Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “purificar o coração para compreender”.
Diz um santo que grande parte da caridade está em compreender. E é verdade. Não é verdade que o mundo seria completamente diferente se houvesse mais compreensão no seio de um lar, entre marido e mulher, entre pais e filhos, no ambiente de trabalho, entre parentes e vizinhos?
E por que há tanta incompreensão? Porque muitos corações estão sujos de impurezas. É o que diz o valioso texto abaixo:
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Compreender os outros não é nada fácil porque exige que tenhamos um coração limpo. Tinha razão o padre Vieira quando, num sermão de Quaresma, dizia que “os olhos veem pelo coração”. Ou seja, se nosso coração está carregado de bondade, veremos mais a bondade nos outros; por outro lado, se nosso coração está carregado de impurezas, de orgulho, de rancor, de decepção, de raiva, de inveja, de mau humor, veremos mais a maldade nos outros.
Para ilustrar esta verdade, podemos lembrar de um episódio no Evangelho. É o episódio da mulher pecadora que entra na casa de Simão, o fariseu. Neste episódio veremos o contraste do olhar de Cristo para a mulher pecadora e o olhar de Simão, o fariseu. Este Simão não é Simão Pedro e sim um doutor da lei que, como veremos, estava bem longe de Deus.
Dois olhares contrapostos
São Lucas narra que certo dia, enquanto Jesus estava à mesa com outros convivas na casa do fariseu Simão, uma mulher “pecadora na cidade” entrou inesperadamente na sala, ajoelhou-se atrás de Jesus e, chorando, começou a banhar-lhe os pés com suas lágrimas, a ungi-los com o perfume que trazia num vaso de alabastro, e os beijava e enxugava com seus cabelos (cf. Lc 7, 36-38).
Todos a olharam espantados. Mas o Evangelho concentra o foco em dois olhares contrapostos: o do fariseu e o de Jesus.
─ O fariseu fuzila com o olhar aquela mulher, e critica intimamente Jesus que lhe permitiu aproximar-se dele: Se este homem fosse profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que o toca, pois é pecadora (v.39).
─ Jesus, com seu coração cheio de bondade, vê com outros olhos aquela mulher: Voltando-se para a mulher, disse a Simão: “Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para lavar os pés; mas esta com as suas lágrimas regou-me os pés…Não me deste o ósculo; mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com perfume, ungiu-me os pés. Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor (vv. 44-47).
─ Simão (por não ter o coração impregnado de amor) só vê uma mulher manchada pelo pecado.
─ Jesus (com um coração cheio, repleto de amor) só vê um coração arrependido, cheio de amor e de delicadezas.
Assim como o de Simão, há corações escuros, corações impregnados de misérias que veem muito mais o mal nas pessoas do que o bem, enxergam mais as sombras do que as luzes. E quais são as misérias, as impurezas que mais nos impedem de ter um coração como o de Cristo, repleto de amor e de bondade? O orgulho e a inveja.
Orgulho: não é verdade que temos muita facilidade para descobrir defeitos naquelas pessoas cujas qualidade e virtudes nos ofuscam? Não é verdade que temos muita dificuldade de compreender quando nos julgamos superiores aos demais?
Inveja: não é verdade que temos muita facilidade para descobrir defeitos naquelas pessoas que são mais queridas do que nós? Não é verdade que temos muita dificuldade para compreender uma pessoa que se destaca mais do que nós, que tem coisas que não temos e gostaríamos de ter? (cfr. Padre Francisco Faus, www.padrefaus.org).
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Como seria o mundo se houvesse mais compreensão entre as pessoas? Isso acontecerá se cada um de nós limpar o nosso coração de toda impureza, principalmente do orgulho e da inveja, se lutarmos para que o nosso coração seja cada dia mais parecido com o de Cristo.
Uma semana abençoada a todos!
Padre Paulo