Sem Deus, esta vida é uma paixão inútil

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “sem Deus, esta vida é uma paixão inútil”.

Segue um texto excelente de um autor que mostra com clareza o vazio desta vida se não tivermos fé, pois, num plano somente materialista, esta vida é um caminhar para a morte.

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O escritor alemão Wassermann sentenciou: “O terrível não é morrer; o terrível é caminhar para a morte”. De fato, como se pode viver em paz sabendo que cada dia que passa é um passo a mais para a morte?
 
Como dizia Unamuno: “Se de todo morremos todos, para que tudo, para quê?”. Realmente, o pensamento da morte é o pensamento mais aterrador de todos. Não será ele o que explica muitas das nossas tristezas, depressões, angústias e horas e horas de terapia?
 
Os poetas não se furtavam a tocar nesse tema da inexorabilidade da morte: é algo sensitivo, vital… É o que nos transmite, por exemplo, Edgar Alan Poe no seu famoso poema O corvo. Nele o autor vai deixando que essa ave agourenta pronuncie, ao longo de toda a rima, a expressão fatal “never more” – nunca mais: infância feliz, que já passaste… never more, nunca mais; mocidade alegre, que já te despediste de mim… never more, nunca mais; amor da minha vida, que já murchaste… never more, nunca mais…
 
Há, por outro lado, em todos os seres humanos um verdadeiro instinto de eternidade (…) É do fundo das suas entranhas que todo homem grita angustiosamente – como o fazia também Unamuno – “Não quero morrer, não quero querê-lo!! Quero viver sempre, sempre e para sempre!! Eternidade, este é meu desejo, este é o mais forte e profundo desejo, este é o instinto que domina minha existência”.
 
Porém, esse nosso instinto de eternidade cairia no vazio, faria o homem experimentar o tédio, a angústia, a sensação de que a vida é “uma paixão inútil”, como dizia Sartre, se Deus não existisse. Mas, graças a Deus, a fé nos diz que Deus não só existe como também nos fez para a eternidade.
 
Na Páscoa, a Igreja expressa essa verdade com um canto de alegria: “Ressuscitou verdadeiramente como tinha predito, aleluia!”. É um grito que sai de dentro da humanidade inteira: se Cristo venceu a morte, nós também a venceremos! Essa convicção fazia São Paulo lançar um desafio: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (I Cor. 15, 55). Onde está o pavor que sempre provocas? É como se dissesse: “Ó morte, não te tenho medo; eu te matei!”. Esse é o grito de vitória do cristão.
 
Cristo, acrescenta São Paulo, “dominou a morte com a sua morte; libertou o homem do seu estado de servidão, provocado pelo temor da morte” (Cfr. Hb 2, 9-17). O cristão leva na sua testa escrito o nome de Vencedor.
 
A fé profunda na verdade transmitida por Cristo – “quem vive e crê em mim não morrerá eternamente” (Jo 11, 26) – traz consigo uma enorme força vital, uma segurança e uma paz das quais só podem falar aqueles que as experimentaram.
 
Que alegre é a vida quando sabemos que o que passa fica; que o que vai embora permanece; que o amor, a abnegação, o espírito de sacrifício, vividos durante a vida, vão configurando a nossa personalidade eterna – foreverpara sempre.
 
Essa expressão imortalizou Teresa de Ávila, que repetia, quando o seu irmão Rodrigo chorava assustado perante o pensamento da morte: “Rodrigo, lá no céu viveremos para sempre, Rodrigo será para sempre, para sempre, para sempre…”.
 
Um homem de fé pode exclamar, ao contrário do que disse Wassermann, acima: o maravilhoso não é apenas viver; o maravilhoso é caminhar para a Vida, com maiúscula, com um V alto, que, como dois braços potentes, se eleva até agarrar com mãos vigorosas as bordas da eternidade (Rafael Llano Cifuentes, O sentido da vida).

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Como é a minha fé? Acredito na eternidade? Preparo-me para a eternidade seguindo os mandamentos que Jesus nos deixou?
 
Uma semana abençoada a todos!
 
Padre Paulo

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