(Revista Pergunte e Responderemos, PR 457/2000)
Em síntese: Existem atualmente alguns grupos de judeus, como também não poucos indivíduos israelitas, que reconhecem Jesus como Messias. Aderem a Jesus ora mais destemidamente, ora mais timidamente. Nas páginas subseqüentes é apresentado o relato de uma senhora judia que, educada na mais estrita observância da Yiddishkeit, se voltou para as Escrituras do Antigo Testamento e os comentários rabínicos, a fim de tentar converter ao judaísmo seu marido protestante: acabou por reconhecer em Jesus o seu Messias. Já que Jesus era judeu, aderir a Jesus não implica renunciar às tradições judaicas nem perder a identidade israelita.
* * *
Via Internet, a Redação de PR recebeu interessante relato da Sra. Sharon R. Allen que, educada na absoluta fidelidade às leis religiosas judaicas, quis estudar a Bíblia para convencer seu marido cristão de que Jesus não podia ser o Messias aguardado e, por isto, deveria converter-se ao judaísmo. Leu todo o Antigo Testamento com o máximo cuidado; leu também os melhores comentários rabínicos, consultou vários mestres do judaísmo… e acabou convencendo-se de que a figura de Jesus de Nazaré já está esboçada no Antigo Testamento, de modo que aderir a Ele lhe pareceu lógico e necessário, apesar de quantos argumentos lhe foram apresentados em contrário.
Um Apêndice ao relato da Sra. Sharon, da autoria de Sid Roth, observa que professar a messianidade de Jesus não significa renunciar a ser judeu, pois Jesus é o Salvador prometido pelas Escrituras judaicas.
Segue-se o texto da Sra. Sharon R. Allen:
YIDDISHKEIT
O estilo de vida judaico
Sharon R. AlIen
Eu nasci em 1945 no Hospital “Beith Israel” na cidade de Nova York. Meu nome hebraico é Tura Rifka. Eu fui criada num lar que observava o judaísmo. Desde o instante em que minha mãe acendia as velas do Shabbat ao entardecer de 6ª feira até uma hora depois do pôr-do-sol na noite de sábado, havia certas regras e regulamentos que nós seguíamos. Eles não nos causavam constrangimento ou opressão. Era o nosso modo de mostrar nosso amor, nosso respeito e nossa devoção a DEUS.
Nós seguíamos as ordens rabínicas, tais como: não usar eletricidade nos Shabbats. Nós deixávamos uma luz acesa no corredor, que era ligada antes que o Shabbat começasse, e era deixada ao longo da noite e do próximo dia até uma hora depois do pôr-do-sol de sábado à noite, quando terminava o Shabbat. Nós não tínhamos permissão para trabalhar no Shabbat; isto incluía minha lição de casa, pois que nos Shabbats não é permitido escrever, cortar ou rasgar papel. Nós sabíamos que o Shabbat era especial por causa daquilo que fazíamos ou não fazíamos, e era diferente dos outros dias da semana.
Naturalmente, minha mãe mantinha uma cozinha Kosher[1], onde apenas alimentos Kosher eram permitidos. Conjuntos separados de pratos e utensílios para laticínios (milchig) ou derivados de carne (fleishig) eram estritamente obrigatórios. Meu irmão e eu sabíamos, desde o tempo em que conseguimos alcançar as gavetas e prateleiras, nunca confundir os utensílios de laticínios e carnes. Conjuntos separados de pratos eram também necessários para a Páscoa. Aqueles pratos eram somente retirados do alto do armário “difícil de alcançar” uma vez por ano, para serem usados apenas na Páscoa.
Nós guardávamos todos os feriados judaicos. Meu irmão e eu freqüentávamos a escola hebraica. Nós crescemos, sabendo quem nós éramos dentro da comunidade judaica.
Mudando para Oeste
Quando jovem, eu casei-me com um homem de igual origem judaica. Nós tivemos uma filha, a quem chamamos Elisa. Seu nome hebraico era Chava Leah. Quando ela tinha apenas alguns anos de idade, meu marido e eu nos divorciamos. O divórcio judaico que nós obtivemos, era conhecido como um “Get”.
Eu trabalhava no “Centro de Roupas” na cidade de Nova York. Durante este tempo Elisa freqüentava a Escola Judaica. Lembro-me daqueles primeiros anos, quando Elisa e eu devíamos esperar pelo seu ônibus escolar às 7 horas nas manhãs de inverno frias, escuras e cheias de neve. Nós nos acotovelávamos, gelando juntas no vento. Foi numa tal manhã que eu sussurrei para minha filha: “Assim não dá”.
Mudar de região parecia um passo na direção certa…
Em 27 de agosto de 1974, Elisa e eu chegamos em Los Angeles, Califórnia. Quase imediatamente eu a matriculei na Yavneh Yeshiva, porque a escola começaria em setembro. Ela tinha seis anos. Nós vivíamos perto da escola no Distrito de Fairfax, a seção ortodoxa da cidade, e ficamos envolvidas com a congregação Shaari Tefillah.
Alguns anos depois, meus pais mudaram-se para Los Angeles, a fim de nos encontrar; logo depois disso nós nos mudamos para o Sul, para Orange Country. Naquela época havia um grande estouro imobiliário, e, como muitos outros, eu decidi tirar minha licença de corretora. Uma vez obtida minha licença, comecei a trabalhar num escritório cujo dono era chamado Ron Allen. Ele se tornaria meu marido.
Negócios era sua religião
Quando eu e Ron nos encontramos pela primeira vez, ele sabia que eu era judia e que tinha sido criada num lar judeu religioso. Tudo que eu sabia sobre sua origem religiosa, era que ele era um protestante. Ele nunca mencionou Jesus, o Novo Testamento ou a igreja. Se ele o tivesse feito, eu teria corrido na direção oposta. Aparentemente, ele não ia à igreja desde a adolescência. Ele tinha 42 anos. Eu tinha 32 anos. Religião era a coisa mais longínqua na mente de Ron; negócios era sua religião.
À medida que Ron veio a conhecer nossas tradições judaicas, ele aceitou-as como se fossem dele mesmo e participava ardorosamente. Por causa do seu modo caloroso e agradável, meus pais o abençoaram em nossa família. Minha mãe costumava dizer sobre Ron: “Ele é tão hamisha”, o que em Yiddish significa: “Ele é tão agradável”.
Nós éramos ativos na Chabad e nos tornamos ligados ao rabino Mendel Duchman, a quem admirávamos e respeitávamos. Um pouco homem de letras; um pouco “showman” e um pouco homem de negócios, o rabino Duchman tinha sucesso em renovar o interesse das pessoas pelo estilo de vida judaico. Sua esposa Raquel era agradável, atenciosa e sábia. Ela era o retrato da jovem dona de casa judia conscienciosa, uma rebbetzen’s rebbetzen (esposa de rabino), por assim dizer. Ron e eu entendemos logo que estávamos no lugar certo. Eu tornei-me muito ativa no grupo de mulheres do Chabad.
Convertendo ao judaísmo
Alguns anos depois de Ron e eu termos-nos casado, as discussões sobre sua conversão ao judaísmo tornaram-se sérias. Eu sabia que nosso futuro conjugal poderia ser prejudicado, se Ron recusasse. Ter um lar judaico e criar Elisa como judia era a coisa mais importante para mim. Porque, para ser um judeu bem sucedido, você precisa de fazer a si mesmo a seguinte pergunta: “Os seus netos são judeus?” e poder responder com uma afirmativa. Quando Ron adotou legalmente Elisa logo após nosso casamento, até os papéis de adoção estipularam que Elisa seria criada como judia.
Além disso, os judeus consideram o funeral e a vida após a morte de vital importância. Como judia, eu sabia que o sepultamento num cemitério judaico era essencial. Acreditamos que, se somos sepultados num cemitério judaico, viajaremos por debaixo da terra até Eretz[2] Israel e estaremos entre os primeiros a ressuscitar. Como judeus, acreditamos que iremos ao paraíso ou seio de Abraão. Se acidentalmente vagarmos pelo “outro lugar”, o pai Abraão “nos trará de volta”.
A importância, para mim, de ser uma judia praticante é enfatizada pela seguinte estória do Talmud (Tractate Berachot 28b) sobre Rabbi Yochanon Ben Zakkai no seu leito de morte. Os alunos do rabino ficaram chocados ao encontrarem seu mestre chorando. Ao pedirem que explicasse seu comportamento, o sábio respondeu que, se ele fosse levado perante um rei de carne e sangue, cujo castigo não fosse eterno e que pudesse ser subornado e apaziguado, ele ainda assim estaria morrendo de medo; imaginassem então como ele se deveria sentir ao encontrar-se diante do Rei dos Reis, que vive para sempre, cujo castigo é eterno e que não pode ser comprado ou apaziguado! Além disso, dois caminhos estavam diante dele, o sábio explicou: um levava ao céu e o outro ao inferno; diante de tais perspectivas não deveria ele estar com medo?
Na edição de janeiro de 1989, do B’nai B’rith Messenger, pensamentos da Torá, o Rebbe Menachem M. Schneerson escreve sobre esta estória: “O Talmude relata que, quando o grande sábio rabino Yochanon Ben Zakkai chorou diante de sua morte, ele disse: ‘Há dois caminhos estendidos diante de mim: um para Gan Eden (céu) e um para Gehinon; eu não sei em qual serei conduzido’. Não é preciso dizer que o rabino Yochanon Ben Zakkai estava preocupado com seu estado espiritual; teria ele atingido um nível suficiente de santidade para entrar no céu?”.
Estas preocupações eram de um homem que recebeu o crédito pela sobrevivência da Diáspora Judaica e cuja influência tem sido sentida através dos séculos. Mas ele não sabia com certeza se estava indo para o céu ou para o inferno.
Causa surpresa esta estória ter-me chamado a atenção? Se um tão eminente e renomado estudante da Torá como rabino Yochanon Ben Zakkai estava em dúvida quanto ao seu destino, é obrigatório fazermos o que seja necessário para garantirmos nosso destino futuro e sermos considerados dignos do Gan Eden.
Uma outra consideração a respeito da conversão de Ron estava ligada com o Rabino Israeli, o qual aceita somente conversões ortodoxas. Sabíamos que somente uma conversão Kosher seria aceitável.
Como parte de qualquer conversão judaica, o estudo do estilo de vida judaica, da história e da ética é vital. A Ron foi exposta a Yiddishkeit (o estilo de vida judaico) em nossa casa. Eu me alegrava com o pensamento de que ele iria estudar com Rabbi Duchman.
Antes desta conversão se realizar, eu queria deixar o Ron ciente das três cerimônias que seriam exigidas. Eu lhe expliquei que varões precisam de ser circuncidados. Era também necessário que ele fosse imerso em água num Mikvah. Isto é semelhante ao batismo e simboliza a purificação e a identificação com o povo judeu. A terceira cerimônia, embora nem sempre feita em Conversões Reformadas ou Conservadoras, deve sempre acompanhar uma Conversão Ortodoxa ou Kosher e esta é a renúncia às crenças anteriores da pessoa perante o Beit Din ou corte rabínica (conselho de rabinos).
É tão pagão
Ron concordou com todas as cerimônias, menos a última. Ele disse que simplesmente não podia renunciar a Jesus.
Eu fiquei horrorizada! Meu marido nunca tinha mencionado Jesus, não tinha ido à Igreja por mais de 30 anos, e nunca tinha usado as palavras “cristão”, “Cristo” ou “Novo Testamento”. Estávamos levando uma vida judaica – ajudava a construir a sinagoga judaica, nossa filha estava freqüentando uma Academia Hebraica – e meu marido estava-me dizendo que ele não podia renunciar a Jesus!
Eu fiquei muito aborrecida. Disse ao meu marido: “Isto é loucura. Você é uma pessoa tão lógica e esperta e um empresário de sucesso. Como pode você crer em algo tão pagão? É uma fantasia. É como mitologia grega!”
Então, no meio do meu horror, tive este pensamento tranqüilizador: Simplesmente começarei a ler a Bíblia judaica e em pouco tempo serei capaz de mostrar a meu marido as Escrituras que lhe provarão que Jesus nunca poderia ter sido o cumprimento da Bíblia judaica. Eu sabia que estaria na minha Bíblia judaica tudo que Deus queria que Seu povo judaico soubesse sobre Seu Messias judaico, de maneira que nós, judeus, o reconhecêssemos quando Ele viesse.
Está Jesus na Bíblia judaica?
Eu desci as escadas para a sala e peguei minha Bíblia judaica da prateleira. Enquanto eu a abria naquele dia, fiz uma prece muito especial. Orei ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó para me mostrar a verdade e para ajudar meu marido a tornar-se um judeu.
Naquela manhã, quando meu marido saiu para trabalhar e minha filha para a escola, eu comecei a ler a Bíblia. Eu comecei da página um, “No começo…”, e continuei a ler página após página. Quando meu marido veio do trabalho para casa e minha filha da escola, lá estava eu ainda lendo. Na manhã seguinte meu marido foi trabalhar e minha filha foi à escola, lá estava eu lendo. Quando eles voltaram novamente para casa, lá estava eu ainda lendo. Isto continuou por dias, semanas e meses.
Eu fiquei admirada com o que encontrei escrito dentro das páginas da minha Bíblia judaica, em relação ao Messias – onde Ele deveria nascer, como Ele viveria sua vida, os milagres que Ele faria. A Bíblia também fala do Seu sofrimento e morte. Isto assustou-me porque o que eu li soava muito parecido com o que eu ouvira dizer sobre Jesus.
Quem quer que esteja considerando se “Yeshua” (Jesus) aparece na Bíblia judaica precisa apenas de ler as muitas passagens relativas ao Malach Há Shem, o mensageiro do SENHOR. Pelo estudo cuidadoso das passagens relativas a suas manifestações e como Ele se conduziria, alguém pode deduzir que Ele não é um ser meramente criado. Ele fala como Deus e aceita a adoração que somente pode ser dada ao próprio Deus. E Ele traz em si o inefável nome de Deus, o Tetragrama, em hebraico o Yud Hay Vav Hay (Êxodo 23, 21).
Além disso, Yeshua, o nome hebraico de Jesus, significa “Salvação”. Em todo lugar na Bíblia judaica e nos nossos sagrados livros judaicos de oração, sempre que a palavra “Salvação” aparece, nós estamos proferindo o nome hebraico de Jesus, Yeshua.
Em Isaías 49,6 as Escrituras falam de uma época quando o Servo sofredor se lamenta frente a Deus porque Ele tinha falhado não restaurando as doze tribos de Israel; Deus responde dizendo: “É coisa muito leve para ti ser um servo somente de Israel; Eu te darei como luz para todas as nações do mundo”. Em hebraico a palavra “nações” é “goyim”. Assim eu tive que fazer a mim mesma a pergunta: “Quando o Messias veio e falhou não trazendo de volta as tribos de Israel e quando Deus deu o Messias aos goyim?”.
Eu fiquei sabendo que os escritores judaicos da antigüidade reconheciam que havia dois retratos do Messias apresentados nas páginas da Bíblia judaica. Eles até tinham nomes para eles: Mashiach Ben Yoseph (Messias filho de José) o Servo sofredor e Mashiach Ben David (Messias filho de Davi) – o Messias que viria como herói conquistador.
Tem Deus um Filho?
Em Provérbios 30, 4 encontrei que Deus tem Filho:
“Quem subiu ao céu e de lá desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas do mar numa túnica? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o seu nome? E qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?”.
Poderia o Rebbe ser o Messias?
Quando terminei de ler todas as páginas da minha Bíblia judaica, estava confusa e assustada. O pensamento veio a mim: “Sharon, como você se atreve a pensar que você pode interpretar a Bíblia por si mesma, como se você soubesse tanto quanto um rabino?” Mas então eu pensava sobre as passagens que eu lera onde Deus disse aos filhos de Israel que viessem e ouvissem sua palavra por si mesmos (Deuteronômio 4,10; 11, 18-20; 4, 29 e Jeremias 29,13).
Eu sabia que não podia parar ali. Havia muita coisa em jogo.
Como eu mesma poderia suportar a idéia de ser uma proscrita de meu povo? Quão absurdo era pensar que um homem que os gentios chamavam Jesus Cristo poderia ser o Messias para os judeus! Assim eu disse a mim mesma: “Sharon, alguma coisa deve ter-te escapado”.
Eu me lembrei de que os rabinos dizem: “Você não pode entender a Bíblia sem os Comentários Judaicos”. Assim eu comprei os comentários de Rashi, os comentários de Soncino e os últimos comentários judaicos chamados The Artscroll Tarach Series de Mesorah Publications. E, à medida que eu lia os comentários, mais eu queria ler. Eu também trouxe para casa os textos do Talmude Babilônico, da Enciclopédia Judaica, Midrash Rabbah, Mishneh Torah de Maimônides, Targum Onkelos, Targumim Jonathan, os Textos Messiânicos de Raphael Patai e o Guia para os Perplexos de Maimônides. Eu continuava estudando, dia após dia. Cada texto que eu estudava, eu pensava: talvez este trará a resposta, a chave para destruir o pensamento de que o Messias dos gentios era a “verdade”. – O Messias Judaico!
Tudo isto estava começando a afetar minha vida. Quando me perguntaram se eu aceitaria um papel de liderança como a próxima presidente do “Chabad Women”, senti que tinha de rejeitar porque estava levando uma existência dupla.
Não se preocupar
Uma tarde Elisa veio da Academia Hebraica para casa e me disse que precisavam de mães a fim de conduzirem estudantes para visitarem uma padaria Kosher. Ela perguntou se eu poderia ser voluntária. Eu estava feliz por ajudar. Naquele dia, enquanto andava pelo distrito Fairfax, percebi que em uma vitrine da livraria Chabad havia alguns livros anti-missionários em exposição. Quando ninguém estava olhando, precipitei-me para a livraria e comprei cada livro anti-missionário disponível.
Eu estava ficando mais e mais perturbada por minha pesquisa. Até aquele momento eu vinha estudando sozinha. Apenas minha filha sabia o que estava lendo. Mas chegou o tempo da necessidade de ajuda de fora e assim eu voltei-me para o meu rabino. Eu chamei Mendel Rochel e pedi que eles viessem a minha casa. Quando eles chegaram, nós nos sentamos na biblioteca e eu mostrei a eles meus livros. Eu disse-lhes que, quando eu lia minha Bíblia, eu via Jesus. Pedi a Mendel que me ajudasse. Eles cochicharam entre si. Depois eles se viraram para mim, e Mendel disse: “Não se preocupe”. Ele tinha justamente o homem para mim – um profissional que trabalha com pessoas como eu. Ele daria a esse profissional meu número de telefone e o homem me chamaria. Eu lhes agradeci quando saíram. Eu me senti tão grata e aliviada, porque ia ter a ajuda de que precisava e as respostas que tão desesperadamente queria.
Duas noites mais tarde, recebi um telefonema do Rabino Ben Tzion Kravitz. Apresentei a ele um pequeno retrospecto sobre minhas pesquisas e expliquei como tudo começou. Ele escutou e disse que não me preocupasse. Ele até mencionou uma fita de vídeo que ele tinha, de pessoas que saíram renunciando a sua fé em Jesus. Eu pedi-lhe que a trouxesse quando viesse à minha casa. No nosso primeiro encontro o rabino e eu discutimos a Bíblia, a história judaica e tradições por dez horas.
Desesperadamente buscando a verdade
Após muitas conversas, o rabino sugeriu que eu falasse com outra pessoa. Ele recomendou Gerald Sigal no Brooklyn, Nova York, autor de A Resposta Judaica aos Missionários Cristãos. Rabino Kravitz disse que ele telefonaria para o Senhor Sigal, contaria a ele minha situação e deixaria que nós dois discutíssemos várias questões ao telefone.
O rabino e o Senhor Sigal desenvolveram um plano. O Senhor Sigal chamaria a cobrar toda segunda-feira à noite. Nós deveríamos discutir vários tópicos e depois ele proporia uma pergunta que eu pesquisaria durante a semana. Na segunda-feira seguinte eu deveria dar-lhe a resposta. Por exemplo, uma semana o senhor Sigal disse que a genealogia de Jesus era falha porque, no judaísmo, nenhuma mulher era incluída nas genealogias judaicas. Eu fiquei perplexa por esta declaração, porque eu tinha lido recentemente a longa lista de genealogias em 1º Crônicas nos Anais Históricos da Bíblia Judaica, e mulheres são mencionadas nesses registros[3]. Os nomes das mulheres foram incluídos para ajudar o conhecimento específico necessário quando um pai tinha somente filhas e nenhum filho, ou quando havia mais de uma esposa ou havia concubinas.
Nossas conversas continuaram por algum tempo até que o senhor Sigal disse ao Rabino Kravitz que eu tinha ido longe demais para ser ajudada. Rabino Kravitz estava aborrecido comigo e disse que eu deveria ter aceitado o que quer que o senhor Sigal tivesse dito. Ele acusou-me de realmente não querer conhecer a verdade. O rabino não entendia que eu estava desesperadamente procurando a verdade e faria qualquer coisa para encontrá-la. Rabino Kravitz estava provavelmente embaraçado também porque o Rabino Duchman ficava perguntando: “Você ainda não a ajudou?”
Quando eu leio minha Bíblia, eu vejo “Aquele Homem”!
Pouco tempo depois disto, recebi um telefonema do Rabino Duchman. Ele me falou sobre um perito especialista conhecido internacionalmente, Rabino J. Immanuel Schochet, que estaria falando em breve no Yeshiva de minha filha. Eu disse que iria.
A noite em que eu ouvi o Rabino Schochet, foi uma hora decisiva na minha pesquisa pela verdade. Minha família e eu sentamo-nos na frente, porque minha filha estava freqüentando a Academia e nos sentíamos confortáveis sentando-nos perto do orador.
Cedo naquela tarde Ron, Elisa e eu tínhamos decidido que iríamos apenas para ouvir e não diríamos nada até que o programa terminasse. Então, e apenas então, eu iria tranqüilamente ao rabino e perguntaria se ele poderia ajudar-me.
A fala do rabino centralizou-se em generalidades da vida do lar judaico e os problemas encarados pela família. Ele também discutiu várias religiões e como elas diferiam do judaísmo.
Após o rabino ter completado sua fala, ele solicitou perguntas. Uma pessoa perguntou ao rabino como ela poderia proteger seus filhos contra a influência cristã. O rabino declarou que, se as tradições fossem respeitadas e seguidas dentro de um lar judaico, haveria menos oportunidade de uma criança se extraviar.
Outra pessoa expressou sua preocupação acerca de missionários que queriam doutrinar suas crianças sobre Jesus. O rabino reiterou o valor de ter tradições judaicas no lar, mas também insistiu na importância de mandar nossas crianças para as escolas judaicas e Yeshivas.
A terceira pergunta veio de um homem que perguntou o que ele poderia fazer quando seu filho fosse para casa perguntando-lhe sobre Escrituras com as quais ele, como pai judaico, não estava familiarizado. Neste ponto, Rabino Schochet agarrou os lados do pódio e gritou para a audiência: “Nunca em nenhuma ocasião um judeu sábio se volta para Aquele Homem!” (“Aquele Homem” é como os judeus chamam Jesus quando eles não querem dizer seu nome).
Eu senti que o rabino estava falando diretamente para mim. Assim agarrei a mão de Ron e cochichei: “Devo dizer alguma coisa?” E Ron disse: “Sim!”
Então agarrei a mão de Elisa e cochichei: “Devo dizer alguma coisa?” E Elisa disse: “Sim!”.
Assim levantei a mão e perguntei: “Rabino, o que diz a alguém como eu, que conheço Yiddishkeit, sigo o judaísmo, tenho um lar judaico e no entanto, quando eu leio a Bíblia judaica, vejo Aquele Homem!!?”
Havendo tantas famílias judaicas e rabinos na sala, minha pergunta bateu como uma granada. Pelas próximas 4 ou 5 horas até meia-noite o Rabino Schochet e eu discutimos Yiddishkeit, costumes judaicos, a Bíblia, e outros assuntos. Quando a meia-noite se aproximou, o rabino estava ansioso para terminar o encontro; assim ele disse o que considerava serem as palavras que mostrariam a mim e a todos na sala por que Jesus não podia ser o Messias prometido. Ele gritou para a audiência que Jesus cometera blasfêmia quando estava na cruz. E, num zangado tom de deboche, citou Jesus dizendo: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” (Sl 22, 2; Mt 27, 46s).
Eu fiquei horrorizada com o tom de voz do Rabino Schochet e a acusação de que Jesus havia cometido blasfêmia. Eu disse-lhe que havia muitas razões para Jesus ter feito esta declaração. Ele podia ter gritado numa voz triste ou de súplica. Mas o rabino Schochet recusou-se a ver meu ponto de vista. Achei incrível que na sua raiva ele aparentemente esqueceu que a declaração de Jesus feita na cruz fora primeiramente feita pelo nosso próprio amado Rei Davi no Salmo 22. E ALGUM JUDEU OUSARIA DIZER QUE DAVI COMETEU BLASFÊMIA?![4]
Não digo que seja uma erudita em hebraico ou uma erudita na Bíblia. Eu sou apenas uma simples mulher judia comum, que ama Yiddishkeit e que tão somente quer conhecer a verdade.
Naquela noite eu disse a meu marido e minha filha: “Não tenho mais dúvidas. Jesus é meu Messias judaico”.
Comentário por Sid Roth
Incidentalmente, eu não oro para o Messias, mas eu oro a Deus no nome do Messias. Meus antepassados oravam a Deus por intermédio do sumo sacerdote judeu. Meu Sumo Sacerdote é Jesus.
A última razão por que algumas pessoas judias não procuram a Jesus é porque os rabinos dizem a eles que, se eles crêem em Jesus, eles não são mais judeus. Mas, se Jesus é o Messias judaico, não há nada mais judeu do que crer nEle. Então a questão não é “Como você pode ser judeu e crer em Jesus?” mas, em lugar disto, “Quem é Jesus?”
Os seguidores de Rabino Schneerson poderiam ter evitado uma porção de problemas se eles tivessem pensado por si mesmos. O messias tinha que ter nascido em Belém de acordo com as nossas Escrituras. Rabino Schneerson nem mesmo visitou Israel!
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REFLETINDO…
O texto em pauta sugere três reflexões:
1) A Escritura do Antigo Testamento anuncia profeticamente a vinda e a figura do Messias, pois toda a razão de ser do povo de Israel é a espera da chegada do Messias. Com razão, pois, se diz que “o Novo Testamento está latente no Antigo Testamento e o Antigo está patente no Novo”. Verdade é que a exegese da Sra. Sharon Allen foi assaz subjetiva e pessoal, de modo a não convencer qualquer leitor. Todavia uma leitura objetiva e científica da Bíblia leva a descobrir nos escritos do Antigo Testamento traços muito nítidos do Messias, que se realizaram plenamente no Senhor Jesus, como entenderam as primeiras gerações cristãs, inclusive os autores do Novo Testamento.
2) Consequentemente verifica-se que, quando um judeu se faz cristão, não faz senão atender à dinâmica mesma do judaísmo. Desde os tempos de Abraão (século XIX a.C.) o povo israelita aguarda o Messias prometido, de modo que aderir a Ele (devidamente credenciado) não é senão confirmar a índole própria do judaísmo. Importantes vultos judeus convertidos ao Cristianismo têm declarado não haver deixado de ser judeus. Observe-se também o número de correntes de judeus messiânicos, que não hesitam em ver na figura de Jesus o Messias prometido a Abraão e aos Patriarcas. A questão que se coloca a esses judeus é: como viver propriamente a fé cristã? – Há diversas maneiras de responder a tal pergunta. Cf. PR 375/1993, pp. 345-356.
3) O que possibilitou à Sra. Sharon Allen reconhecer Jesus como Messias, foi a sua sinceridade; foi uma pesquisadora disposta a descobrir a verdade onde quer que ela se encontrasse e apesar do antagonismo de seus mestres. A sinceridade, a candura ou a boa fé têm importância decisiva quando se trata de procurar a Deus. O não cristão ou mesmo o ateu que indaga sem preconceitos e de coração livre chega, cedo ou tarde, a Deus e a Jesus Cristo. Ao contrário, quem tem fé, mas se entrega a paixões desregradas, vai aos poucos perdendo a fé, pois se desfigura e descaracteriza. Daí o valor enorme das chamadas “virtudes humanas” (lealdade, honra, brio, honestidade, veracidade, responsabilidade…); são elas que fazem resplandecer a imagem e semelhança de Deus na criatura intelectual; pode-se dizer que Deus está no âmbito de tais virtudes; Ele aí pode ser encontrado com certa facilidade. Ao contrário, onde tais virtudes são conculcadas (o que infelizmente não é raro em nossos dias), a imagem de Deus se obnubila e tende a desaparecer; Deus não está no clima de quem menospreza a base humana de sua vida religiosa. Sabiamente diz o axioma: “A graça não destrói a natureza, mas a supõe e aperfeiçoa”.
À faixa incrédula da sociedade contemporânea pode-se recomendar que, ao menos, cultive as virtudes humanas, virtudes aliás que toda personalidade ciosa de sua dignidade não pode deixar de observar e estimar.
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NOTAS:
[1] Kosher = segundo a Lei de Moisés (N.d.Redação).
[2] Eretz: terra, país (N. d. R.).
[3] Ver; por exemplo, 1Cr2, 3s.17-21; 3,1-9… (N.d.R.).
[4] As últimas palavras de Jesus Crucificado: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46) não exprimem desespero nem revolta da parte de Jesus, mas significam que Ele se quis identificar com o homem pecador: este se afasta de Deus e sente a solidão, como se Deus se tivesse afastado. Jesus quis experimentar tal situação na Cruz para dela nos livrar. Ademais é de notar que as palavras de Mt 27, 46 são a citação do Sl 22, 2, que Jesus quis recitar na Cruz, porque descreve, como nenhum outro, pormenores da Paixão e da vitória do Messias. (N. d. R.).