Gostaria de falar esta semana sobre a imaginação.
Por que falar sobre ela? Porque a imaginação pode nos ajudar bastante na nossa vida como também atrapalhar bastante.
Como dizia S. Josemaria, noventa por cento dos nossos problemas pessoais são criados pela imaginação.
De fato, é a imaginação que produz:
– o desânimo
– a angústia
– a depressão (não a causada pela doença)
– o mau-humor
– a mágoa
– o ressentimento
– a ansiedade
– a tristeza
– o medo
Todos estes sentimentos são alimentados (e agigantados) se damos rédeas à nossa imaginação.
É a imaginação que:
– agiganta os problemas: um simples fracasso se transforma num fracasso descomunal; um simples obstáculo, num obstáculo instransponível; uma simples ferida, num câncer com poucos meses de vida; um simples comentário infeliz de alguém, numa afronta atroz, imperdoável; etc
– impede de estarmos mais concentrados nas coisas
– cria sonhos quiméricos (como Tartarin de Tarascon, um personagem de Auphonse Daudet, que se imaginava um caçador de leões dentro da sua própria casa)
– nos impede de rezarmos com atenção
Santa Teresa tem razão ao dizer que a imaginação é “a louca da casa”, isto é, é a que deixa a nossa casa, a nossa alma, louca, desvairada. Assemelha-se a uma borboleta que nos leva para um lado e para outro, aos cumes da alegria e aos cumes da tristeza e da ansiedade.
Qual é o sentido cristão da imaginação?
É uma faculdade da inteligência, dada por Deus ao homem, para que o auxilie na realização das suas ações. Sem ela, as coisas não terão colorido, graça. Sem ela não haveria criatividade, capacidade de inovação. Sem ela a relação com Deus seria sem graça, o trabalho seria monótono, o amor não teria colorido, etc.
No entanto, como todas as realidades humanas, é preciso educá-la, colocar ordem. Uma imaginação não educada é uma imaginação que mais provoca dores de cabeça do que outra coisa. E, hoje em dia, fala-se pouco em “educar a imaginação” e as consequências são estas que apontamos acima, o aparecimento de inúmeros desajustes na nossa personalidade.
Como educar a nossa imaginação?
– não dando rédeas à má imaginação, à imaginação daninha
– cortando-a todas as vezes que vai para um mau caminho e pedindo a Deus que nos diga o que é que deveríamos estar pensando naquele momento, ao invés de darmos voltas naquele assunto
– preenchendo a nossa cabeça com coisas boas: mais orações, mais preocupações sadias pelos outros
– ocupar mais o tempo: em geral os devaneios da imaginação são proporcionais aos tempos de ócio; por isso, ocupar bem o tempo, passar o dia pensando nos outros, é um santo remédio
Como dizia no começo, quantos problemas deixarão de existir se soubermos educar a nossa imaginação. Façamos o propósito de dedicar-nos a esta tarefa e veremos como em pouco tempo estaremos mais em paz e seremos mais felizes!
Que Deus abençoe a todos!
Pe. Paulo.