Defeitos da convivência: guardar rancor

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “defeitos da convivência: guardar rancor”.
 
Que desagradável é conviver com uma pessoa rancorosa, uma pessoa que não esquece os erros cometidos pelos outros no passado.
 
Basta a conversa rondar determinado tema para que ela traga à tona feridas antigas.
 
Aí nos perguntamos: qual é a razão de uma pessoa ser rancorosa? Por que ela não deixa o passado para trás?
 
Vamos tentar explicar isso para que entendamos melhor a pessoa rancorosa e também para que aquele que tiver esse defeito veja um caminho para curá-lo.
 
Em primeiro lugar, podemos dizer que a pessoa rancorosa é uma pessoa sensível e de temperamento secundário.
 
As pessoas são mais sensíveis ou menos sensíveis. Uma pessoa rancorosa é, com certeza, uma pessoa mais sensível.
 
As pessoas também apresentam temperamento primário ou secundário. A pessoa de temperamento primário é pouco reflexiva e, portanto, esquece logo as coisas. A de temperamento secundário é mais reflexiva e, portanto, guarda mais as coisas. Uma pessoa rancorosa se encaixa neste segundo grupo.
 
Em segundo lugar, podemos dizer que a pessoa rancorosa é orgulhosa. Por quê? Porque, quanto maior for nosso orgulho, quanto maior for a consideração que temos por nós mesmos, quanto mais o nosso eu for importante, mais sentiremos as ofensas que nos fazem.
 
Se uma pessoa é humilde, esvaziada de si mesma, se ela não se considera melhor do que ninguém, as ofensas que sofre não machucam quase nada o seu eu. Não machucam quase nada porque o seu ego não é inflado e porque vive pouco pendente de si mesma.
 
Assim, temos o diagnóstico da pessoa rancorosa: sensível, secundária e orgulhosa. E o que ela deve fazer para deixar de ser rancorosa: lutar contra o orgulho e lutar para não ficar dando voltas nas mágoas do passado.
 
A luta contra o orgulho – A pessoa orgulhosa diz: “Como ele(ela) foi fazer isso comigo?”. Só essa frase já mostra o valor que essa pessoa dá a si mesma. E o orgulhoso ainda completa: “Eu jamais faria isso!”. Ou seja, o orgulhoso não só se julga muito importante como se vê superior aos demais. Então, o que ele deve fazer para lutar contra o orgulho é diminuir o valor que dá a si mesmo e ver-se como semelhante aos demais. Diminuímos o valor que damos a nós mesmos e nos vemos como semelhantes aos demais quando enxergamos com mais extensão e profundidade que somos pecadores. Por isso costumamos dizer que o orgulhoso se conhece pouco, pois, se se conhecesse melhor, veria muita miséria dentro do seu coração.
 
A luta para não ficar dando voltas nas mágoas do passado – Na alma acontece o mesmo que no corpo. Se no corpo temos uma ferida e a cutucamos toda hora, essa ferida nunca vai cicatrizar. Da mesma forma, se temos uma mágoa, um rancor, e ficamos dando volta sobre essa questão, ela nunca vai cicatrizar. O que temos que fazer é, vencendo o orgulho, perdoar e não ficar dando voltas no que aconteceu. Na vida espiritual, damos o nome a esse exercício mental de mortificação à imaginação. Isto é: cuidar da imaginação para que ela não pense em coisas que não deve pensar.
 
Lutemos para ser pessoas menos rancorosas e nos sentiremos mais leves. As pessoas que convivem conosco agradecerão e Jesus ficará muito feliz, pois estaremos lutando contra o orgulho e para vivermos melhor a caridade.
Uma santa semana a todos!!!

Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho –
Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.


Sobre o autor