Silêncio interior

Gostaria de falar esta semana sobre o silêncio interior.
Quanta falta nos faz o silêncio!
Não é verdade que todos nós percebemos o vazio do corre-corre? Não é verdade que este correr frenético de um lado para outro vai nos deixando vazios por dentro, com a sensação de estarmos nos convertendo em meros autômatos?
Qual é a maior infelicidade da ausência de silêncio interior? Não encontrar a Deus!!!
De fato, todos os santos são unânimes em dizer que Deus só se encontra no silêncio da alma. “O silêncio é – como dizia S. Josemaria – o porteiro da vida interior”, a porta que dá acesso a Deus. Sem ter este acesso a Deus, nossa vida torna-se vazia, sem sentido, oca, ou como dizia Sartre, “uma paixão inútil”.
Sem silêncio interior nos tornamos superficiais, caímos na frivolidade. Vamos falar de coisas sem importância, de coisas vazias: da próxima viagem, da próxima compra, etc. Quantas pessoas conhecemos que são assim, frívolas, superficiais. Suas conversas, sua companhia, logo cai na rotina e cansa.
Sem silêncio interior ficamos sem força, sem ideais. Como dizia Nietzsche, “quem um diz quiser ser relâmpago, tem que ser nuvem”. Ou seja, quem quiser um dia ter uma enorme força interior, deve recolher-se, represar-se como as nuvens.
Sem silêncio interior nos assemelhamos a uma tábua que é levada por uma enxurrada. Somos “levados pela vida” ao invés de “sermos senhores da vida, das nossas ações”.
O que devemos fazer para ter mais silêncio interior?
1. Tendo momentos no nosso dia que paramos para conversar com Deus. Quem de nós não é capaz de conseguir 10, 15 minutos no dia para ter a conversa mais importante da nossa vida: a conversa com Deus? Quanto tempo gastamos inutilmente, assistindo televisão, conversando no telefone, e que poderia ser mais bem aproveitado?
2. Aprendendo a fazer todas as coisas do nosso dia conversando com Deus, na presença de Deus. Deus está em todos os lugares, no carro, na rua, no escritório, em casa, e está à espera que nos dirijamos a Ele, que lhe ofereçamos o trabalho, que lhe dirijamos de quando em quando umas palavras de afeto.
3. Lutando contra o “ativismo”. O ativismo é o grande inimigo de qualquer interioridade. O ativismo pode ser definido como uma doença do homem moderno que o leva a estar correndo de um lado para outro, numa agitação constante, perdendo o acesso à sua interioridade.
Façamos o propósito de conquistar este silêncio interior a qualquer custo. Goethe tinha toda razão ao formular aos trinta anos, num diário, a máxima de sua vida interior: “O melhor é o silêncio profundo, no qual vivo contra o mundo, e cresço, e ganho e conquisto o que não pode ser-me arrebatado por espada ou fogo”. E, como vimos, o que de mais precioso podemos obter com o silêncio é ter o acesso a Deus e a toda a riqueza desta união. Vale a pena! Ao fazermos a experiência do silêncio e do recolhimento, não trocaremos mais estes momentos por tantas bagatelas que há por aí.
Uma Feliz Páscoa a todos!

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