Combater a agitação

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “combater a agitação”.
 
Outro dia vi um documentário sobre o Papa Francisco que gostaria de recomendar a todos: “Papa Francisco: um homem de palavra”. Em determinado momento, o Papa começa a falar da agitação da vida moderna e de alguns males que isso provoca. Em primeiro lugar, ele fala que hoje em dia as pessoas não têm tempo para algo importantíssimo, que é ouvir. Vejamos o que ele nos diz:
 
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Há algo que quero salientar sobre o diálogo, o que São Francisco praticava muito. E vou dizê-lo em palavras simples. Ele era o apóstolo do ouvido. Sabia ouvir! Às vezes, a velocidade do mundo moderno é frenética, impede-nos de ouvir bem o que os outros dizem. Alguém está na metade do diálogo e já interrompemos e queremos responder antes de o outro ter acabado de falar.
 
Não perder a capacidade de ouvir! São Francisco sabia ouvir. Ele ouviu a voz de Deus, ouviu a voz dos pobres, a voz dos enfermos e a voz da natureza. Ele transformou tudo isso num estilo de vida. E espero que a semente de São Francisco cresça em muitos corações.
 
Atualmente, na verdade, vivemos com o pé no acelerador de manhã à noite. Isso arruína a saúde mental, a saúde espiritual e a saúde física. Mais ainda, afeta e destrói a família e, por conseguinte, a sociedade.
 
“No sétimo dia, Ele descansou.” O que os judeus constataram e continuam a constatar é que o shabat é sagrado. Nós descansamos no domingo. Um dia da semana – é o mínimo! Para agradecer, para venerar Deus, para estar com a família, para brincar, para fazer todas essas coisas. Não somos máquinas!
 
E, quando vivemos uma vida tão acelerada, perdemos os nossos gestos mais humanos. Um marido esquece o dia em que ficou noivo da sua esposa, os pais se esquecem de acarinhar os filhos ou os avós, porque não há tempo para uma carícia, não há tempo para uma ternura. Não há tempo para apreciar a vida, que é tão bonita!
 
Claro que alguns de vocês podem dizer-me: “Padre, o senhor diz isso porque não é casado”. Sim, as famílias têm dificuldades. As famílias discutem. Às vezes, os pratos voam e os filhos dão dor de cabeça. Não vou falar das sogras. Na família sem dúvida há dificuldades. Mas essas dificuldades são superadas com amor.
 
A separação dos corações não pode superar nenhuma dificuldade. Nunca deixem o dia terminar sem fazer as pazes com a família.
 
Eu gosto de ouvir confissões. Hoje em dia, quase não o faço, não posso. Em Buenos Aires, fazia-o muito e as pessoas vinham se confessar. Quando vinham homens ou mulheres de um casamento recente e me falavam nos filhos, eu lhes perguntava quantos filhos tinham. Eles respondiam e eu dizia: “Tenho uma pergunta”. Isso os assustava um pouco. “O que é que o padre me vai perguntar?” E a pergunta era: “Você brinca com os filhos?”. Quero perguntar a todos os pais e mães que estão me ouvindo agora: “Vocês brincam com os seus filhos? Passam tempo com os seus filhos?”.
 
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Pensemos nessas sábias palavras do Papa. Poderíamos resumir suas palavras dizendo que a agitação da vida moderna, se não soubermos combatê-la, pode nos desumanizar e nos fazer perder gestos simples, humanos, que são fundamentais para a nossa vida.
 
Uma santa semana a todos!!!
 
Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.


Sobre o autor