A alegria do comprometimento

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “a alegria do comprometimento”.

Nunca me esqueço do dia em que, morando em Roma, fui visitar a igreja de San Pietro in Vincoli. Lá há uma famosa estátua de Moisés, feita por Michelangelo. Mas não foi essa estátua que me impressionou fortemente. Foram as correntes que prenderam o primeiro papa, o apóstolo Simão Pedro, quando ele esteve confinado em Roma. Essas correntes estão guardadas como uma relíquia nesta igreja e ficam debaixo do altar. Próximo delas há uma inscrição que diz: “Vínculos que libertam”.

Quando bati os olhos nessa inscrição senti o impacto de uma profunda verdade. Disse no meu interior: “que frase tão curta, tão paradoxal, e tão verdadeira; é isso mesmo, são os vínculos que libertam!”

Todos nós temos uma forte tentação de achar que nossa felicidade está na liberdade total, em não ter vínculos: fazer o que bem entender em qualquer momento. Não depender de nada nem de ninguém. Dar vazão às nossas paixões e emoções. Lembro-me de um rapaz que era a personificação dessa atitude, pois dizia ter aprendido a não se comprometer com os convites que seus amigos lhe faziam, porque na última hora sempre aparecia algo melhor. Esse rapaz só queria pensar em si, em não ter vínculos, ser livre, para poder satisfazer as suas paixões momentâneas. Sem perceber estava preso, vinculado ao seu egoísmo. Sempre estamos atados, vinculados a algo. E a atadura ao egoísmo, às paixões, não libertam, mas escravizam.

Dar vazão às paixões, às emoções de cada momento, é uma forte tentação humana, porém é o caminho mais curto para terminar a vida no mais pleno vazio.

O ser humano não foi feito para dar vazão às suas paixões. Quando se dá vazão às paixões, não se constrói nada, e o ser humano foi feito para construir, edificar. A maior alegria para um ser humano é, ao terminar a vida, olhar para trás e ver tudo o que construiu ao longo da jornada: a família que formou, os filhos que criou, as amizades que alimentou, os trabalhos que realizou, o bem que fez aos outros etc.

E como se constroem essas coisas? Comprometendo-se, vinculando-se. Comprometendo-se com uma esposa, com um marido, para formar uma família; comprometendo-se com os amigos; comprometendo-se com uma empresa no trabalho; comprometendo-se com Deus etc. O compromisso constrói, e o construir, o edificar, preenche o nosso coração, enche-nos de alegria. Aí entendemos que são compromissos, vínculos o que liberta. Sem vínculos, sem compromissos, não se chega a lugar nenhum nessa vida. A libertinagem, que é viver sem compromissos, é, como dizia um santo, “costurar sem linha”: mover-se de um lado para o outro para, no final, não ficar nada.

Como entender isso é importante para nós!!!

É preciso dizer essa verdade para nós e para aqueles que:
– vão adiando o casamento porque não querem largar a “vida de solteiro”;
– estão casados e, de repente, querem viver uma “vida de solteiro”;
– fogem de todos os compromissos com medo de “perder” sua liberdade, explicando-lhes que vão justamente encontrar a sua plena liberdade comprometendo-se com coisas valiosas;
– vivem dando vazão ao seu egoísmo e não sabem se comprometer com os outros;
– se contentam em se comprometer com sua família, com seu trabalho, com seus amigos e não querem se comprometer com mais nada como, por exemplo, uma causa social para ajudar essa multidão de pessoas carentes que há no mundo etc.

E qual é o vínculo que mais liberta? O vínculo com Deus!!! É nesse vínculo que vamos encontrar a plenitude da liberdade e da felicidade. Experimentem!!!

Uma santa semana a todos!

Padre Paulo 

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