Homossexualismo: homofilia

(Revista Pergunte e Responderemos, PR 099/1968)

«Devemos considerar com benignidade os nossos ir­mãos homossexuais ou homófilos. Quem sabe se a natureza não os dotou de um terceiro sexo?»

Nos últimos tempos o homossexualismo tem sido estu­dado sob vários aspectos. Abaixo proporemos o respectivo pro­blema e os novos princípios de solução que vêm sendo apre­goados com grande perplexidade para o público. A seguir, pro­curaremos proferir um juízo sobre o assunto.

As considerações abaixo tomam como ponto de partida os es­tudos apresentados pelo livro «Homosexualité», Paris 1987. Esta obra deve-se à colaboração de quatro autores holandeses – Overnig, Kem­pe, Vermeulen, Ruygers -, que, como médicos e professores, refe­rem experiências e reflexões realizadas na «Associação Católica Ho­landesa de Saúde Espiritual» no decorrer de alguns anos de traba­lho com pacientes homossexuais.

1. O problema

1. Por «homossexualismo» entendem-se o comportamen­to, as atitudes e os sentimentos de homens e mulheres que em sua vida sexual e afetiva são orientados para pessoas do mes­mo sexo. Os indivíduos que se dirigem ao sexo diferente do seu, são ditos «heterossexuais». Já que as palavras «homos­sexualismo» e «homossexual» têm freqüentemente sentido pe­jorativo, preferem alguns autores modernos (dos quais vários são homossexuais) substituí-las por «homofilia» e «homófilo» (hómos=igual; philia=amizade; phílos=amigo, em grego).

– O homossexualismo, entre as mulheres, é dito «lesbismo».

2. Quanto à freqüência dos casos de homossexualismo, julgam os autores que na Holanda atinge um setor que vai de 2% a 6% da população do país. Tomando-se como hipótese a média de 3%, conclui-se que na cidade de Amsterdam, que conta 800.000 habitantes, há 24.000 homossexuais. Nos Países-Baixos, cuja população é de 10.000.000 de almas, haveria cerca de 300.000 homófilos. Avaliando-se em 30% o número de católicos holandeses, deve-se dizer que existem 100.000 ho­mossexuais católicos na Holanda e que, numa paróquia de … 4.000 almas, o pároco deve contar 120 homossexuais entre os seus paroquianos.

3. As causas do homossexualismo têm sido atentamente estudadas por biólogos, médicos, psiquiatras, sociólogos, mas ainda não podem ser indicadas com precisão.

Admite-se que em alguns casos o homossexualismo seja congênito: há, segundo Kallman, fatores de hereditariedade biológica capazes, em certas circunstâncias, de produzir tal

fe­nômeno.

É reconhecida principalmente a influência de causas psi­cológicas: segundo Thompson, torna-se cada vez mais claro que o homossexualismo não é problema de base, mas um epi­fenômeno ou um dos aspectos da neurose. Seria comparável à dor de cabeça que acompanha diversos tipos de doenças: pode ser provocada por emoções, gripe, má digestão, tumor no cérebro, etc. Uma vez curada a doença, cessa a dor de ca­beça. Algo de análogo se daria com o homossexualismo: re­sultaria do temor para com o outro sexo, do medo das res­ponsabilidades, do desejo de se rebelar contra a autoridade, da dificuldade de ter contatos heterossexuais, de uma evasão da realidade, etc. Uma vez extirpados estes males de base psíquicos, cessaria a tendência homossexual do indivíduo.

A sedução ou perversão tem sido apontada como elemento influente na provocação do homossexualismo. Na verdade, seus maus efeitos são inegáveis, mas só se tornam decisivos nos sujeitos que já tenham certa predisposição homossexual.

Em suma, parece que fatores biológicos (predispositivos), fatores psíquicos e influência do ambiente se complementam mutuamente para explicar o surto do homossexualismo em determinado indivíduo. É, porém, muito difícil descer a afir­mações minuciosas nesse terreno.

4. Dizem os especialistas que é aos poucos ou na medida em que o indivíduo vai tomando consciência de si, que ele des­cobre ser homossexual; verifica que é diferente das outras criaturas humanas – o que lhe causa a dolorosa impressão de ser solitário. Há pessoas homossexuais que aceitam e afir­mam esta sua condição, superando de certo modo a sua crise interior. Outras, ao contrário, recusam e ocultam a sua situa­ção aos olhos da sociedade, por isto caem em estado de per­manente conflito interior e profundo sofrimento.

Em vista das angústias de numerosos indivíduos homos­sexuais, os médicos e moralistas contemporâneos têm-se es­forçado por mitigar a sorte de tais pessoas; têm reconsidera­do o problema, procurando ser mais e mais compreensivos para com eles. Em conseqüência, nos últimos anos empenha­ram-se por obter da sociedade um estatuto legal e o reconhe­cimento benévolo do fenômeno homossexual. Há quem julgue que se trata de um «terceiro sexo, ao qual se devem atribuir direitos oficiais, até mesmo o de contrair amizades (com con­tatos sexuais) ou matrimônios homossexuais. Certos autores estimam que, caso se declare lícito e publicamente reconheci­do o homossexualismo, este fenômeno diminuirá de vulto.

Tais considerações levaram o grupo de médicos, pasto­res e moralistas da «Associação Católica Holandesa de Saú­de Espiritual» a propor as seguintes normas para o trata­mento pastoral dos homossexuais:

1) Nunca, sob pretexto algum, se deve destruir uma amizade (homossexual) existente.

2) É preciso absolutamente afastar o casamento como solução ou cura possível.

3) É necessário não perder de vista que a continência, a via ré­gia, não é, para o homófilo, algo que se entenda por si. Na verdade, ela constitui uma exceção.

4) Parece, pois, oportuno ajudar o homófilo a estabelecer uma relação de amizade estável.

5) Parece importante, para quem tem a responsabilidade de se­guir a evolução de uma tal amizade, que preste particular atenção à fidelidade.

Tais normas foram transcritas do citado livro «Homosexualité» pág. 196.

Como se compreende, causaram surpresa no público, pois vão de encontro aos princípios mais fundamentais da ética na­tural e da moral cristã. Donde surge a pergunta:

2. Que pensar a respeito?

1. As tendências dos médicos e pastores mencionados re­velam senso humanitário e desejo de socorrer ao próximo so­fredor. Não resta dúvida de que o homossexual padece profun­damente por se sentir diferente dos seus irmãos e destinado, por isto, a levar vida isolada. É necessário, pois, que pastores de almas e médicos pensem em aliviar e mesmo resolver o seu aflitivo problema. Todos os que assim procedem, são dignos de louvor e estímulo, dada a boa intenção que os move.

Contudo as normas que na Holanda foram traçadas para atender ao problema homossexual parecem ultrapassar os li­mites do que é lícito. O público que as repeliu, não pode ser tachado de desumano ou mesquinho (aliás, os próprios au­tores desses princípios não os quiseram propor em termos defi­nitivos). Com efeito, tais normas supõem aproximadamente o seguinte modo de pensar: «Tomemos o homossexualismo com suas tendências e seus fenômenos como um fato consu­mado ao qual se devem acomodar o pensamento e a conduta da sociedade ou dos homens ditos heterossexuais. Esse fato tem de ser reconhecido simplesmente porque é um fato. A Moral deve adaptar-se a ele ou, em outros termos, deve ser julgada pelo fato homossexual, e não vice-versa». Esse tipo de pensamento reflete nitidamente a chamada «Ética da si­tuação», ética para a qual não há princípios perenes a indicar o bem e o mal; ao contrário, as categorias do bem e do mal seriam deduzidas das situações concretas em que se encontre o ser humano. A «pastoral» ou a cura de almas conceberia normas independentemente da Moral, e a esta ficaria a tare­fa de as justificar.

Ora a ética da situação, relativista como é, não se con­cilia com a consciência natural do gênero humano nem com a moral cristã. O bem e o mal não são categorias que o ho­mem possa estabelecer a seu bel-prazer, mas que ele aceita, auscultando a sua natureza. As conclusões da lei natural po­derão ser duras, exigindo por vezes domínio do homem sobre si mesmo; todavia serão sempre salvaguarda da dignidade hu­mana; caso o homem recuse seguir a disciplina severa para dizer «Sim» a todas as suas tendências, não poderá deixar de degradar-se.

Então como julgar o homossexualismo?

2. Do ponto de vista científico, isto é, fisiológico e psico­lógico, o homossexualismo é anormalidade. Não se pode dizer que represente o «terceiro sexo». Enquanto um número rela­tivamente exíguo de autores modernos defende esta tese, a maioria considera o homossexualismo como um desvio ocor­rente na ordem natural das criaturas. Sem dúvida, pode ser o resultado de uma disposição patológica, a qual não supõe culpa da parte do sujeito.

O próprio Prof. S. Ruygers, que faz parte da equipe de peri­tos holandeses atrás citada, rejeita com bons argumentos a tese do «terceiro sexo».

3. Do ponto de vista moral, deve-se dizer o seguinte:

a) objetivamente falando, o homossexualismo é digno de repulsa, pois contradiz à lei natural. O Criador fez dois sexos para que se complementem mutuamente; a vontade de Deus, à qual o comportamento humano se deve conformar, expri­me-se por esta disposição da natureza.

A Escritura Sagrada condena o homossexualismo, quan­do apresenta o caso de Sodoma: os habitantes desta cidade qui­seram apoderar-se e abusar de dois peregrinos que lá se ha­viam hospedado em casa de Lote; o Senhor Deus então des­truiu ostensivamente a cidade de Sodoma pelo fogo (cf. Gên 19,5. 12s).

São Paulo, por sua vez, via no homossexualismo desabri­damente praticado pelos pagãos um castigo que sobre eles re­caia por praticarem o culto dos ídolos:

«Deus os entregou à impureza, de acordo com os desejos de seus corações, a ponto de desonrarem entre si os seus próprios cor­pos aqueles que trocaram pela mentira a verdade divina e que ado­raram e serviram à criatura, desprezando o Criador, que é bendito para sempre. Amém!

Por este motivo Deus os entregou a paixões infamantes. Suas mulheres trocaram as relações naturais por aquelas relações que são contra a natureza. Do mesmo modo, também os homens, abandonan­do o uso natural da mulher, abrasaram-se em desejos uns para com os outros: homens praticando torpezas com homens. E assim rece­beram em si mesmos a retribuição devida a suas aberrações» (Rom 1, 24-27).

Veja-se também a condenação do homossexualismo em Lev 18, 22; 20, 3; Dt 23, 17.

Tais dizeres bíblicos parecem manifestar suficientemente que o Livro Sagrado reprova o homossexualismo como tal.

b) Subjetivamente falando, deve-se reconhecer que nem todos os casos de homossexualismo, nem todos os atos homos­sexuais são gravemente culpados. A obsessão patológica que por vezes motiva tais atos, pode atenuar a liberdade ou a responsabilidade de quem os comete. É a ponderação deste fa­tor que leva muitos pensadores a considerar os homossexuais mais como vítimas que necessitam de benevolência e trata­mento médico, do que como prevaricadores e réus; é em vista desta nova maneira de ponderar o problema que propõem novo estatuto social para os homossexuais.

Deve-se, porém, dizer que, embora nem todos os atos ho­mossexuais sejam tão culposos quanto parecem, eles não po­dem ser reconhecidos ou legalizados. Não se deve pretender amenizar a sorte de uma vítima do homossexualismo, confir­mando-a em sua tendência anormal e dando-lhe os meios de continuar a praticar a hemofilia. Tal solução redundaria em afronta à lei natural e à sociedade; seria uma concessão «ele­gantemente» feita à imoralidade, concessão que mancharia a dignidade do ser humano. Além disto, equivaleria a acovar­dar uma pessoa que, com esforço próprio e colaboração alheia, talvez conseguisse levar uma vida mais próxima do teor nor­mal e mais feliz. A oficialização do homossexualismo, em vez de beneficiar os pacientes, poderia confirmar muitos deles numa situação de vida de que talvez se pudessem libertar se a sociedade (ou um amigo) os ajudasse a tanto. Por isto o papel do autêntico médico e do pastor de almas consistirá, antes, em tudo fazer para que o irmão homossexual seja me­nos vítima de sua tendência anormal e assim mais se possa integrar na sociedade humana.

Imagine-se um contador que cometa algum erro em seus cálcu­los. Talvez não mereça ser acusado de culpa moral; ao contrário, precisará de ser apoiado e estimulado para que trabalhe com mais perícia. Não obstante, o erro que tiver cometido deverá ser tido como erro e como algo de nocivo à sociedade, algo que a sociedade, em vez de tolerar, deve procurar seja evitado para o futuro. – No nosso caso, o contador é o indivíduo homossexual: embora mereça amparo e benevolência, seus atos não podem ser tolerados nem ofi­cializados.

Pode-se citar também a cleptomania ou a mania de roubar. Tem algo de congênito ou obsessivo. Por isto os seus atos não são tão culposos quanto parecem. Todavia a cleptomania não pode ser ofi­cialmente reconhecida e legalizada (absurdo seria pretendê-lo).

Deve ser reprimida, não necessariamente com medidas violentas, mas com terapêutica adequada e medidas de profilaxia.

Talvez, porém, alguém replique: «Pela prática do homos­sexualismo o indivíduo homófilo poderá recuperar-se ou apro­ximar-se de sua recuperação sexual e social!»

A isto dir-se-á: ainda que tal perspectiva fosse segura, de­veria ser rejeitada, pois, o fim não justifica os meios; a per­versão sexual não é meio lícito para se obter o que quer que seja.

A mesma resposta deverá ser dada a quem proponha de­ter a explosão demográfica de nossos dias mediante a fomen­tação do homossexualismo: o fim não justifica os meios.

Quais seriam então os meios recomendados para se aju­dar verdadeiramente um irmão vítima do homossexualismo?

3. Os recursos a aplicar

Antes de responder, notemos o seguinte:

É preciso distinguir alguns tipos de homossexualismo:

a) do ponto de vista da intensidade da anormalidade, existe o homossexualismo de periferia (que não caracteriza toda a persona­lidade e seu comportamento) e o de profundidade (homossexualismo muito marcante);

b) do ponto de vista da conivência do paciente: há pessoas que pouco ou nada contribuíram para ser homossexuais; são vítimas de desvios congênitos ou da malícia e perversão de outras pessoas. Pode haver também indivíduos que tenham participação voluntária no seu homossexualismo; são, ao menos em parte, responsáveis pelo seu es­tado anormal.

Cada um desses tipos humanos reagirá do seu modo ao trata­mento que se lhe aplicar. Talvez apenas exígua porcentagem possa ser levada à heterossexualidade ou à normalidade de relações se­xuais. Outros pacientes serão conduzidos a aceitar tranqüilamente o seu tipo humano ou a sublimar seus afetos, de modo que se possam sentir, de certa forma, realizados na vida. Em qualquer hipótese, é para desejar que o tratamento concorra para se evitarem práticas homossexuais. Estas, em vez de ser fomentadas (a titulo de aquie­tar os ânimos dos pacientes), deverão ser profligadas em toda a medida do possível.

Após estas considerações, apontemos os principais recur­sos a utilizar no tratamento do homossexualismo:

a) os hormônios femininos aplicados ao organismo mas­culino moderam a libido deste; tenham-se em vista o linoral, a avestina, o orgasteron.

O Dr. Niehans tem injetado grandes quantidades de células tes­ticulares, obtendo bons resultados em certos casos;

b) a psicanálise (dirigida por um médico de consciência cristã comprovada) pode auxiliar o paciente a evoluir no sen­tido heterossexual, principalmente quando feita em grupos de pessoas homossexuais. Cada membro do grupo torna-se então um estímulo para os outros, pois os pacientes se convencem mutuamente de que o homossexualismo é comportamento ina­dequado que pode ser mudado e, de modo nenhum, deve ser tido como a conseqüência de uma fatalidade. Por esta via, têm-se obtido casos de genuína recuperação.

Quando a psicanálise ou, mais largamente, a psicoterapia não consegue tornar o paciente heterossexual, ela pode ajudá-lo a acei­tar a sua situação, comunicando-lhe paz de alma, capacidade para o trabalho, melhor adaptação à vida social. Particularmente impor­tante é a sublimação dos afetos; o indivíduo homossexual pode ser levado a «esquecer» o mesmo sexo e empenhar-se ardorosamente para conseguir o êxito em sua profissão. Principalmente nas fases difíceis de depressão a psicoterapia será de notável valor para a pessoa homossexual;

c) recreios e contatos sociais múltiplos podem ser gran­demente benéficos ao paciente.

Qualquer que seja o tratamento abraçado, requer-se:

d) da parte do indivíduo, colaboração decidida, ou seja, desejo enérgico de não se entregar a práticas homossexuais. Tenha o paciente consciência de que estas não podem ser to­leradas, pois, objetivamente falando, contrariam à natureza e degradam o indivíduo. A continência é a via régia para os homossexuais; ao pastor de almas toca o dever de auxiliá-los a segui-la.

Discutem os estudiosos a questão: será a abstenção sexual mais difícil para o indivíduo homossexual do que para o heterossexual? – As respostas são contraditórias; na verdade, as ciências médica e psicológica ainda não possuem suficiente conhecimento do homos­sexualismo para dirimir a questão;

e) da parte da sociedade, requer-se consideração benévola para com os homossexuais. É preciso que os grupos sociais não se fechem sistematicamente a tais pessoas; isto poderia
influir profundamente no psiquismo de tais irmãos, tornar-lhes difícil ou impossível a recuperação. Cabe aos demais ho­mens contribuir para que os indivíduos homossexuais se libertem de sua penosa situação de alma. Justamente a evolu­ção do pensamento moderno consiste em olhar com benevolên­cia para os homossexuais, que outrora eram geralmente tidos como criminosos, violadores de crianças, cínicos, etc. – Hoje em dia reconhece-se que muitos não têm culpa por serem tais; merecem, antes, ser levados ao médico e ao pastor de almas do que ao juiz. Não se diga, porém, que a evolução do pensamento moderno deve chegar a reconhecer oficialmen­te o homossexualismo e a confirmar os irmãos homófilos nas suas tendências anormais.

4. Amizade

O casamento não é solução para os homossexuais. Mes­mo para as pessoas que apresentam tendências bissexuais, o matrimônio se torna muitas vezes causa de sérios conflitos, porque geralmente não conseguem extinguir por completo as suas inclinações homossexuais.

Quanto aos ditos «casamentos homossexuais», merecem reprovação por parte da moral sadia. Também numerosos psi­coterapeutas os rejeitam, por motivos diversos: o homossexual dificilmente se adapta a uma vida comunitária, de sorte a cons­tituir um «nós» com outrem; em conseqüência, as uniões ho­mossexuais não costumam durar.

Eis o testemunho do Prof. Overing:

Na prática psiquiátrica, quase não se encontram uniões homos­sexuais dotadas de êxito; na maioria dos casos, trata-se apenas de relações cuja duração vai de um a três anos. Mas sabemos, pelo Centro de Cultura e Recreio, que há relações que duram muito mais.

Citaram-nos uma quarentena de casos, em que o casamento teria du­rado dez anos ou mais; um deles teria mesmo atingido 36 anos. To­davia deduz-se das estatísticas fornecidas por Kinsey e Giese que tais uniões quase nunca se mantêm por mais de cinco anos e que o número daquelas que se conservam por mais tempo é relativa­mente muito exíguo
«Homosexualité»
. Paris 1967, pág. 63s).

Como quer que seja, duradoras ou não, as uniões homos­sexuais são moralmente ilícitas, pois oficializam o erro e con­culcam a dignidade humana.

Além disso, tais uniões são estéreis, não podendo satis­fazer ao desejo de prole que geralmente move os nubentes; pergunta-se então: se a maternidade fora do casamento é mais penosa do que o celibato, o «casamento» homossexual não será mais doloroso do que a solidão?

O convívio de pessoas homossexuais em amizade desti­tuída do desejo de contatos genitais por si mesmo não é con­denável; tem por objetivo proporcionar apoio mútuo. Todavia não permanece isento de perigos e riscos, pois a paixão en­contra freqüentes estímulos em tal convívio. Daí a repulsa a tais «amizades». A verdadeira benevolência para com os ho­mossexuais consistirá sempre em não alimentar as suas ten­dências anormais, mas, antes, em corrigi-las ou sublimá-las.

A respeito veja-se ainda «P.R.» 5/1958, qu. 7 (homossexualismo e lesbismo).

 

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