Conhecimento próprio

Gostaria de falar esta semana sobre o conhecimento próprio.

Vocês já repararam como somos especialistas em apontar os defeitos alheios! Se nos pedissem, seríamos capazes de escrever páginas e páginas, com todos os pormenores.

Por outro lado, os nossos defeitos, quase não existem!

Será isto verdade?

Logicamente que não! Entre a “impressão sobre nós” e a “realidade sobre nós” há uma longa distância. Como diz o ditado, “o melhor negócio do mundo seria comprar as pessoas pelo que elas realmente valem e vendê-las pelo que elas pensam que valem”.

Por que as pessoas se conhecem tão pouco, não só no que diz respeito aos seus defeitos, mas também com relação às suas qualidades?
– porque não estão habituadas a refletir sobre si próprias
– porque não estão preocupadas em refletir sobre si próprias
– porque o orgulho lhes impede de ver os seus defeitos

Não é preciso dizer como isto não é nada bom. Quem não se conhece se assemelha a uma empresa que não se abre para uma consultoria: caminha aos trancos e barrancos, e nesse caminhar vai trombando com muita gente.

Como conhecer-nos melhor? Aí vão algumas dicas:

a) habituar-se a fazer um “exame de consciência” todos os dias antes de deitar

– neste exame, passar um filminho do dia, vendo o que fizemos de bom, o que fizemos de ruim, o que poderíamos ter feito melhor
– bastam três minutos

b) habituar-se a “dar ouvidos ao que as pessoas dizem de nós”

– talvez este seja um dos pontos mais importantes!
– porque quanto maior é o orgulho, maior é a carapaça; quanto maior é o orgulho, maior é o fechamento sobre o que os outros dizem de nós; para o orgulhoso, só ele tem razão
– ouvir o que os outros têm a dizer sobre nós!
– desconfiar da nossa própria opinião
– não é verdade que os outros têm sempre razão; mas também não é verdade que nós sempre temos a razão
– como dizia Santa Teresa, a humildade é a verdade; o humilde consegue ver a verdade sobre si mesmo, sem tirar nem pôr

c) habituar-se a “ouvir o que Deus tem a dizer sobre nós”

– Deus nos fala continuamente e nos mostra nossos erros e nossos acertos, ajudando-nos a conhecer a realidade sobre nós mesmos
– abrir-nos à sua voz
– perguntar a Deus, sem medo, quem nós somos: nossas qualidades e nossos defeitos

Que grande bem é conhecer-nos a nós mesmos! Pois:
– sabendo quem nós somos, podemos lapidar a nossa personalidade para que vá se parecendo cada vez mais com nosso modelo: Jesus Cristo
– nos tornamos abertos às correções dos outros, concordando muitas vezes com o que nos dizem, suavizando enormemente a convivência
– encontramos a paz ao não criar uma imagem idealizada de nós mesmos

Como dizia Jesus Cristo, “a verdade vos fará livres!”. Esta afirmação se aplica a toda verdade e, inclusive, à verdade sobre nós mesmos. Empenhe-mo-nos continuamente nesta tarefa e experimentaremos esta liberdade extraordinária prometida por Cristo.

Uma santa semana a todos.

Pe. Paulo.

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