Gostaria de falar esta semana sobre Jesus Cristo como fonte de felicidade.
Esta verdade, que é tão fundamental para a vida humana, é tão esquecida por tantos e substituída por “falsas miragens” por outros.
Quantos procuram loucamente a “felicidade” onde ela não pode ser encontrada (na posse dos bens materiais, na busca desenfreada do prazer, na fama, na satisfação do seu “ego”, etc) e acabam experimentando, mais dia ou menos dia, um grande vazio no seu coração!
Por que isto ocorre? Por uma razão muito simples: porque o único que nos satisfaz é o Absoluto!
Esta verdade, a sede de Absoluto, foi maravilhosamente expressada por Cristo numa das cenas mais tocantes do Evangelho: o diálogo de Jesus com a samaritana.
É assim que S. João descreve este diálogo (Jo 4, 5-42):
Chegou, pois, a uma localidade da Samaria, chamada Sicar, junto das terras que Jacó dera a seu filho José. Ali havia o poço de Jacó. E Jesus, fatigado da viagem, sentou-se à beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria tirar água.
Pediu-lhe Jesus: Dá-me de beber (…)
Aquela samaritana lhe disse: Sendo tu judeu, como pedes de beber a mim, que sou samaritana!… (Pois os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)
A esta resposta da samaritana, Jesus responde de modo desconcertante: diz a ela que, se ela soubesse quem Ele é, e a água que Ele é capaz de dar, uma “água viva”, uma água que salta para a vida eterna, ela é quem devia pedir água para Ele e não ao revés.
Respondeu-lhe Jesus: Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, tu certamente lhe pedirias a ele e ele te daria uma água viva.
A mulher lhe replicou: Senhor, não tens com que tirá-la, e o poço é fundo… donde tens, pois, essa água viva? És, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu e também os seus filhos e os seus rebanhos?
Aí, então, Jesus explicita o que é esta “água viva”: é uma água que quem a beber nunca mais voltará a ter sede. Mais ainda: esta água será nele fonte que jorrará até a vida eterna.
Respondeu-lhe Jesus: Todo aquele que beber desta água voltará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas ainda: será nele fonte de água que jorrará até a vida eterna.
Ao ouvir estas palavras tão maravilhosas, tão extraordinárias, tão espetaculares de Jesus, não há dúvida que aquela mulher não titubeou um minuto. Voltou-se para Jesus e lhe disse:
Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la! (…)
Quem de nós não gostaria de ter esta água “viva” que sacia por completo e é fonte que jorra, que sacia, até a vida eterna? Pois esta água, quem a dá, é Jesus!!!
Neste sentido, podemos fazer uma pergunta importante: que água eu tenho procurado para saciar a minha sede? Uma água:
– longe de Deus?
– nos bens terrenos?
– na vaidade?
– no sublimação do prazer?
Tiremos uma lição para sempre: só Deus tem a água que sacia! Não a procuremos mais em nenhum outro lugar!!!
Que bem refletia tudo o que dissemos este famoso autor espiritual, Tomás a Kempis, no seu livro clássico, Imitação de Cristo:
Toda criatura geme, diz o Apóstolo; e de século em século, todo o mundo o repete depois dele. Que buscas pois, nas criaturas (nas coisas da terra)? Que lhes pedes, e o que elas podem dar-te? Sempre agitadas, cheias de inquietações, as paixões desejam o repouso e não o encontram. Como te viria a paz se as paixões geram angústias e tempestades? Desengana-te, cessa de dizer às paixões: dai-me sossego.
O sossego está em Deus, e só em Deus. Só nele se acha paz, quietação, alegria e consolação. Volta-te para o Senhor teu Deus e renuncia a tudo o mais: então, e só então começarás a gozar da verdadeira felicidade (Os 14, 2) (Tomás a Kempis, Imitação de Cristo).
Uma santa semana a todos!
Pe. Paulo
