Temperança e domínio próprio

Olá todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “virtudes cardeais: temperança”.

Nas semanas anteriores falamos sobre três virtudes cardeais: a prudência, a justiça e a fortaleza. Hoje vamos falar sobre a última delas: a temperança. Como dissemos, os gregos viram nestas virtudes a base de todas as outras. E definiram a virtude da temperança como a virtude responsável por moderar o uso do prazer lícito. Sem essa moderação o homem se perde moralmente.

De fato, ter essa moderação no prazer lícito é um desafio para nós. Quem de nós não se perde no uso dos prazeres terrenos? Quem de nós consegue ser regrado em tudo?

Como vocês já devem ter percebido, todos nós temos um mecanismo interior chamado “compensação”:
– trabalhamos, por exemplo, muito ao longo de uma manhã e, em compensação, na hora do almoço exageramos na comida;
– ficamos um dia suportando uma pessoa chata e, em compensação, ao chegar em casa no final do dia, ficamos ouvindo música ou assistindo televisão até a exaustação;
– fazemos um esforço para não comer chocolate durante a semana e, em compensação, no final de semana, comemos chocolate até não poder mais, etc, etc.

Alguém poderia perguntar: mas qual é o problema de nos perdermos no uso dos prazeres terrenos, qual é o problema de não sermos regrados em tudo, de nos deixarmos levar pelos mecanismos de compensação?

O problema é que, como todos nós sabemos, a excelência humana que todos nós buscamos, está no equilíbrio, no domínio, no senhorio das paixões humanas. A pessoa que se perde no uso dos prazeres terrenos percebe que os prazeres a estão dominando, que há algo no seu interior que não está ajustado. A pessoa que se deixa levar pelos mecanismos de compensação percebe a sua falta de domínio, de senhorio sobre as paixões. E percebe também como isso acaba prejudicando além do equilíbrio interior, outros aspectos da sua vida: a saúde, comendo muito ou bebendo muito; a atenção à família, ficando muito tempo no celular, na internet, gastando muito tempo com um hobby, com uma atividade que lhe dá muito prazer etc.

Viver a virtude da temperança não significa ser regrado no mau sentido da palavra, no sentido da pessoa certinha que nunca sai fora da linha em nada, que nunca permite o mais mínimo exagero em nada, como se não tivéssemos paixões ou como se fôssemos um robô. Não, uma pessoa normal é uma pessoa que tem paixões mas sabe usá-las de modo ordenado, sensato e equilibrado. Uma pessoa temperante, por exemplo, sabe comer ou beber na medida certa, sem que isto seja uma falta de temperança.

É importante que nos perguntemos agora:
– tenho sido uma pessoa equilibrada no uso dos prazeres terrenos (lícitos)?
– há algum prazer que está fora de lugar?
– tenho me deixado levar pelo mecanismo de compensação?
– tenho sido equilibrado: na comida, na bebida, no prazer de ouvir música, no prazer de assistir filmes, no prazer do descanso, no prazer da leitura, no prazer de falar, no uso da internet, no uso do celular, nos video games, etc, etc?

Com relação ao prazer da comida um santo dizia: Habitualmente, comes mais do que precisas. – E essa fartura… torna-te incapaz de saborear os bens sobrenaturais e entorpece o teu entendimento. Que boa virtude, mesmo para a terra, é a temperança! (S. Josemaria Escrivá, Caminho, ponto 682).

Que razão tem este santo! Se nos deixamos levar de modo desequilibrado pelos prazeres terrenos, nos tornamos pessoas incapazes de saborear os bens mais elevados. É verdade! A intemperança traz muitos males e um deles é este. E outro claríssimo é que nos torna escravos do prazer.

Peçamos a Deus que nos ajude a viver a virtude da temperança e assim encontremos esta harmonia no nosso interior que tanto desejamos.

Uma santa semana a todos!

Padre Paulo

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