Oração para o coronavirus

Pensando no coronavirus, me veio a lembrança uma bonita história que aconteceu na Espanha durante aquele terrível período da peste que assolava a Europa.

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O escudo da cidade de Réus, na província de Tarragona, representa uma rosa de goles (que em linguagem heráldica significa “vermelho”) num campo de prata. Esta rosa é um símbolo da Santíssima Virgem Maria — Rosa Mística, lhe chamamos na Ladainha do Terço — e recorda um sucesso acontecido em Réus no ano 1592.

Uma epidemia de peste assolava toda a Catalunha e era tal o temor do contágio — que significava a morte certa — que, todos os que podiam, abandonavam as cidades para buscar refúgio nas casas de campo.

Na Rua do Hospital (hoje chamada Rua de Sol y Ortega), na casa que ocupava a que atualmente está marcada com o número 41, vivia a família de um modesto tecelão de panos de lã chamado Juan Besora. Tinha este uma filha de 16 anos que costumava cuidar do pequeno rebanho da família, levando as ovelhas a pastar para os campos dos arredores da vila.

Amanhecia o dia 25 de Setembro de 1592 e Isabel, que assim se chamava a filha de Juan Besora, rezava sozinha à Santíssima Virgem, na quietação do campo, ajoelhada entre as ovelhas. Pedia à Mãe de Deus que conseguisse de seu divino Filho que cessasse o flagelo da peste em Réus, pois tinha muita pena de ver morrer tanta gente. A Virgem ouviu as suas súplicas — como sempre o faz — e desta vez apareceu-lhe visivelmente, e disse à pastorinha:

— “Minha filha, ordeno-te que vás à vila de Réus a dizer-lhes que sou a Corredentora e a Mãe do teu povo. Dirás aos Jurados (vereadores da Câmara), que noutros tempos tinham o cuidado de ter acesa uma vela na igreja e atualmente se esqueceram, que se querem livrar-se do contágio, hão-de continuar essa mesma devoção que antes tinham.”

— “Senhora, não vão acreditar” — respondeu Isabel Besora.

— “Vai, e se não te acreditarem, deixa-os e volta aqui” — respondeu a Virgem.
Efetivamente, Isabel foi transmitir a mensagem aos Jurados — os que não tinham podido sair da cidade —, mas não acreditaram nela. Isabel voltou ao lugar da aparição — marcado atualmente por uma pequena capela de pedra lavrada que há junto do grande Santuário da Misericórdia à saída da cidade. A Santíssima Virgem repetiu o encargo e, tocando carinhosamente a face da moça, deixou-lhe marcada na face o sinal de uma rosa de cor vermelha viva.

De novo voltou Isabel às autoridades, que desta vez acreditaram e exclamaram: 

— Misericórdia!

Cessou a peste e os membros do Conselho Municipal cumpriram o encargo que lhes deu a Virgem: retomaram o piedoso costume de séculos de ter sempre na paróquia um círio aceso em honra de Santa Maria. Se visitais a igreja paroquial de São Pedro, que assim se chama, ainda o vereis a arder (cfr. Rafael Llano Cifuentes, 85 Questões de Amor).

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Nós não temos a menor dúvida que Nossa Senhora é poderosa e pode impedir que tenhamos o coronavirus e qualquer outra doença ou sofrimento. Que vela que Nossa Senhora gostaria que acendêssemos para honrá-la como voltaram a fazer os vereadores da cidade de Réus? A vela que ela mais gosta é que cumpramos os mandamentos do seu Filho e que estejamos em estado de graça. Vamos fazer o propósito de viver cada um dos 10 mandamentos, conhecendo-os com profundidade, e o propósito de nos confessarmos toda vez que tivermos caído numa falta grave. Será que haveria o coronavirus se fôssemos fieis a Deus e vivêssemos os seus mandamentos? Essa é uma boa pergunta.

Segue a oração de Nossa Senhora de Guadalupe que penso que é a mais apropriada para estes dias que estamos vivendo.

Quando o índio Juan Diego estava aflito com a doença do seu tio e estava indo para a cidade chamar um padre e um médico, Nossa Senhora aparece no seu caminho e lhe diz estas palavras:

Escuta, e guarda-o no teu coração, meu filho o menor, que o que te assusta e te aflige é nada. Não se perturbe o teu rosto nem o teu coração, não temas esta doença, nem nenhuma outra doença ou coisa dolorosa e aflitiva. Não estou eu aqui, eu que sou tua Mãe? Não estás sob a minha sombra e resguardo? Não sou eu a fonte da tua alegria? Não estás debaixo do meu manto e no meu colo? Por acaso tens necessidade de alguma outra coisa? Nada te aflija ou te perturbe.


Que Deus nos proteja a todos!!!

Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.