Sentido do prazer

Gostaria de falar esta semana sobre o sentido do prazer.

Saber qual é o sentido do prazer é uma questão fundamental na nossa vida. Há uma enorme confusão a seu respeito, tendo pessoas que o buscam acima de tudo e pessoas que o negam totalmente.

Numa definição bem simples podemos dizer que o prazer é a sensação que experimentamos ao realizarmos determinadas ações.

Em vista disto, cabe agora uma pergunta importantíssima: porque Deus nos deu o prazer?

Se olhamos com calma, veremos que todo prazer está associado a um bem. Ao prazer da comida está associado o bem da alimentação. Ao prazer da bebida está associado o bem da sede. Ao prazer da sexualidade está associado ao bem do amor e da procriação. Ao prazer da leitura, o bem do conhecimento, etc.

Se continuamos a olhar com calma, vemos que mais importante do que a sensação de prazer que determinadas ações provocam é alcançar o bem que está por trás destas ações. Assim, por exemplo, é mais importante a alimentação do que o prazer que determinado alimento provoca. Tanto é verdade que há alimentos que não são tão prazerosos, mas que são importantíssimas para nossa saúde.

Olhando para Deus, entendemos que Ele nos deu o prazer para buscarmos determinados bens que são importantes para nós. Assim o prazer está subordinado ao bem. O prazer possui um papel secundário. O bem é que é o mais importante.

O mais importante, por exemplo, é estudar e obter um diploma. Se eu tenho prazer para isto, eu agradeço. Se não tenho prazer para isto, eu me esforço para alcançar o bem, pois ele é o mais importante.

Vendo as coisas desta maneira, podemos concluir algo que é importantíssimo para a nossa vida: o prazer nunca pode ser buscado como o fim principal!!! O fim principal, o fim último das nossas ações deve ser sempre o bem. Buscar o prazer como o fim principal é perverter a sua ordem: o prazer deve ser visto, mais do que nada, como meio, como uma ajuda para alcançarmos um bem.

Para vocês verem que é uma perversão buscar o prazer como o fim principal, basta pensarmos num exemplo: comer, como fim principal, para sentir o prazer da comida.

Não é preciso dizer que se fizermos isto, nos tornaremos escravos da comida. É o que faziam os romanos, comendo até vomitar para continuar comendo mais. O que vocês acham de alguém que fizesse uma operação para comer e sentir o prazer de tudo o que quer e fazer um duto para a comida não ir para o estômago, mas para uma sacola plástica? Não seria uma aberração? No entanto, não seria uma aberração se o fim da vida fosse sentir o prazer. Mas, graças a Deus, como acabamos de ver o fim da vida não é sentir o prazer, mas alcançar os bens.

Neste sentido, podemos fazer agora umas perguntas:
– será que estou buscando o prazer como fim?
– já percebi que a felicidade humana não está no prazer, mas no bem?
– já percebi que se o ensinamento cristão estabelece umas regras para o uso do prazer, é porque ele não pode ser um fim buscado acima de tudo?
– já percebi que se uso do prazer da sexualidade como um fim, mesmo se for dentro do casamento (que é o que a Igreja ensina fundamentado no que dissemos acima), estou transformando a outra pessoa num objeto: num objeto de prazer. Já percebi que isto é uma manipulação?

O que acontece normalmente com os jovens com relação ao prazer? Por falta de maturidade, veem no prazer o sentido da vida. Buscando-o como o sentido da vida, o buscam como um fim: eis aí a sua destruição! A partir daí passam a estar um passo de se tornarem escravos do prazer.

Busquemos o bem acima da tudo e não o prazer. Este é o caminho da felicidade!!! Este foi o ensinamento de Cristo, onde o prazer nunca foi o fim principal para Ele.

Uma santa semana a todos!

Pe. Paulo

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