Caridade: não sermos irritadiços

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “caridade: não sermos irritadiços”.

Comentava em outra ocasião que a caridade é um verdadeiro desafio para nós, pois esse desafio pressupõe viver com pessoas que possuem defeitos, não há ninguém que não os tenha, e cujo modo de ser, muitas vezes, é bem diferente do nosso. Sendo assim, para vivermos a caridade, precisamos de uma boa dose de paciência e serenidade.

Um sinal claro de que não estamos sendo pacientes e serenos é quando nos tornamos irritadiços. A irritabilidade é um defeito de caráter que se caracteriza pela desproporcionalidade entre causa e efeito: a desproporcionalidade entre ser contrariado de alguma forma pelo próximo e o modo exagerado de reagir perante esta contrariedade. Não há dúvida que é um defeito pois faz tratar mal o próximo, cria um clima tenso no ambiente e desencadeia no próximo maus sentimentos e maus desejos.

Será que eu sou ou tenho sido uma pessoa irritadiça? Com que frequência eu estouro ou surto? Eu percebo o mal que esse defeito provoca nos outros? Percebo que, como Cristo ensinou, nós devemos ser semeadores de paz e de alegria e não de tensão e desarmonia?

É certo que algumas pessoas têm mais dificuldade de lutar contra a sua irritabilidade, pois ela é característica do seu temperamento. De fato, conheço pessoas excelentes, mas que têm o pavio muito curto. Parece que para elas a água está sempre a ponto de transbordar. É um traço do temperamento. Ou seja: elas já nasceram com essa característica. Não escolheram ser assim. Sabendo disso, nós precisamos compreender mais essas pessoas, pois a serenidade lhes será mais difícil. De nossa parte, devemos compreendê-las mais, mas elas, por seu turno, devem colocar todo o empenho para ir desbastando essa aresta do temperamento.

É certo também que há outras pessoas que não estão sempre a ponto de explodir, mas ficam assim em determinados momentos: numa fase de maior cansaço, de mais dificuldades e contrariedades, devido a uma doença como a enxaqueca, por exemplo, etc. Também estas pessoas não podem se justificar dizendo que estão cansadas, que estão com dor de cabeça, que estão enfrentando muitas dificuldades etc. É fato que, em circunstâncias assim, a serenidade fica mais difícil, mas elas devem também lutar com todas as forças para que esse defeito não se manifeste.

O que podemos fazer para sermos menos irritadiços? Algumas dicas:

a) rezar mais

A oração acalma a alma. E, pedindo ajuda a Deus, Ele nos atende.

b) ver se não estamos com o foco da vida centrado em nós

Se o foco da minha vida está centrado em mim, muitas coisas vão me contrariar. Por outro lado, se o foco da minha vida está centrado nos outros, em servi-los, amá-los, agradá-los, vou saber passar por cima mais facilmente diante das coisas que me contrariam.

c) ver se não estamos muito mimados

A pessoa mimada tem pouca capacidade de sofrer. Um homem ou uma mulher maduros carregam com garbo a sua cruz.

d) não deixar acumular as coisas que nos contrariam

Muitas coisas nos contrariam no dia a dia. Se não as identificamos logo e não sabemos olhá-las com os olhos de Deus, elas vão se acumular, e chegará um momento em que explodiremos, em que virá o extravasamento.

A explosão é sempre um processo de acúmulo, de pequenas contrariedades mal digeridas até que chega o extravasamento. Por isso, não devemos deixar que as contrariedades se acumulem. Devemos logo identificá-las e dar um remédio para elas. Por exemplo: vamos supor que, de um tempo para cá, alguém começou a contrariar tudo aquilo que dizemos, de tal maneira que agora já não conseguimos ser pacientes com essa pessoa, irritando-nos facilmente. Se não pararmos para refletir sobre o que está acontecendo e não colocarmos um remédio oportuno, cada comentário que esta pessoa fizer, iremos reagir de maus modos, pois a paciência “estourou”. Não deixar acumular a contrariedade é identificar logo o que está acontecendo e enxergar este fato com os olhos de Deus. Se enxergarmos com os olhos de Deus, veremos que Deus primeiro tentará compreender esta pessoa, saber por que está nos contrariando, se ficou chateada com algo que lhe dissemos, se está cansada, se está faltando que lhe demos mais carinho etc. Depois Deus, com todo carinho e paciência, rezará e esperará a mudança desta pessoa com relação a esta atitude. É assim que devemos fazer para não deixar as contrariedades se acumularem. Assim, diante de cada pequena contrariedade colocaremos o remédio adequado e estaremos sempre em paz.

Que essas ideias nos ajudem a sermos cada vez menos irritadiços e que realmente sejamos em qualquer ambiente semeadores de paz e de alegria.

Uma santa semana a todos!

Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.

 

Sobre o autor