Gostaria de falar esta semana sobre uma virtude anexa à caridade que é a virtude do acolhimento.
É a virtude que nos leva a aconchegar as pessoas quando as vemos.
Foi o que faltou a Jesus na casa de Simão, o fariseu. Simão recebeu Jesus na sua casa, mas não ofereceu a Ele toda a acolhida que era costume a um convidado: não lhe deu o beijo de boas-vindas, não ofereceu água para lavar os seus pés, não ungiu a sua cabeça com óleo, etc. S. Lucas, no seu Evangelho, mostra que Jesus sentiu falta de todos estes pormenores de carinho.
De fato, é natural que sintamos falta destes pormenores de carinho, porque quando acolhemos alguém é como se estivéssemos dizendo a ela: “que bom que você existe!”, “que bom que você chegou”, “que bom que você está aqui!”, “você me dá alegria, dá sentido à minha vida!”, “você é único, irrepetível e tua presença faz diferença na minha vida!”
Podemos dizer também que, além de uma manifestação da virtude da caridade, o acolhimento é fruto da admiração e da alegria de ver uma pessoa humana. Por que uma pessoa humana, que passa ao nosso lado, desperta alegria e admiração, desperta o desejo de festejá-la ao vê-la? Porque ela é filha de Deus, imagem de Deus. Por isso, o acolhimento é muito cristão: nos leva a acolher da melhor forma possível qualquer criatura, seja mais bonita ou menos bonita, mais inteligente ou menos inteligente, pelo fato de ser imagem e semelhança de Deus.
Apesar de tudo isto, quem de vocês já não se sentiu, como costumo dizer, “como um poste”! Esta é a sensação que temos quando alguém conhecido passa do nosso lado e não nos cumprimenta, não nos dá um alô, umas boas-vindas.
Esta sensação de falta de acolhimento, de indiferença por parte de quem passa do nosso lado, muitas pessoas a experimentam em maior ou menor grau. Qual deve ser o nosso propósito: que ninguém sinta a frieza da indiferença! Que tenhamos um coração grande, muito grande, para acolher sempre e com todo o amor todas as pessoas! Que tenhamos um coração grande para “fazer festa” quando vemos alguém conhecido.
De modo positivo:
– tratar todas as pessoas “como se fossem uma joia preciosa”
– tratar todas as pessoas “como se fossem a pessoa mais querida do mundo”
– tratar todas as pessoas “como gostaríamos que tratassem a nós: como um rei ou uma rainha”
De modo concreto:
– cumprimentar as pessoas
– sorrir ao vê-las
– se possível: cumprimentá-las entusiasticamente
– dependendo da situação: querer que se sentem, oferecer uma água, um suco
– combater a pressa: que nos leva a não dar a atenção que as pessoas merecem
– combater o egoísmo: de mal olhar para as pessoas porque estamos centrados em nós
– combater a frieza: do nosso egoísmo, do nosso temperamento
– equacionar o aproveitamento do tempo com o acolhimento: não podemos passar o dia acolhendo e conversando com as pessoas e não podemos passar o dia mergulhado no trabalho sem dar atenção às pessoas; precisamos trabalhar, mas precisamos também dar o acolhimento que Cristo daria às pessoas
Acolher é amar. E, portanto, acolher é fazer os outros serem felizes e fazer-nos felizes. Percorramos esta estrada em todos os momentos da nossa vida.
Uma santa semana a todos!
Pe. Paulo.