O valor do silêncio

Gostaria de falar esta semana sobre o valor do silêncio.
 
A vida da maioria de nós é uma grande correria. Começamos a segunda-feira a todo vapor e chegamos ao final de semana pensando que vamos ter um pouco de paz e, praticamente, mesmo que em atividades diferentes, não paramos um minuto.
 
E, como todos intuímos, isto não é nada bom para nós. Não é nada bom, pois o ser humano “necessita” de um tempo diário de silêncio. E isto é assim por vários motivos.
 
Não é verdade que é no silêncio:
– que encontramos o mais íntimo de nós mesmos?
– que encontramos as forças interiores para enfrentar todos os problemas da nossa vida?
– que encontramos a paz e a harmonia interior?
– que conseguimos nos distanciar do redemoinho das preocupações momentâneas?
– que conseguimos acertar os ponteiros da nossa vida?
 
E, sobretudo, é no silêncio que “encontramos” a Deus! Como diz um sacerdote santo, “o silêncio é o porteiro da vida interior” (S. Josemaria, Caminho, n. 281), isto é, o porteiro, a porta, que dá acesso a Deus, ao Todo-poderoso, ao Criador do Céu e da Terra. E isso é absolutamente vital para nós!
 
Entende-se, deste modo, como as pessoas que não encontram estes momentos de silêncio na sua vida, e é assim mesmo, tornam-se pessoas:
– vazias;
– superficiais;
– desajustadas;
– sem paz;
– sem harmonia;
– sem uma felicidade mais profunda; etc, etc.
 
Isto faz lembrar aquela estória:
 
Certa manhã, o pai convidou o filho para dar uma volta no campo. O pai se deteve numa clareira e perguntou ao filho:
– Além do barulho dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
O filho prestou melhor atenção e disse:
– Estou ouvindo um barulho de carroça.
– Isso mesmo! É uma carroça vazia.
– Vazia! Como pode saber – disse o filho – que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
– É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho – respondeu o pai. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.
O filho nunca mais se esqueceu daquilo: toda vez que se depara com uma pessoa que fala demais, inoportuna, que interrompe a conversa, que faz muito barulho, lembra a voz do pai dizendo: “Quanto mais vazia é a carroça, maior é o barulho”.
 
Ninguém quer ser uma pessoa vazia, oca por dentro, por isso precisamos lutar contra o “barulho” da nossa vida, contra a correria da nossa vida, e encontrar estes tempos de silêncio que tanto bem fazem à nossa alma.
 
Neste sentido, aconselho a todos as seguintes práticas:
– ter um tempo diário para parar e conversar a sós com Deus (15 a 20 minutos por dia); indo a fundo nesta conversa; uma sugestão de texto para apoiar esta conversa com Deus é o seguinte: http://www.hablarcondios.org/pt/meditacaodiaria.asp
– fazer, antes de deitar, um exame de consciência diário para ver como foi o nosso dia: o que fizemos bem, o que fizemos mal, o que podemos fazer no dia seguinte para melhorar;
– fazer um retiro espiritual; por ter bons momentos de silêncio, o retiro costuma ser uma prática absolutamente renovadora e transformadora; neste sentido, tem sido cada vez mais comum as pessoas procurarem participar de algum retiro espiritual a fim de renovarem  o seu espírito.
 
Busquemos o silêncio interior e veremos como ele transformará a nossa vida!!!
 
Uma santa semana a todos.

Pe. Paulo 

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