Gostaria de falar esta semana sobre a importância da formação cultural.
Sobre este tema, achei muito interessante um artigo que foi publicado numa ocasião num jornal. Dizia assim:
Já viu no jornal esses anúncios de imobiliária, desses grandes, com planta de apartamento mobiliado?
– tem varanda com espreguiçadeiras e às vezes piscininha.
– e conjunto de sofá e poltronas, com tapete e casal de abajures.
– adiante, a mesa de jantar, com suas cadeiras – seis, no mínimo – e cristaleira.
– corredor a dentro, as suítes, cada uma com seu banheiro e, claro, a TV de plasma…
O desenhista, o publicitário e o incorporador nada esqueceram: para ganhar seu honesto dinheirinho, oferecem todo o conforto com que sonha o brasileiro… e mais: lá fora, a sauna, a quadra de tênis, a sala de ginástica, a guarita dos seguranças.
Atenção, teste: o que está faltando?
Se você não sabe, fica provado que os autores do anúncio conhecem sua alma, seus prazeres e suas necessidades: uma estante não lhe faz falta alguma. Porque você, brasileiro, não lê. Pelo menos, não o bastante para precisar de estantes. Nem mesmo uma prateleira. Quem gosta de ler ama ter livros por perto, para olhar, folhear, às vezes só para saber que estão ali – a postos para qualquer emergência…
(…)
Há muito tempo, existia uma anedota. Amigo um diz para amigo dois:
– “Vou te dar um livro no Natal”. Amigo dois:
– “Não preciso, já tenho um”.
Hoje isso não é piada. Umas dezenas de anos atrás, desembarcamos no apartamento de um novo-rico famoso. Bisbilhotando, descobrimos o escritório do homem, com paredes cobertas de livros. Olhando de perto, vimos que eram falsos: tudo madeira pintada. Na época, achamos ridículo. Hoje, não sei não. Pelo menos aquele nosso anfitrião achava importante fingir que lia.
Penso que as palavras deste artigo nos fazem pensar na importância que temos dado à formação cultural.
Com uma excelente formação cultural:
– nossa personalidade se torna mais sólida e equilibrada (grande parte das inseguranças, tensões e ansiedades das pessoas é fruto da sua pobreza cultural, de ter apenas a experiência da sua vida pessoal e de poucas mais, ao passo que quem lê bastante vai adquirindo as experiências, as visões de mundo de cada autor, e assim vai ganhando uma certeza nas questões fundamentais desta vida: o que é ser feliz, onde está a felicidade, qual é o sentido desta vida, qual é o sentido do amor, da família, do trabalho, etc., etc.);
– conseguimos saborear melhor uma obra de arte, uma música, a beleza da natureza criada por Deus, dando-nos assim uma maior riqueza de vida;
– servimos melhor a Deus;
– entendemos melhor os seus ensinamentos e sabemos explicar com maior profundidade a doutrina cristã, etc.
Quantas pessoas encontramos hoje que são extremamente frágeis!!! Frágeis de personalidade e frágeis espiritualmente. E não é verdade que grande parte desta fragilidade se deve à superficialidade cultural e doutrinal? Estas pessoas são como Cristo dizia: “canas agitadas pelo vento!” (Mt 11, 7).
Neste sentido:
– tenho lido livros de literatura e livros que me fazem pensar?
– tenho uma preocupação de ter uma excelente formação cultural e doutrinal?
– percebo que a formação cultural e doutrinal me ajuda em todos os aspectos da minha vida: espiritual, profissional, humano, etc?
– quantos livros culturais li no ano que passou?
Tenhamos todos como modelo Jesus Cristo que causava admiração com as palavras que saíam da sua boca. A formação cultural e doutrinal nos dará uma personalidade mais rica e equilibrada e assim poderemos ser mais felizes e servir melhor os outros.
Uma santa semana a todos.
Leitura recomendada para a formação doutrinal cristã: “A fé explicada”, de Leo Trese, Ed. Quadrante.
Pe. Paulo
