti!”. Também compõe o famosíssimo cântico “Tarde te amei!”
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!
Tarde demais eu te amei!
Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!
Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.
Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.
Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.
Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira.
Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.
Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz…
Terminemos esta reflexão voltando à pergunta inicial: tenho um sentido para a minha vida? Será que ainda estou parecendo uma tábua que vai sendo levada pela enxurrada da vida? Por que acordo todos os dias? Por que me empenho tanto nas coisas: aonde quero chegar? Já descobri a Deus na minha vida? Vou atrás do seu amor com todas as forças?
Aprofundemos no sentido da vida e toda a nossa vida se encherá de um profundo sentido, onde cada minuto, cada segundo terá sabor de eternidade.
Uma santa semana a todos!
Pe. Paulo.