Colocar Deus em primeiro lugar: lições de uma pandemia – I

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “colocar Deus em primeiro lugar lições de uma pandemia – I”.
 
Todos estamos passando por algo que jamais passamos na nossa vida. Uma pandemia como a peste negra na Idade Média e como a gripe espanhola no início do século XX. Graças a Deus, esta não tem nem terá comparação com as pandemias anteriores, pois a peste causou a morte de 75 a 200 milhões de pessoas, e a gripe espanhola, de 17 a 50 milhões.
 
Apesar de saber que nem de longe ela atingirá esses números, cada um de nós experimenta um pânico enorme, pois não temos o que fazer, uma vez que, ao contrair o vírus desta pandemia, podemos ver a morte como uma realidade bem mais próxima do que o habitual. E isso tanto para pessoas de melhor condição econômica como para pessoas pobres.
 
Fora a sensação de fragilidade, quando vemos milhares e milhares de pessoas perderem a vida em poucos dias. Sentimos e sentiremos na pele as consequências da quarentena, como pessoas que perderão o emprego, pessoas que passarão fome por não ter nenhum recurso, por não trabalhar, sem saber quanto tempo isso durará.
 
A primeira pergunta que podemos fazer nessa hora é esta: por que Deus permite isso?
 
De fato, se isso está ocorrendo é porque Deus o permite. Deus é Deus e, portanto, pode impedir e fazer tudo o que Ele quer.
 
Mas, se Deus está permitindo, qual é o motivo, qual é a causa?
 
Temos que pensar, e nunca podemos esquecer, que esta vida não é a Vida. Nós estamos aqui vivendo uma vida ridiculamente pequena em comparação com o que será a nossa vida, pois nossa vida é eterna. Deus nos criou para a eternidade. Costumo pensar assim: imaginemos que a nossa vida é uma reta infinita. O que são 70, 80, 100 anos para o infinito? Nada, praticamente nada.
 
Esta vida aqui é só uma preparação para a Vida, com maiúscula, para a vida, se quisermos, eternamente feliz, infinitamente feliz, com Deus e todas as pessoas que quiseram e querem amar a Deus eternamente.
 
Deus nos colocou aqui na terra e não diretamente no seu Reino, no Céu, pois não quer forçar ninguém a estar com Ele, a amá-lo. Não tem sentido forçar ninguém a amar. Deus já nos ama infinitamente, mas nos dá toda a liberdade para escolher se queremos viver esse amor com Ele. Como Deus nos fez para isso, para o Sumo Amor, para o Sumo Bem, isso é que nos tornará imensa e plenamente felizes. Mas, apesar de tudo, Deus não força nada.
 
Assim, estamos aqui na terra, por um tempo bem pequeno, para escolher o que queremos para a Vida, com maiúscula, e para nos prepararmos para entrar no seu Reino, já que Deus quer que entremos lá sem nenhuma impureza, sem nenhuma má inclinação no coração, plenamente evoluídos espiritualmente.
 
Se essa é a finalidade desta microvida terrena, olhando para o mundo, qual é a situação dele? Praticamente ninguém está colocando Deus em primeiro lugar, sendo que isso é o mínimo para amá-lo. Praticamente ninguém está colocando em exercício os 10 mandamentos que Deus nos ensinou; Jesus Cristo, que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, disse que quem o ama cumpre os seus mandamentos.
 
Se essa é a situação do mundo, como Deus nunca desiste de nós, Ele permite a dor, permite que a morte se torne uma realidade mais próxima, para que acordemos, para que nos convertamos. Pois Deus, sendo um Pai Amorosíssimo, sofre ao ver que muitos e muitos podem perder o Céu para toda a eternidade.
 
Essa é a primeira lição que gostaria de comentar sobre esta pandemia pela qual estamos passando. Paremos para pensar. Para onde estou indo? Tenho consciência de que esta vida não é a Vida? Tenho consciência de que posso perder o Céu para sempre, para toda a eternidade?
 
Pensemos nisso com calma, com profundidade. Muitas pessoas estão dizendo para mim: penso que as pessoas vão mudar para sempre com isso que estamos passando. Esse é o desejo de Deus, mas a verdade é que nós temos um coração muito duro e podemos daqui a uns meses, quando tudo isso tiver passado, voltar ao normal, ao afastamento de Deus. Vamos fazer o propósito de realmente mudar para sempre; que a partir de agora, como dizia São João Maria Vianney, “andemos para o Céu como uma flecha”!
 
A bênção e a proteção de Deus a todos!!!
 
Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.