Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “mortificação e amor”.
Há uma realidade na vida espiritual que se chama mortificação. A palavra mortificação vem de “morte” e significa “dar morte ao eu”.
Alguém poderia perguntar: como assim “dar morte ao eu”? Não temos de dar tudo ao nosso eu? Ser feliz não é satisfazer todas as vontades do nosso eu?
Não. Isso não é ser feliz. Ser feliz é amar, e amar é pensar no outro, sentir a alegria de fazer o outro ser feliz, dar a vida pelo outro.
Se amar é dar a vida pelo outro, há um grande inimigo do amor, e esse inimigo é o “eu”. O que vemos hoje na sociedade? Pessoas que vão, desde pequenas, procurando satisfazer todas as suas vontades, saciando-se em todos os seus prazeres: da comida, da bebida, do sexo etc., etc. O que se acaba criando? “Eus” verdadeiramente monstruosos. “Eus”, por assim dizer, superinflados.
O que isso traz como consequência para um casamento? Uma relação muito difícil de levar para a frente. Diria hoje que uma das principais causas de separação é o egoísmo das pessoas. Um egoísmo que minará o amor em duas frentes:
– a incapacidade para a renúncia; e
– cônjuges que só pensam em si mesmos, e aos quais você tem que dar tudo, senão não ficam satisfeitos.
No fundo, hoje, com essa mania de dar tudo ao eu, satisfazendo todas as suas vontades, estão sendo criadas pessoas incapazes de amar.
Qual é o caminho, então, para sermos capazes de amar? Mortificar o eu, dar morte ao eu, deixá-lo num nível que crie as condições para que dê a vida, de verdade, por alguém. Deixar o eu num nível em que seja possível dizer, de verdade, que o outro é a razão de ser da minha vida, e não o próprio eu.
Justamente por isso, desde os primeiros tempos do cristianismo, viu-se a necessidade de fazer mortificações. As mortificações ajudam a deixar o eu em seu devido lugar.
Sendo assim, gostaria de sugerir algumas mortificações a vocês, para que fossem vividas no dia a dia:
– mortificar o paladar: os santos sugeriam que sempre fizéssemos uma mortificação nas refeições, que não déssemos ao nosso corpo tudo o que ele quer; podemos, por exemplo, em cada refeição comer um pouco mais do que não gostamos e um pouco menos do que gostamos; umas vezes beber o que gostamos e outras vezes não beber o que gostamos;
– mortificar o tato: mortificar a sexualidade; Jesus Cristo, sendo Deus e conhecendo-nos perfeitamente, ensinou-nos que o sexo deve ser realizado somente no âmbito do casamento; quem vive este ensinamento de Cristo aumenta muito a capacidade de amar;
– mortificar a vista: não olhar para coisas que podem ofender a Deus;
– mortificar o ouvido: não ficar horas e horas ouvindo música, ou ouvindo-a a toda hora; ouvi-la com moderação;
– mortificar o descanso: será que tenho exagerado no descanso em algumas ocasiões?
– mortificar o consumo: o certo é ter o necessário, e não mais do que isso. Pessoas consumistas se tornam cada vez mais egoístas.
Que cada um de nós veja em que aspecto seria interessante mortificar-se. A mortificação deve ser constante, pois o desejo de satisfazer todas as nossas vontades é constante.
Ao terminar, tenhamos presente esta ideia: um “eu” grande incapacita para o amor. Se quisermos amar, estejamos continuamente mortificando o nosso eu.
Uma santa semana a todos!
Padre Paulo