Conflitos matrimoniais

Gostaria de falar esta semana sobre os conflitos matrimoniais (e nas relações em geral).
Podemos resumir todos os conflitos matrimoniais à seguinte encruzilhada no casal: não estarem de acordo em algum ponto ou em vários pontos. Em outras palavras podemos dizer que os conflitos matrimoniais se dão pelo conflito de razões: um diz ter razão (em fazer aquele plano, fazer aquela compra, tomar aquela decisão, ter aquela atitude, etc.) e outro que diz que ele ou ela não tem razão.
O que podemos dizer a este respeito?
1. A divergência de ponto de vista sempre existirá: isto é assim porque somos diferentes.
2. Em quaisquer que sejam as divergências, um princípio básico da relação matrimonial é que o primeiro bem a ser procurado, onde todos os outros ficam em segundo lugar, é a unidade, a união entre os cônjuges. Em outras palavras, o princípio básico e fundamental da convivência matrimonial é este: “tudo pela união!”
2. Nas divergências que ocorrem entre os cônjuges, algumas delas, em casos bem raros, diria 1%, estarão em jogo questões gravíssimas. Nestas, de fato, não se pode ceder.
3. Em outros casos, diria que 4%, as questões não são gravíssimas, mas são graves. Nestas, haverá casos em que se pode ceder.
4. No restante dos casos, diria 95%, as questões não tem tanta transcendência.
Nestes casos, deve prevalecer, sem nenhuma dúvida o princípio de “tudo pela união” e se costuma dizer que a pessoa melhor, a pessoa mais generosa, deve ceder. Não vale dizer que o outro cônjuge é o melhor, é o mais generoso. Nós é que temos que assumir ser o cônjuge mais generoso.
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Tendo em vista estas considerações, podemos dizer o seguinte:
1. Não há conflito matrimonial se se sabe ceder em favor do outro. Como há poucas questões gravíssimas que aparecem na vida do casal, a atitude de ceder deve ser muitíssimo frequente. Isto é assim, pois a maior parte das questões são opináveis, pode-se tanto ir para um lado como para o outro.
2. Ver se não há algum defeito que está nos impedindo de ceder: egoísmo (buscar a satisfação do seu gosto, da sua vontade), orgulho (gera a tirania, gera o braço de ferro, a má competição com o outro cônjuge), insegurança (gera, entre outros defeitos, o ciúme doentio), apego às coisas terrenas, perfeccionismo (querer que o outro cônjuge seja perfeito, esteja num nível muito alto de virtude), etc.
3. O amor avança quando ambos estão continuamente vendo qual é o próximo ponto que podem ceder. Combinar frequentemente com o outro cônjuge: “então eu vou ceder nisto e você vai ceder neste outro ponto”.
4. O amor emperra quando ambos ou um dos dois param de ceder, acham que não tem nenhum ponto que ceder.
5. Saber valorizar o pequeno esforço que o outro cônjuge faz para ceder, para melhorar.
6. A lógica do amor é também a lógica de agradar o outro cônjuge, fazer coisas que o outro cônjuge vai adorar. Este lado positivo do amor nunca pode parar. Talvez por isso, pela sua falta, se caia no lado negativo da relação: os conflitos.
7. Ajuda muitíssimo a oração, a união com Deus. A oração nos eleva, nos faz respirar o ar puro das alturas, nos leva a sair do ar poluído da superfície terrena, nos leva a olhar os problemas do alto da montanha e no alto da montanha tudo que está lá em baixo é bastante pequeno, não é aquele monstro que parecia quando estávamos ao rés da terra.
Uma santa semana a todos!


Pe. Paulo

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