Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “o sentido da vida”.
Nunca me esqueço da primeira vez em que ouvi uma frase de Santo Agostinho que marcou profundamente a minha vida: “Criaste-nos, Senhor, para Ti e nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em Ti”.
Na época em que a ouvi, talvez lá pelos meus 13, 14 anos, essa frase deixou uma profunda impressão em meu coração, pois andava pensando sobre onde estava o sentido para esta vida.
Desde muito jovem, eu costumava reparar no rosto das pessoas para ver se eram felizes. E a verdade é que, de modo geral, percebia muitas vezes um vazio, quando não uma tristeza, em muitos rostos.
Nessa busca pelo sentido da vida, deparei com um livro de Julián Marias, intitulado “Felicidade Humana”. Li-o cheio de interesse para ver o que esse filósofo, já com certa experiência da vida, diria. O livro me ajudou a perceber que a resposta a essa pergunta não era tão simples nem definitiva, do ponto de vista humano.
Uma forte impressão também me causou o poema “Tabacaria”, de Fernando Pessoa. Nesse poema, o autor se surpreende com a quantidade de pessoas que “comem chocolates”, que vão em busca dos prazeres da vida, sem ter uma metafísica, uma razão mais de fundo para tudo isso.
Essa procura pelo sentido da vida culminou com o extraordinário livro de Santo Agostinho “As Confissões”. De um modo cativante, sincero e profundo, Santo Agostinho, que era um homem inteligentíssimo, vai descrevendo ao longo do livro a sua trajetória de busca da felicidade.
Sendo inteligentíssimo, brilhante, logo começa a experimentar a felicidade da fama. Com a fama vem o dinheiro. E, com o dinheiro, a possibilidade de desfrutar o prazer. Não sendo nada superficial, Santo Agostinho reconhece em tudo isso um profundo vazio. Essa busca dura anos e anos, até que aos 33 anos de idade descobre a Deus e escreve estas belíssimas palavras:
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!
Tarde demais eu te amei!
Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!
Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.
Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.
Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.
Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira.
Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.
Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz…
Onde está o sentido da minha vida? Será que já o encontrei? Por que acordo todos os dias, por que me esforço, me empenho, luto? Qual é o motivo de tudo isso? Se o sentido são razões humanas, ligadas a esta terra, de que vale tudo isso se um dia tudo acabará? Já percebi que a tríade famosa “dinheiro, fama e prazer” é uma tríade ilusória?
Cada vez mais me convenço de que esta famosa frase de Santo Agostinho é de uma enorme verdade: “Criaste-nos, Senhor, para Ti e nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em Ti”.
Não deixemos a questão do sentido da vida para depois, pois é a questão mais importante da vida!
Uma santa semana a todos!
Pe. Paulo