A força da vocação

Olá todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “a força da vocação”.

Uma das coisas mais importantes da nossa vida é saber qual é a nossa vocação, qual é a missão que Deus encarrega para cada um de nós aqui na terra. Se sabemos qual é esta missão ou vocação, passamos a contar, entre outras coisas, com uma força inacreditável para vencer todos os obstáculos que possam surgir na nossa vida. É o que diz o texto abaixo:

Não podemos imaginar, se não o experimentarmos, a mudança que pode operar-se em nossa personalidade quando nos deixamos possuir até a medula pelo imperativo de uma missão divina.  É como se a mais forte motivação nos empurrasse, como se de lá, do nosso futuro, partisse um braço de ferro que nos levantasse de todos os desânimos: nos sentimos como que arrastados por uma avalanche de força avassaladora para superar o último obstáculo e vencer nossa última batalha.


Nietzche escrevia: “quem dispõe de um porquê é capaz de suportar qualquer como”.  Diria que este pensamento, que tão a fundo explica a realidade do comportamento humano, é válido especialmente quando se tem consciência de que o porquê coincide com a razão de ser da nossa vida, ou seja, com o desígnio de Deus sobre cada um de nós.  Então sabe-se suportar qualquer como, qualquer forma sob a qual se encobre a vontade de Deus; ainda que seja esta a monotonia dos dias iguais, as cargas do trabalho, as contrariedades e as dores.


Quando (…) sentimos o chamado de Deus para algo maior (…) levantamos o voo nas asas de nossa vocação e esta termina protegendo-nos como uma couraça: nela encontramos sossego, novos motivos de luta; nela se renova nosso ânimo e até parece que nos agigantamos ante os obstáculos, e nos alargamos no meio das dificuldades como as pupilas se dilatam na noite.

(…) Que importante é que, quando cheguem os desânimos e os quebrantos, exista algo muito superior a qualquer carga, sofrimento ou pena; algo que nos diga lá no fundo: todos esses trabalhos, labutas e dificuldades sofridos por esse ideal, realmente, valem a pena, mil vezes valem a pena.

É impressionante ver a história de São Paulo. Depois que Jesus apareceu a ele no caminho para Damasco e recebeu de Jesus um chamado a evangelizar, não havia mais nada que o podia deter.  Foi perseguido, caluniado, apedrejado. E, todavia, mantinha-se seguro, constante.  Mais ainda, vibrante. No meio de suas tribulações sentia que a alegria, como um rio inflamado pelo temporal, transbordava em seu coração…  Existia nele uma força sobre-humana.  É a força da vocação.  É a energia da graça vocacional: da ajuda com que Deus acompanha nosso empenho por cumprir a missão por Ele a nós confiada.  Uma força que renova o ânimo em meio das naturais depressões e debilidades de nossa condição humana.


(…) Homens sem consciência de vocação:  homens de futuros mortos.  Essa dimensão do homem que o arrasta a crescer, a progredir, a “ser mais”, está apagada neles. O futuro está mudo.  Não os chama.”  Não existe para eles um incentivo fora da realidade opaca do dia a dia.  Não há motivação.  Um homem assim é, enquanto não mude, um caso perdido.


Quem está entregue a si mesmo e não à sua missão é um homem à deriva: ai daquele que não se sinta convocado!; ai daquele que não tenha encontrado ainda essa nobre paixão pela qual vale a pena lutar e vale a pena morrer!


(…) Levanta a cabeça!  Olha a Deus.  Escuta o que Ele tem que dizer-te. Deixa-te interrogar por Ele para saber o que tu deves dar ao mundo, aos outros e a Deus. (…) Ama a missão que Ele te confia.  Apaixona-te por ela.  Deixa-te transportar por sua força como a corrente do rio transporta em suas costas a barca e seus apetrechos para o mar!
(Rafael LLano Cifuentes, Deus e o sentido da vida).

Compreendo cada vez mais que é a falta de conhecimento do que Deus quer para nós nessa vida que explica as famosas crises dos 30 anos, dos 40, dos 50, dos 60, dos 70 etc. Uma pessoa que não sabe qual é o grande motivo da sua vida, qual a sua missão, a sua vocação, é uma pessoa perdida, sujeita a crises e mais crises existenciais.

Descobrir a vocação é um processo. Levemos esse tema com frequência à nossa conversa com Deus e veremos como Ele, sem que tarde muito, nos mostrará qual ela é. Sugiro uma breve oração para descobri-la: “Senhor, que eu descubra a minha vocação, Senhor, que eu a cumpra”!

Uma santa semana a todos!

Padre Paulo 

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