
Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “inimigos do diálogo no casal – V: intolerância com os defeitos e limitações”.
Como vimos na mensagem anterior, só de termos a impressão de que a outra pessoa vai fazer ou comentar algo de que não gostamos, já nos sentimos irritados e nos fechamos ao diálogo.
Essa irritação com aquilo de que não gostamos denota algo que precisamos superar no relacionamento com as pessoas: a intolerância com os defeitos e limitações. O mesmo vale quando não gostamos do modo de ser dos outros, que não é propriamente um defeito ou uma limitação.
Se essa intolerância não for trabalhada, ela aumentará cada dia mais, e o diálogo se tornará cada vez mais difícil.
Costumo dizer que, de um modo geral, e mesmo tendo atingido um bom grau de maturidade, todos nós temos 20% de defeitos e limitações e 80% de qualidades e virtudes. E, dentro desta realidade, nós podemos escolher o que queremos ver nos outros: aqueles 20% ruins, os outros 80% bons ou o todo, que é o conjunto dos dois.
A pior coisa que podemos fazer no relacionamento é fixar-nos naqueles 20% ruins ou ficarmos de marcação com algum defeito de alguém, por menor que seja. Quando fazemos isso, não só a nossa irritação aumenta enormemente como causamos mal a nós mesmos deixando-nos dominar por sentimentos ruins. Além disso, como acontece com tudo em que nos fixamos e para o que olhamos sem parar, aquilo se agiganta dentro de nós. Um pequeno defeito de alguém, se observado insistentemente, dali a pouco parece algo monstruoso, gigantesco e, como consequência, insuportável.
Como trabalhar, então, a tolerância? Trabalhar a tolerância é:
a) olhar as pessoas no seu conjunto
Como dissemos acima, trabalhar a intolerância é olhar as pessoas no seu conjunto sem polarizar-nos nos seus defeitos.
b) olhar primeiro as qualidades e depois os defeitos
Trabalhar a intolerância é também olhar primeiro, como dizia uma alma santa, as qualidades e depois os defeitos dos demais. Este é um esforço difícil para nós, mas muito importante. É difícil, pois temos a tendência a olhar aquilo que incomoda, pois na convivência com os demais sonhamos que seja o céu na terra e não haja nenhum incômodo, nenhum aborrecimento. Mas isso só acontecerá no céu. Deus se serve das dificuldades na convivência para o nosso crescimento interior. Aqui precisaríamos ganhar o olhar das mães: para as mães, os filhos praticamente não têm defeitos. Como aquela mãe que olhando para o filho que estava com o dedo no nariz, disse: “vai ser pesquisador”!
c) olhar com “paz” os defeitos dos demais, do cônjuge
Trabalhar a intolerância é também olhar com paz os defeitos dos outros. E isso acontecerá à medida que virmos a nós mesmos como iguais aos outros.
Isto é, também com defeitos – ainda que não sejam os mesmos – que arrastamos há tanto tempo sem os arrancar. Por isso o conhecimento próprio – esse conhecer com profundidade nossas qualidades, defeitos e limitações – nos leva a uma grande paciência, a uma grande tolerância com relação ao próximo. Quanto mais eu sou consciente de que tenho defeitos e muitos defeitos, mas eu sei compreender os defeitos dos demais.
Nesse sentido, qual é o conhecimento que tenho de mim mesmo? Vejo-me como cheio de defeitos? Vocês sabem por que muitas pessoas não se veem como cheias de fraquezas e misérias? Por causa do orgulho e da superficialidade no conhecimento próprio. Para melhorar a tolerância e consequentemente o diálogo, temos de combater o orgulho e a superficialidade.
A intolerância é uma fonte de muitos e muitos males. É ela que gera o ódio, o desejo de vingança e quase todas as guerras. Façamos o propósito de trabalhar diariamente a tolerância para sermos pessoas pacíficas, como queria Jesus Cristo, e para aumentar enormemente a nossa capacidade de diálogo.
Uma santa semana a todos!!!
Padre Paulo