Tolerância

Gostaria de falar esta semana sobre a tolerância.
 
Outro dia falava com uma pessoa que se reconhecia bastante intolerante com os erros dos outros. E o interessante é que começou a perceber que não podia continuar daquele jeito, pois tem percebido que com sua atitude tem causado um mau estar nas pessoas e, de modo concreto, com quem mais ama.
 
De fato, a intolerância é um defeito, assim como o excesso de tolerância. Em geral, pendemos para um dos dois lados.
 
Em que consiste a virtude da tolerância?
 
Consiste num delicado equilíbrio entre transigir e não transigir com os erros.
 
A pessoa intolerante é a pessoa “dura”, inflexível, que não admite o seu erro, nem o dos outros.
 
Para termos um parâmetro correto do comportamento certo temos que olhar para Jesus Cristo.
 
Jesus Cristo, por ser Deus, podia ser a pessoa mais intolerante do mundo, pois é Deus e Ele nunca erra. No entanto, vemos em Jesus uma atitude extremamente humana, compreensiva com a natureza humana, que é fraca, débil.
 
Lembremos, por exemplo, a atitude profundamente humana que teve com a mulher pecadora que entrou naquele banquete na casa de Simão, o fariseu. Pelo que vemos no Evangelho, todos os circunstantes olham para aquela mulher com ar de reprovação. Jesus, não! Jesus a acolhe. Deixa ela chorar a seus pés e enxugá-los com os seus cabelos. No final, Jesus, cheio de carinho lhe diz: “Vai em paz e não peques mais!”
 
Assim era Jesus: compreensivo! Não é intolerante com aquela mulher, não lhe dá uma bronca homérica. Também não diz, ou mostra, que está tudo bem. Tanto é assim que no final lhe diz: “Vai em paz e não peques mais!”
 
O que está por trás da atitude de Jesus Cristo? O amor, a verdade e a compreensão da natureza humana.  O amor: Jesus sabe que aquela mulher estava errada (eis a verdade), mas quer o bem daquela pessoa, sonha que ela mude de atitude. E, levado pelo amor, não exaspera aquela mulher: a compreende. E, de modo, muito delicado, a acolhe. E, no final, a corrige, cheio de delicadeza, de amor.
 
Tenho sabido me portar assim com as pessoas? Tenho sabido ser compreensivo com os seus erros? O que me move ao corrigir alguém é o amor ou o aborrecimento de ver algo errado? Quero a melhora sincera das pessoas? Tenho exasperado as pessoas com as minhas reprovações?
 
Nunca podemos esquecer que por trás da atitude intolerante não está o amor, mas um grande orgulho: o orgulho de achar que nós somos melhores do que os outros.
 
Tão longe está da verdade a atitude intolerante quanto a atitude indulgente, excessivamente compreensiva. Quem se deixa levar por esta atitude demonstraria fraqueza, covardia, falta de um verdadeiro amor, pois quem ama, corrige. Quem não corrige é uma pessoa “boazinha” e não “boa”.
 
Estejamos longe tanto da intolerância como da excessiva compreensão. Assim imitaremos Cristo e semearemos a paz em todos os nossos caminhos.
 
Uma santa semana a todos!
 
Pe. Paulo

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