Temperança e mídias sociais

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “temperança e mídias sociais”.

Com o número cada vez maior de mídias sociais, como Instagram, WhatsApp, Facebook, Twitter, e-mail, etc, devemos, por um lado, agradecer o aumento da facilidade de comunicação, mas, por outro, devemos ficar atentos para que essas mídias não nos dominem.

Aristóteles, há milhares de anos, já falava da importância da virtude da temperança. Essa virtude tem como objetivo proporcionar-nos o reto uso dos bens materiais e imateriais. Essa virtude nos fala que tudo o que é bom, mesmo sendo bom, tem uma medida certa. Comer é bom, é um bem, porém, comer demais não é bom, assim como comer menos do que o necessário. A virtude está no equilíbrio.

O mesmo podemos dizer das mídias sociais. Não há dúvida de que são um bem, que vieram de uma forma ou de outra para ficar, que seu uso pode trazer uma série de benefícios. No entanto, como em tudo, devem ser objeto da virtude da temperança, seu uso deve estar dentro de um equilíbrio.

É sempre interessante lembrar o que o uso imoderado dessas mídias pode acarretar. Cito alguns exemplos:
– viver mais uma vida virtual que real;
– estar em casa e não dar atenção aos familiares, marido, esposa, filhos, irmãos, pois ficamos navegando nessas mídias; cada vez mais recebo queixas de maridos e esposas, por exemplo, sobre o fato de seu respectivo cônjuge passar muito tempo mexendo no celular, navegando na internet etc;
– prejudicar a amizade, o respeito com o próximo, dando mais atenção ao celular do que à conversa com um amigo; cada vez mais vemos amigos e amigas num bar respondendo ao WhatsApp, postando fotos no Facebook, no Instagram etc;
– diminuir o tempo de trabalho, de estudo, de leituras importantes (jornal, livros de literatura etc);
– fomentar a vaidade, vendo a toda hora se estão nos “curtindo” ou não etc.

Vamos aproveitar para fazer um exame de consciência:
– tenho sido moderado no uso desses meios de comunicação?
– tenho dado a devida atenção aos meus familiares, principalmente ao marido, à esposa e aos filhos?
– tenho faltado ao respeito para com alguém conversando e olhando para o celular?
– tenho diminuído o tempo de trabalho, o tempo de estudo?
– tenho tido uma vida mais isolada dos outros, mais virtual?

Um tempo atrás fiquei sabendo de um americano que fez o propósito de ficar um ano off-line por uma série de motivos. No seu último dia antes de ficar sem internet, ele escreveu: “Se eu conseguir sobreviver a essa separação, vou fazer isso por um ano. Sim, estou falando sério… Eu não vou usar a internet na minha vida pessoal nem no trabalho, e não vou pedir a ninguém que faça isso por mim”. No final de um ano, comentava: “Sinto que fiz um bom balanço sobre o uso da internet na minha vida. Ela tem estado muito presente na minha vida na última década, tem me feito passar mais de doze horas por dia em um terminal conectado à internet (laptop, iPad, Xbox), sem contar todo o tempo fora do trabalho em que meu smartphone me furtava a atenção. Agora eu quero observar a internet com distanciamento. Agora com esta experiência de um ano off-line pude ver com mais claridade que aspectos no seu uso são verdadeiramente valiosos, quais são distrações e que partes estão levando a corromper minha alma”.

Não digo que todos nós façamos algo parecido. Sugiro, isso sim, a temperança, a virtude da temperança, o equilíbrio.

Que sempre estejamos atentos a tudo aquilo que nos tira do verdadeiro foco da vida.

Uma santa semana a todos!!!

Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.

Sobre o autor