Conversões: pastores protestantes se tornam católicos

(Revista Pergunte e Responderemos, PR 419/1997)

 

Em sínteseA revista norte-americana SURSUM CORDA! Special edition 1996, refere a notícia de que nos últimos anos cinqüenta pastores protestantes se converteram ao Catolicismo, sendo que outros mais es­tão a caminho da Igreja Católica. Cita vários casos de tal ocorrência, ex­pondo os motivos que levaram tais cristãos à conversão. As três razões mais freqüentemente apontadas são as seguintes: 1) o subjetivismo que reina nas denominações protestantes em conseqüência do princípio do “livre exame da Bíblia”; cada cristão é tido como apto a interpretar a Pala­vra de Deus segundo lhe pareça; 2) o retorno à literatura patrística ou dos oito primeiros séculos da Igreja, evidenciando o modo de entender a fé professada pelos antigos cristãos; 3) a definição do cânon da Bíblia, que não é deduzida da própria Bíblia, mas sim da Tradição oral, que é anterior à Bíblia e a identifica ou abona, indicando o respectivo catálogo.

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A revista norte-americana SURSUM CORDA!, Special edition 1996, refere a notícia de que nos últimos anos, cinqüenta pastores protestantes se converteram ao Catolicismo, sendo que outros mais estão a caminho da Igreja Católica. O artigo respectivo, da autoria de Elizabeth Althau, tem por titulo Protestant Pastors on the Road to Rome (pp. 2-13). Cita vári­os casos de tal ocorrência, expondo os motivos que levaram tais cristãos à conversão. Visto o significado muito atual de tal fenômeno, publicamos, a seguir, em tradução portuguesa, quatro de tais relatos.

1. INTRODUÇAO

Nos últimos dez anos, no mínimo cinqüenta pastores protestantes, na maioria evangélicos, renunciaram às suas funções e encontraram o caminho para a Igreja Católica. Cada qual passou por conflitos da mente e do coração, cada qual sacrificou conforto e segurança. Muitos haviam sido induzidos, por especial doutrinação, a temer e desprezar a Igreja Católica; os demais simplesmente consideravam-na como a mais errô­nea de todas as seitas.

Já que um dos fatores mais penosos dessa caminhada é a solidão, alguns dos ex-pastores constituíram uma sociedade chamada The Net­work (A Rede) para se ajudarem mutuamente na caminhada. Dos cento e cinqüenta membros dessa sociedade, cerca de cem ainda estão desen­volvendo seu processo de conversão. E a lista vai crescendo…

2. EXCOMUNGADO: BILL BALES

Bill Bales cresceu em ambiente presbiteriano progressista em Bethesda, Md. “Eu tinha uma espécie de fé adormecida em Cristo”, lem­bra ele. “Eu não tinha vida de oração regular nem praticava o estudo da Bíblia. Essas coisas eram, para mim, secundárias”.

Bales matriculou-se num curso preparatório para a Faculdade de Medicina numa Universidade americana; jogava futebol. Contraiu uma lesão pulmonar, que o obrigou a penosa cirurgia.

“Comecei a contemplar coisas tais como a morte. Passei a conviver com cristãos que tinham uma fé robusta. Comecei a rezar: ‘Se Deus exis­te, que Ele se revele!’. Se existisse realmente, eu ficaria feliz por crer nele. Comecei a ler a Bíblia, e algumas páginas da mesma tomaram sen­tido para mim”.

Passou a freqüentar uma igreja presbiteriana mais tradicional, e fi­cou impressionado pela conduta de muitos de seus membros. “Cristo era uma realidade. Você podia ter um relacionamento com Ele. Não era um feixe de palavras vazias”.

Bales deixou de lado seus planos de estudar Medicina. Pôs-se a trabalhar por dois anos numa Pastoral de Juventude de uma igreja presbi­teriana; depois fez-se pastor numa igreja não denominacional (não conven­cional) protestante. “Mas eu tinha que entrar num Seminário, caso eu qui­sesse continuar o meu ministério pastoral. Eu desejava mais aprendiza­gem – e também algum tempo para pensar a respeito de certas idéias epossíveis soluções. Havia tantas indagações que me surgiam na mente!”.

Bales entrou para o Gordon Conweli Theological Seminary, institui­ção séria interdenominacional em South Hamilton, Mass. Essa época foi, para ele, maravilhosa.

“Reverenciavam a Escritura. Alguns dos professores que eu freqüen­tava, interpretavam o Antigo Testamento de maneira semelhante à dos Padres da Igreja[1] e bem melhor do que muita gente no

evangelismo. Não estudávamos a fundo os Padres. Tratava-se mais de uma escola de trei­namento para pastores do que de uma escola de graduação”.

Terminados os estudos em 1985, Bales aceitou o encargo de pastor associado na igreja presbiteriana de Gainesville, na Virgínia. A princípio ele esteve ali muito feliz.

“Mas na primavera de 1988, algumas das questões que eu nunca con­siderara realmente ou que abordara superficialmente, começaram a emer­gir. A mais crucial era a da definição do cânon das Escrituras. Quem tinha a autoridade necessária para definir o conteúdo do catálogo sagrado? É esta uma questão fundamental. Senti-me mais e mais estranho à respos­ta calvinista, que eu sempre professara[2]; as outras sentenças proferidas no mundo protestante, fora do Calvinismo, pareciam-me muito lacunosas.

Eu não estava a ponto de ser atraído pelo Catolicismo, embora eu acreditasse que devia haver uma resposta para as perguntas que eu le­vantava. Desde que Scott Hahn, meu amigo dos tempos do Seminário, se convertera ao Catolicismo, estava a conversão no meu subconsciente. Na seqüência dos tempos, eu sentia que devia ser plenamente honesto, reconhecendo a fragilidade da minha posição relativa ao cânon.

Uma saída, não satisfatória, porém, seria passar-me para uma mo­dalidade de protestantismo mais liberal. Se Deus não instituiu uma auto­ridade sobre a terra capaz de decidir a respeito de certos problemas, en­tão parecia-me que tudo ia pelos ares. Eu não conseguia contornar essa questão”.

Mas, se o Catolicismo era uma possibilidade, Bales tinha uma série de leituras a fazer, uma série de respostas a confrontar. Ele encontrou o Development of Christian Doctrine, de Newman, o The Spirit ofCatholicism de Karl Adam, e algumas obras de Louis Bouyer especial­mente interessantes.

“Mais e mais me convenci, através do estudo da história, de que a doutrina católica já era professada na antigüidade, talvez em termos me­nos desenvolvidos, mas já presentes aos antigos. Convenci-me também,mediante as Escrituras, de que, na maioria dos casos em que havia uma definição (como a do primado de Pedro) ou ainda nos casos controverti­dos, a Igreja Católica tinha a melhor argumentação; isto não quer dizer que eu havia de decidir minha filiação à Igreja por­

efeito de alguma passagem bíblica. Eu via também que, de modo muito lógico e compreensível, a Igreja Católica tinha crescido, favorecida pela ação de Deus. Parecia-me mais razoável pensar assim”.

No fim de 1989, Bales se sentia pouco à vontade no exercício do seu ministério e da sua pregação. Renunciou a eles no começo de 1990.

“Eu tentava conceber uma imagem pouco atraente do presbite­rianismo. Os presbiterianos tinham sofrido outras defecções: as de Scott Hahn e a de Gerry Matatics, por exemplo. Havia um punhado de crentes que não queriam deixar-me partir”.

Bales julgava que podia ter evitado uma excomunhão formal se se transferisse primeiramente para uma Igreja episcopal. Mas ele estava sin­ceramente certo de que a Igreja Católica era o seu destino, e ele não o queria negar de público. Em conseqüência, o processo de excomunhão contra ele foi iniciado.

“Encontrei-me três ou quatro vezes com pequenas comissões. Da primeira vez tentaram-me compreender e colheram informações para ins­tituir o processo jurídico. Não houve jamais alguma mesquinhez. A terça parte do presbitério votou pela não-excomunhão; não houve unanimidade”.

Quais são as conseqüências da excomunhão no presbiterianismo?

“Existe a concepção generalizada, declara Bales, de que o exco­mungado tem que se arrepender, pois está imerso em determinado tipo de pecado. O modo de tratar o excomungado varia de paróquia para pa­róquia. A minha paróquia era de linha muito dura. Essa dureza intimidava.

Abandonar a paróquia era molesto. Eu o via como se fosse morrer para toda aquela gente.

A voz dos nossos amigos era suave. Mas a chefia não estava em absoluto interessada em que algum membro da congregação continuas­se a ser meu amigo… A comunidade era muito fechada. Ali havia muitas amizades profundas, um monte de gente boa”.

Bill Bales foi recebido na Igreja Católica na festa dos Santos Anjos da Guarda (2/10) de 1990.

3. PATO MORTO: MARCUS GRODI

Marcus Grodi cresceu numa igreja luterana um tanto liberal, perto de Toledo, Ohio. Era ativo no Grupo Jovem, catequizava e confirmava os colegas na fé. “Conheci muitas coisas”, disse ele, “mas não penetraram em meu coração”. “Os acampamentos de verão dos jovens da Igreja pa­reciam preparados mais para uma exibição de música do que para temas espirituais”.

Os colegas de Grodi na Escola Superior provinham de diversas de­nominações religiosas, não, porém, do Catolicismo. “Minha visão do Ca­tolicismo não era extremamente negativa, mas trazíamos um monte de interpretações mitológicas da Igreja Católica, que se encontrava do outro lado da cidade. Imaginávamos que estivesse cheia de superstições, e que o povo estava quase escravizado pelos padres e as freiras”.

Marcus, porém, começou a se surpreender, vistas as diferenças exis­tentes entre as denominações protestantes.

Grodi estudava Engenharia em Case Western Reserve. “Passei três anos sem entrar numa igreja”, declarou. “Eu estava envolvido numa convivência fraterna e tudo que lhe diz respeito. Finalmente no verão an­terior ao meu último ano experimentei uma profunda renovação da minha fé mediante o testemunho de um amigo – o que representou uma guinada de 180° na minha vida”.

Grodi voltou para a sua igreja luterana e achou que as palavras da Liturgia lhe significavam alguma coisa pela primeira vez. “Mas, quando considerei os bancos da igreja, vi estudantes de Escolas Superiores que eram como eu quando tinha a idade deles, a recitar palavras sem as com­preender. Eu concluí então que o liturgicismo tradicional estava morto; ele produzia cristãos de nome apenas, quase destituídos de compreensão. Eu julguei que Deus queria ouvir algo de diferente, não as mesmas coisas cada domingo”.

Uma vez formado, Grodi começou a trabalhar como engenheiro e como apóstolo da juventude. Escolheu o congregacionalismo[3]. “Cada igreja congregacional é autônoma e pode decidir a respeito do que ela quer fazer. Ela pode redigir seu próprio Credo. É surpreendente o que algumas igrejas congregacionais, de fato, crêem”.

Em 1978,… Grodi entrou para o Gordon-Conwell Theological Se­minary. Muito lucrou nos anos que ali viveu.

“Eu não rejeito meu fundo evangélico. Ele me levou de volta para Jesus Cristo. Colocou em meu coração o sincero desejo de Lhe dar total­mente a minha vida. E creio que foi por causa desta convicção que agora eu sou católico. Mesmo o Seminário Gordon-Conwell, com seu zelo pela S. Escritura e pela verdade (visto que era interdenominacional, evitava as questões controvertidas da Igreja Batista, da Metodista e da Presbiteriana), proporcionou a muitos de nós a ocasião de passarmos para a Igreja Cató­lica”.

Grodi voltou para a sua igreja congregacional com entusiasmo e con­vicção. Era uma igreja da Flórida: “Eu não estava lá nem seis meses quan­do percebi que havia algo menos bom no congregacionalismo. Mas eu não sabia indicar exatamente o que era”.

Grodi entrou na Igreja Presbiteriana como pastor, mas as dúvidas continuaram. “Como poderia eu estar certo de que nossos pontos de vista presbiterianos estavam corretos em comparação com os de meus irmãos metodistas ou da Assembléia de Deus ou da Igreja de Cristo ou dos anglicanos – ou até dos católicos? Como poderia eu saber que a minha interpretação da Escritura era coerente com aquilo que Jesus Cristo real­mente disse?

Eu queria ser fiel. Eu sabia que um dia comparecerei diante de Jesus Cristo, meu Senhor, e terei que dar contas das almas das pessoas que dirijo. Eu tinha consciência de que eu devia ter certeza de que os meus ensinamentos eram verídicos e o meu procedimento era correto”.

Grodi não podia ir pedir ajuda à chefia da Igreja Presbiteriana. “Eu tinha rejeitado quase todos os seus pontos de vista. A maioria deles era muito liberal. Deixavam muita coisa ao arbítrio de cada um. Nove sobre dez ofícios que chegavam ao meu escritório provenientes da chefia cen­tral, iam parar na cesta de papéis.

Não havia normas. Eu estava reinventando o fio condutor. Não teria sentido admitir que Jesus fundou uma Igreja e depois deixou tudo ao léu”.

Grodi tentou voltar sua atenção para uma denominação mais con­servadora, mas não se sentia à vontade com o que ele chamava o aspec­to de escolha pessoal vigente entre as denominações protestantes. Re­nunciou então às suas funções de pastor e voltou para Case Western Reserve, com a intenção de conseguir o seu Ph. D. em Biologia molecular e depois associar ciência e religião no cultivo da Bioética. “Eu imaginava que acabaria sendo um professor de Genética ou de Ética em alguma Faculdade”.

Não estava longe de terminar a sua tese doutoral quando numa ma­nhã uma notícia de jornal lhe chamou a atenção: “O teólogo católico Scott Hahn fará uma palestra na paróquia local”.

Teólogo católico Scott Hahn? “Havia oito anos que não nos víamos. Fui então ouvi-lo, escutei a sua gravação e li o livro Catholicism and Fundamentalism de Karl Keating. Ao cabo de fazer estas três coisas, eu era um pato morto”. Grodi pôs-se a ler os antigos Padres da Igreja e a história da Igreja. Ele tinha consciência de que não podia continuar a ser protestante. “Meu problema é que eu não me podia tornar católico. Havia coisas estranhas em demasia. Imagine que você foi

protestante durante quarenta anos e se põe a considerar o Menino Jesus de Praga; este há de parecer realmente estranho. Eu crescera com todos esses preconceitos. A Igreja Católica e a Máfia eram, para mim, a mesma coisa. Os católicos bebiam e fumavam.

Mas verifiquei que, se eu pudesse confiar na autoridade do magisté­rio situado na cátedra de Pedro, tudo mais se assentaria em seu lugar certo. Foi o livro Development of Christian Doctrine de Newman que me convenceu disto. E assim eu já era um católico”.

Marcus Grodi foi recebido na Igreja Católica em 1993.

Comentário da Redação de PR: Muito interessante é o raciocínio final de Marcus Grodi. O critério que autentica a Igreja de Cristo ou a Igreja fundada por Cristo, não é a virtude ou o pecado dos seus membros, pois estes são criaturas oscilantes, que, hoje virtuosos, amanhã podem vir a ser pecadores. O critério de autenticidade é a presença de Cristo na Igreja ou, mais explicitamente, a assistência prometida por Cristo à sua Igreja confiada a Pedro e seus sucessores (cf. Mt 16,16-19; 28,18-20; Jo14,26; 16,13-15). Quem crê nesta promessa de Jesus, adere logicamente à Igreja Católica e sabe considerar o comportamento dos fiéis católicos dentro dos moldes da fragilidade humana (também existente entre os pro­testantes); há entre os católicos certamente belos testemunhos de santi­dade. 0 que importa, porém, é Cristo presente e atuante, e não a conduta dos homens fiéis ou infiéis a Cristo.

4. O HOMEM CÓSMICO: STEVE WOOD

O caminho de Steve Wood para o Seminário Gordon-Conwell foi muito diferente do de Bill Bales e Marcus Grodi. Ele foi educado por pais fiéis e dignos presbiterianos, mas “não como uma criança dócil”, dizia ele. “Eu lhes dei muita dor de cabeça. Fui ingrato, rebelde e teimoso”. Após um par de anos muito desregrados na mais desregrada república da Univer­sidade da Flórida, Steve desistiu de tudo, e entrou para a Marinha.

Pôs-se a procurar uma alternativa para o hedonismo ou a procura sistemática do prazer. Quando o seu navio estava no porto da baía de Virgínia, Steve empregou o seu tempo livre no Edgar Cayce Institute, apren­dendo misticismo e meditação orientais. Os seus companheiros da Mari­nha chamavam-no “o homem cósmico”. Todavia um amigo guru insistiu em que Steve aprofundasse a sua própria religião, antes de procurar mais elevadas formas de consciência de si mesmo.

“Nada quero com o Cristianismo!” protestava Wood. Mas, diante da insistência do seu amigo, Wood comprou uma Bíblia.

“Eles vendem Bíblias no Cayce Institute de todos os tipos. Minha teologia foi fraca, de tal modo

que eu não sabia a diferença entre aqueles que têm `Evangelhos secretos perdidos’ e aqueles que não os têm. Já que eu não tinha capacidade de discernir, eu continuava a proferir os meus Ohms, meus mantras diante da prateleira de Bíblias. Por graça de Deus, eu adquiri uma Bíblia autêntica”.

Wood julgava que acharia a Bíblia árida e cheia de poeira. Surpreen­deu-se, porém, porque a encontrou muito dinâmica. Logo ele se deixou persuadir da natureza divina e da missão de Jesus Cristo assim como da sua própria pecaminosidade. Ele passou assim por uma profunda e clás­sica conversão evangélica.

Wood sentiu-se atraído pela Capela do Calvário na Califórnia, santu­ário não-denominacional muito impregnado de significado bíblico, que era procurado por muitos jovens. Ele aprendeu a desprezar o Batismo que ele havia recebido como criança, julgando que o Batismo de crianças era um infeliz vestígio do Catolicismo Romano. Estudou hebraico e grego numa escola da Assembléia de Deus e exerceu sua atividade pastoral com a juventude na Capela do Calvário.

A seguir, retornou para a Flórida na esperança de acender nos jo­vens do lugar a fé muito viva que ele havia experimentado na Califórnia. Em 1978 foi ordenado por uma Igreja carismática interdenominacional.Batizou de novo muitos católicos e protestantes. Entrementes encontrou-se com aquela que se tornou sua esposa Karen. Pouco depois, ele se matriculou no Gordon-Conwell Seminary.

Ficou muito surpreso ao aprender que muitos teólogos protestantes de bom nome aprovavam o Batismo de crianças. O casal Steve e Karen Wood estava à espera do seu primeiro filho, o que tornava urgente a solu­ção da questão.

“Eu estava para ser o pai de uma criança chamada à vida eterna e eu queria estar seguro de proceder corretamente. Afinal concluí pela valida­de do Batismo de crianças – conclusão que me foi muito difícil. Não so­mente ela me levou a maior proximidade da Escritura, mas também me fez voltado para a história da Igreja”.

Wood tornou-se pastor de uma igreja protestante nova em Venice, Fla., onde ele serviu durante quase dez anos. Continuava a estudar e a perguntar como Cristo queria que fosse a sua Igreja. Levou sua congre­gação a filiar-se à Igreja Presbiteriana da América, e pôs-se a ler sempre mais assiduamente os antigos Padres da Igreja. “Se você quer encontrar a Igreja, eis os seus sinais a ser descobertos: una, santa, católica e apos­tólica, como refere o Credo de Nicéia (325), pelo qual nós professamos a nossa fé. Os reformadores protestantes mudaram as notas de identidade da Igreja e, se você muda as notas, nunca encontrará a Igreja.

A Igreja é una. Mas um diagrama da Igreja Presbiteriana nos dois últimos séculos se parece com o desenho esquemático para uma placa de computador”.

Wood meditou muito sobre a oração de Cristo na sua última ceia. Ele pediu em prol da unidade da Igreja.Wood estava convicto de que Cristo tinha em vista não apenas uma unidade espiritual dos crentes, mas simuma unidade visível, tão perceptível que os não crentes a pudessem des­cobrir, como Jesus disse, a fim de acreditarem.

Ele pregou sobre essas notas num sermão datado de 1986. Disse aos seus fiéis que não compreendia como podia acontecer que essa ora­ção de Cristo podia ficar sem resposta.

“A Igreja Católica ficava ainda fora de cogitação para mim. Você sabe que algumas vezes a verdade é identificada com uma pessoa para que o impensável se possa tornar pensável

Sim. Eu ouvi dizer que Scott Hahn era uma causa perdida. Mas eu pensei que era meu dever chamar Gerry Matatics e falar-lhe da Igreja”.

Wood se esforçou. Ele se adentrou nos Padres da Igreja antiga. Ele conversou com sua esposa. A questão do governo da Igreja tornou-se obscura, não mais clara:

“Os Apóstolos impuseram as mãos sobre homens, e os designaram como oficiais da Igreja”.

Wood fora perturbado durante anos pela tese protestante referente ao vínculo matrimonial. Ele então estava chegando à conclusão de que Cristo o queria indissolúvel. Desanimado por causa da esterilidade de um ativismo em favor da vida que durara muitos anos, ele começou a perce­ber que somente a santidade do casamento podia oferecer um funda­mento sólido para se conceber a santidade da vida.

Ele preparou um sermão sobre Oséias, o profeta do Antigo Testa­mento cuja esposa se foi para tornar-se uma prostituta.

“Deus mandou a Oséias que trouxesse de novo a sua esposa para casa. E serviu-se do adultério dessa mulher para ilustrar a apostasia do povo de Israel. Como procederia eu para apresentar a lei de Cristo, que era também a da Igreja Católica, a uma assembléia protestante? Pior ainda: depois que terminei o sermão, tomei consciência de que não devia dar a comunhão a pessoas divorciadas e de novo casadas”.

Ele se desculpou junto à congregação, pronunciou uma bênção e partiu para o seu escritório. Os mais antigos o seguiram e aceitaram a sua renúncia ao cargo.

Poucas semanas depois, Wood foi cumprir uma sentença que o con­denava a sessenta dias de prisão por ter, numa Clínica, dissuadido al­guém de abortar. Na prisão ele leu muito e pediu luzes a Deus para que descobrisse a verdadeira Igreja. Ele esperava receber uma inspiração. Em lugar disto, ele recebeu uma visita: a visita do Bispo de Venice.

Steve e Karen Wood foram recebidos na Igreja Católica em julho de 1990.

5. MISSIONÁRIOS ENVIADOS AO CATOLICISMO

Muitos dos convertidos do protestantismo ao Catolicismo começam por questionar as suas crenças protestantes ao perceberem as muitas interpretações dadas à S. Escritura por homens de boa vontade.

Kristine Franklin foi educada como “uma cristã bíblica” fundamentalista em Tacome (Washington).
O seu marido Marty era de família episcopal (anglicana) e fora batizado numa comunidade chamada “Vida Jovem” (anglicana).

Explica Kristine Franklin que aprendeu desde criança a valorizar enor­memente a vocação de missionário(a) em terra estrangeira: “Meu irmão e minha irmã mais velhos se tornaram missionários, ele na Espanha, em El Salvador, em Costa Rica e no México, afastando os católicos das igrejas de Roma. Minha irmã e seu marido foram à Nova Guiné”.

Logo depois de se casarem, Marty e Kristine se puseram a planejar sua atividade missionária. Levaram oito anos a se preparar para tanto, e dois anos e meio para angariar fundos que lhes permitissem viajar para além-mar. O casal foi primeiramente para Costa Rica, depois para a Guatemala.

Havia na Guatemala grande número de missionários protestantes, trabalhando entre católicos. Dizia Kristine: “… trabalhando com grande sucesso, porque os católicos não estão devidamente instruídos na fé e – esta é minha opinião – porque os missionários americanos, ao chegarem, oferecem vantagens de vida de estilo americano”.

Disse ainda Kristine: “Quando estávamos na Guatemala, várias coi­sas se tornaram muito claras para mim. Uma delas era que, apesar de toda a minha educação religiosa, eu nada sabia a respeito do Catolicismo. Só tinha noção daquilo que me haviam dito e de que era uma religião falsa”.

Num grupo de estudos da Bíblia Kristine Franklin encontrou pela pri­meira vez uma católica romana muito fiel.

“Olhando para trás agora, verifico que ela foi para mim um desses marcos ao longo da estrada. Era

uma mulher profundamente devota, provavelmente da minha idade; não era missionária. Tornava-se muito claro, a partir das suas palavras e da sua conduta, que era uma católica muito dedicada a Jesus Cristo. Foi surpreendente para mim, depois que ela se foi, ouvir as outras mulheres se referirem às suas tentativas de a evan­gelizar, pois era óbvio, para mim, que ela não precisava de ser evan­gelizada.

Outra coisa que me impressionou, é que meu marido estava dando aulas para crianças norte-americanas e canadenses, pertencentes a cer­ca de quarenta denominações. Assim pudemos tomar consciência do que era o protestantismo americano na América Latina; também fomos bom­bardeados pela realidade do protestantismo, que é um conjunto de gru­pos nos quais cada um tem sua mensagem própria.

Entre aqueles que trabalham em áreas rurais, há um acordo tácito sobre essas diferenças: de um lado da montanha, acham-se os pente­costais e, do outro lado, os metodistas. Estes dizem àqueles: ‘Se vocês não ensinarem ao meu povo que ele tem que falar em línguas para rece­ber o Espírito Santo, nós não diremos à gente de vocês que eles têm que batizar suas crianças”.

Além de sentir-se perturbado por essa ampla variedade de doutrinas e práticas existentes entre os missionários, o casal Franklin foi impressio­nado pelo analfabetismo ou quase analfabetismo de alguns membros do clero protestante.

Alguns têm apenas a instrução primária e logo são feitos pastores. Outros proclamavam a si mesmos ministros do Evangelho, sem ter o de­vido aprendizado; talvez tivessem um exemplar de partes da Escritura Sagrada. Eles traziam um monte de perguntas. Você não pode traduzir a Bíblia para o linguajar da cada um deles. Você tem que lhes ensinar uma maneira totalmente nova de ver o mundo. E você tem que lhes transmitir um sistema de interpretação da Bíblia.

E aqui está a pergunta: … qual sistema?”

Apesar de tudo, esta não era a questão mais difícil.

“Para mim, era realmente intrigante o fato de que eu vinha de um nível de instrução e vivia numa região em que havia 60% de analfabetos. Comecei a me colocar perguntas como: ‘Como alguém se pode tornar cristão se não sabe ler? Se minha responsabilidade, como cristã, consis­te em conhecer minha Bíblia por dentro e por fora e entender de teologia e estudá-la diariamente e chegar a conclusões teológicas próprias (quero dizer que o protestantismo está baseado na interpretação pessoal que cada um dá à Bíblia), como é que aquele povo poderia realizar isso?

Que é que esse povo tem de cristão se ele não sabe ler? E nunca chegarão a ler. Que é que Deus jamais teve em vista para eles? E pense agora: há atualmente poucos séculos que tais povos da América Latina podem conseguir ler, mas no resto do mundo há uma multidão de gente que não sabe ler. Que é o Evangelho para eles? Quem será responsável pela tarefa de ir até eles para lhes pregar a verdade?

O casal Franklin pôs-se a discutir estas e outras perguntas. Se, de um lado, havia boas novas pelo fato de que Guatemala se estava protes­tantizando, de outro lado a história da Europa Ocidental sugeria que as coisas não iam tão bem.

“As nações européias que se passaram para o protestantismo em conseqüência da Reforma, são agora países sem Deus. Quando a Refor­ma os atingiu, os povos foram protestantizados por um certo número de gerações; depois destas, quase como conseqüência natural, se tornaram sociedades atéias.

De acordo com o meu modo de ver, isto acontece porque, se você introduz o princípio do livre exame e da interpretação privada (pessoal) da Bíblia, você, na verdade, está introduzindo o povo no conceito de que a verdade é algo de subjetivo. Ora o Catolicismo e nossa fé cristã estão baseados em verdades objetivas.

E o povo pode deixar de crer em princípios absolutos de Moral. Na igreja protestante da Guatemala, de classe média, em que nós servía­mos, havia um bom número de pessoas divorciadas e casadas de novo.Perguntamos a um desses casais com que fizemos amizade: ‘Como é que vocês puderam renascer? Como é que vocês se tornaram protestan­tes?’ A esposa do homem em questão o abandonara e ele não consegui­ra anular seu primeiro casamento… Foi-me parecendo que o protestantis­mo na Guatemala está muito ligado ao modo de vida norte-americano. Ele se parece com algo importado, à semelhança dos hamburgers deMcDonald e Reebok”.

A igreja na qual o casal Franklin servia, distava, de sua casa, cerca de dez milhas. Num domingo eles voltavam de carro para casa com seus dois filhos. Passaram diante de uma igreja católica que ficava a dois quar­teirões da sua residência.

“Minha filha, que tinha quatro anos aproximadamente, disse: ‘Mãe, por que não entramos na igreja católica?’ Tomei consciência de que eu não tinha resposta. Eu não podia dizer: ‘Porque eles não ensinam a ver­dade’, pois eu não pensava assim… Pude verificar que nós, os protestan­tes, escolhíamos as nossas igrejas de acordo com a nossa doutrina pes­soal. Isto faz de nós a autoridade suprema, que julga o que é verdade e o que é correto. Isto realmente me impressionou: minha interpretação da Escritura é o critério da verdade. Eu escolho minha verdade. Eu escolho minha verdade cristã.

Então começamos a ler uma série de livros de história da Igreja. Fomos servir numa igreja episcopal, que ficava nos arredores. Nunca nos tínhamos aproximado do Catolicismo. Meu marido não entendia a Liturgia.Eu nunca tinha assistido a um ofício litúrgico

Qual foi nossa impressão ao presenciarmos um cerimonial litúrgico pela primeira vez?

Eu gritei. Sentia-me tão bem que me ajoelhei para a Comunhão. Havia ali uma beleza, embora tudo me parecesse muito estranho. Era bonito ver as crianças ser levadas ao Batismo. Eu fora educada numa tradição anabatista, que não aceita o Batismo de crianças, de modo que eu nunca vira tal coisa. Era grandiosa a ênfase dada à Liturgia, na qual a Eucaristia se sucedia ao sermão.

Em meu coração havia algo que eu nunca experimentara antes. Não sou uma pessoa que anda à cata de experiências, mas o que eu via era muito profundo e muito emocionante. Meu marido tinha o claro sentimen­to de estar entrando em sua casa.

Apesar disto tudo, faltava-nos alguma coisa. Não pudemos ficar muito tempo na igreja episcopal, pois a teologia ali era quase nula. Renuncia­mos à nossa missão, e voltamos para os Estados Unidos. Não sabíamos ainda onde íamos parar. Só sabíamos que não podíamos continuar a ser protestantes”.
O casal Franklin tinha deixado nos Estados Unidos uma igreja muito dinâmica. Não podiam voltar para ela.

“Era difícil, pois lá tínhamos amigos. Não sabíamos onde nos agar­rar, mas sabíamos onde não nos agarrar. Apesar de tudo, procuramos a igreja episcopal nos Estados Unidos. Era um bom oásis. Neste começa­mos a estudar seriamente a doutrina católica. Não tardou muito e já podí­amos superar a antítese ‘Escritura versus Igreja’. Já não era difícil fazer­mos a síntese entre uma e outra. Algumas das outras doutrinas ainda nos pareciam difíceis… Mas, já que tínhamos vivido fora da nossa cultura, havíamos aprendido a considerar as coisas com olhos diferentes. Era o que acontecia: tínhamos aprendido a olhar o Catolicismo um pouco mais como ele é ou sem preconceitos.

Para nós, a grande questão era: ‘Que é a verdade? E como a pode­mos reconhecer? E sobre que base hão de repousar nossas crenças? Como havemos de decidir?’ Quando nos pusemos a comparar a face nítida da Igreja Católica com a face nítida do protestantismo, a Igreja Ca­tólica ganhou nos planos da lógica, da história, da filosofia e da Escritura. Todas as nossas respostas lá se encontravam”.

Marty e Kristine Franklin foram recebidos na Igreja Católica em abril de 1996.

6. REFLETINDO…

Os testemunhos atrás citados sugerem, entre outras, três reflexões principais.

6.1. Subjetivismo

Um dos grandes motivos para a conversão dos irmãos em pauta foi o subjetivismo do protestantismo. Cada crente é incitado ao livre exame da Bíblia, donde cada qual deduz seus princípios de fé e de Moral. É isto que explica o esfacelamento da Reforma: na época em que Marty Franklin ensinava, havia crianças de quarenta denominações protestantes na tur­ma. Encontram-se também crentes que estão fora de alguma denomina­ção ou de algum sistema e se guiam unicamente pela Bíblia, lida e enten­dida segundo lhes parece. Tais atitudes não podem deixar de esvaziar o próprio Cristianismo, pois há denominações oriundas do protestantismo que já não são cristãs, como as Testemunhas de Jeová, os Mormons, a Ciência Cristã…

Os séculos XVI e XVII deram origem ao subjetivismo do pensar ou à relativização da verdade. Lutero (+1546) foi o arauto desse subjetivismo em matéria de religião, e Descartes (+1650) o foi no tocante à Filosofia. De Descartes em diante a Filosofia se volta quase exclusivamente para a capacidade de conhecimento do homem e vai relativizando a verdade, tanto no sensismo (Thomas Hobbes, Condillac) como no idealismo (Kant, Hegel).

Ora Deus não se terá revelado aos homens, entregando ao léu ou ao arbítrio dos homens a sua Santa Palavra. Era sábio instituir uma instância que garantisse a conservação incólume da sua mensagem: foi o que Je­sus Cristo fez, confiando a Pedro e seus sucessores a guarda do Evange­lho (cf. Mt 16,16-19; Lc 22,31s; Jo 21,15-17; Jo 14,26; 16,13-15); a única Igreja fundada por Cristo tem a certeza de que Jesus lhe está presente e lhe assiste até o fim dos tempos (cf. Mt 28,18-20) de modo que nela se mantém intata a verdade transmitida pelo Senhor Deus aos homens. A verdade é algo de objetivo, independente do parecer subjetivo e da cultu­ra dos homens (isto não quer dizer que ela não interpele pessoalmente a cada ser humano).

É, pois, na Igreja Católica que se encontra o depósito da fé íntegro e fielmente conservado. Este

depósito é como uma semente que vai desdobrando suas virtualidades, de modo que no decorrer dos tempos se vão descobrindo as riquezas contidas na semente da Palavra de Deus; essa descoberta é homogênea ou está em continuidade com suas ori­gens e é garantida pela assistência do Senhor Jesus e do seu Espírito.

6.2. A Definição do Cânon (catálogo) bíblico

Um dos pontos cruciais que abalaram os convertidos em foco, era o de saber como se definiu o catálogo dos livros sagrados. Certamente não é a própria Bíblia que delimita o seu catálogo; é algo de fora da Bíblia,anterior à Bíblia ou é a Tradição oral. É esta que autentica e recomenda os escritos sagrados. Por conseguinte, é ilusório dizer alguém que segue somente a Bíblia; segue, sim, a Tradição oral que apresenta a Bíblia e, consequentemente, apresenta o sentido ou a interpretação da Bíblia. Os católicos seguem a Tradição oral que parte de Jesus Cristo e dos Apósto­los. Os protestantes seguem a Tradição oral que vem dos judeus de Jâmnia e que é adotada pelo fundador da respectiva denominação (Lutero, Calvino, Wesley…); este fundador do século XVI ou posterior dá início à tradição oral e ao modo de interpretar a Bíblia próprios dos luteranos, dos calvinis­tas, dos metodistas… Assim os protestantes têm também sua tradição oral, que é anterior à Bíblia e a acompanha…; todavia é tradição oral que não começa com Jesus Cristo e os Apóstolos, mas começa com um ho­mem “iluminado” dos séculos XVI, XVII, XVIII, XIX, XX…

6.3. A História do Cristianismo

Os convertidos de que falam os relatos atrás, verificaram que o Cris­tianismo não começou com Lutero nem com Calvino, nem com Wesley…, mas começou com Jesus Cristo. É importante, portanto, retroceder paratrás do século XVI e considerar a literatura cristã dos primeiros séculos ou os escritos ditos “patrísticos” (que vão até o século VIII); tais escritos, como os de S. Justino (+165), S. Ireneu (+202), Orígenes (+250), S. Basílio (+379), S. Atanásio (+373), S. Leão Magno (+461), S. Gregório Magno (+604)… são ainda o eco vivo da pregação dos Apóstolos e dos discípulos dos Apóstolos; não há melhores intérpretes da Palavra de Deus do que tais autores. Foi o que Henry Newman e a Escola de Oxford veri­ficaram na Inglaterra do século passado, suscitando importante movimento de volta ao Catolicismo. O Cristianismo não começa no século XVI (nem recomeça em tal época), mas tem início em Cristo e na geração dos Após­tolos, que Ele formou e dotou dos carismas do Espírito Santo para que transmitissem incólume a verdade do Evangelho.

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NOTAS:

[1] Padres da Igreja são aqueles escritores que contribuíram para a reta formulação das verdades da fé relativas à SS. Trindade, a Jesus Cristo, à Igreja, à graça… São padres (= pais) mediante a transmissão da Palavra da vida. A época patrística termina com S. Gregório Magno no Ocidente (+ 604) e no Oriente com S. João Damasceno (t+749). (Nota do tradutor).

[2] Para os reformadores protestantes em geral, um livro é inspirado por Deus se produz abundantes frutos espirituais para o leitor ou se é escrito em belo estilo literário ou, ainda, se é de origem apostólica. Como se vê, o primeiro critério é muito subjetivo; o segundo não se aplica a vários livros da Bíblia, cujo estilo deixa a desejar (cf. Apocalipse). Conforme o terceiro critério, poder-se-ia pôr em dúvida a inspiração e a canonicidade de alguns livros do Novo Testamento. (Nota do tradutor).

[3]Congregacionalismo é a denominação protestante em que a Congregação governa a si mesma mediante os pastores que ela escolhe. Não reconhece hierarquia. (Nota do tradutor).