Prestar atenção aos outros

Gostaria de falar hoje sobre a convivência humana e mais concretamente sobre um aspecto do amor que é prestar atenção aos outros.
 
Nada pior na convivência diária do que a sensação de ser ignorado, ser esquecido, ser incompreendido pelas pessoas que nós amamos ou pelas pessoas que nós esperamos um mínimo de atenção à nossa pessoa.
 
Quantas vezes já nos sentimos “como um poste” ao chegar a casa ou no escritório. Sentir-se “como um poste” é a sensação que temos quando percebemos que nós e um poste somos a mesma coisa.
 
Uma parte importante do amor e da convivência diária é “prestar atenção aos outros”. É sinal de amor, é sinal de que queremos as pessoas, é sinal de que elas nos importam verdadeiramente para nós. Se colocamos em prática o ensinamento de Cristo de dar a vida pelos outros, nunca deveríamos descuidar a atenção aos demais.
 
Para contribuir com a nossa reflexão, veja o que diz este autor a este respeito, abordando este tema num livro sobre as crises conjugais, alegando que este é um dos pontos fundamentais onde os cônjuges não podem descuidar:
 
Prestão atenção. A dignidade do ser humano reclama atenção. Uma atenção personalizada. Sentimo-nos extre­mamente incomodados quando somos considerados um mero número; seria como se nos chamassem pelos alga­rismos da nossa carteira de identidade. Não nos parece uma falta de consideração quando alguém nos diz: “Ei, você aí… Tio… Moço, poderia informar-me…”?
 
Será que essa experiência tão simples não é suficien­temente reveladora para mover-nos a prestar mais atenção aos outros, de um modo especialíssimo ao cônjuge, para compreender que ele – tanto como nós – precisa ser re­conhecido, não apenas como um ser humano individual, mas como uma pessoa peculiar, com uma identidade in­substituível? 
 
Que alegria experimentamos quando, ao cabo de um longo tempo sem nos vermos, um antigo co­lega, um professor, um parente afastado nos chama pelo nosso nome e se lembra de um detalhe significativo da nossa vida! E, se nos alegra o acolhimento dispensado por uma pessoa relativamente distante, quanto mais não de­veriam alegrar-nos a atenção e o carinho daquela cuja vida compartilhamos! Não neguemos ao cônjuge (e ao próximo) essa ale­gria. Que confortante é quando, ao retornarmos de uma viagem, somos recebidos com um longo abraço, ou, ao regressarmos do trabalho, somos esperados com um beijo ou com um gesto de carinho!
 
Nas bodas de Cana ninguém comunicou a Maria que faltava vinho. Mas Nossa Senhora, com a sua intuição amorosa, captou no ar essa necessidade. Às vezes, falta-nos essa sensibilidade: não percebemos os problemas dos outros (…) Na vida con­jugal (e na convivência diária), é necessário termos as pupilas de Maria (Rafael Llano Cifuentes, Crises conjugais).
 
Neste sentido, podemos nos perguntar:
– será que tenho prestado atenção aos outros?
– tenho sabido sair do mundo das minhas preocupações pessoais para dar atenção aos outros?
– há alguém à minha volta que pode dizer que nós não estamos dando toda a atenção devida a ela?
– tenho procurado agir como Cristo: sair de mim mesmo e pensar nos demais, dar a vida aos demais, ciente de que o amor ao próximo é mais importante e produz muito mais alegria do que o amor a mim mesmo?
 
Que ninguém possa dizer que não se sentiu amado por nós, acolhido por nós, ajudado por nós, compreendido por nós!
 
Ponhamos o coração em Deus e nas pessoas e veremos como a nossa vida se torna muito mais feliz!!!
 
Uma santa semana a todos!
Pe. Paulo

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