Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “um grande defeito da convivência: a hipersensibilidade”.
Será que sou uma pessoa fácil de conviver? Um dos defeitos que atrapalham bastante a convivência é a hipersensibilidade. O texto abaixo nos ajuda a fazer um exame sobre esse tema.
Em determinadas pessoas, nota-se um fenômeno singular: são extraordinariamente sensíveis para as coisas que lhes dizem respeito (…)
Uma pessoa normal — quer dizer, uma pessoa consciente da sua própria realidade — não se irrita quando alguém de boa vontade a corrige ou lhe oferece uma crítica construtiva. Se é amadurecida, agradece. O orgulhoso (o hipersensível), pelo contrário, sente a crítica como um ataque pessoal. Supervaloriza a correção com uma reação emocional: através da ira ou da depressão.
Por que o hipersensível reage com ira e agressividade diante de uma crítica? A sua explosão irracional só pode ser plenamente compreendida se se tiver presente que o seu mundo começa e termina nele. A sua personalidade e a sua segurança baseiam-se na falsa imagem inventada pelo seu orgulho. E, quando alguém o critica, tem a sensação de que esse suporte começa a fragmentar-se, e experimenta a vertigem de quem sente o chão desaparecer-lhe debaixo dos pés. A sua ira intensa é como o instinto de defesa ou de conservação de um animal acuado. A sua agressividade é por isso, paradoxalmente, um claro sinal de insegurança.
E a reação de depressão? Há pessoas que não reagem violentamente, mas fecham-se em si mesmas, abaladas, tristes. É como se ficassem de “luto” diante desse formidável “eu” que sonhavam ser, e que acaba de morrer vítima de uma crítica ou de uma correção que lhes parece injusta.
As pessoas hipersensíveis são vítimas do complexo de Cinderela. Ninguém se lembra de mim, não me tratam como mereço. Quando chegará alguém que reconheça as minhas qualidades? Em que momento serei libertada pelo príncipe encantado? Dá pena ver tantas pessoas reconcentradas sobre as suas pequenas feridas, chorando o hipotético abandono a que se sentem relegadas, remoendo as mágoas provocadas por supostas injustiças… Um miligrama de aparente desrespeito ou indiferença representa para elas uma autêntica afronta. Daí a autopiedade, que é um sentimento mais comum do que se pensa: julga-se com frequência que se precisa de uma afeição especial, maior do que aquela de que precisam os outros. Este sentimento leva a justificar como legítima essa chantagem afetiva que aumenta as próprias dores para chamar a atenção sobre si.
Em todas estas manifestações, revela-se um subjetivismo muito próprio da pessoa imatura. Quanto mais imaturo ou mais primitivo for o ser humano, mais intensos serão os laços de referência pessoal que mantém com o meio ambiente (…)
Há outras variantes desta hipersensibilidade, mas todas elas se sintetizam num tipo genérico de pessoa, consagrado por uma expressão comum: a pessoa difícil. É difícil falar com ela sem que fique ressentida; apesar de estar rodeada de solícitos cuidados, é difícil agradá-la; é difícil que se sinta à vontade num ambiente em que não seja ela o centro das atenções… Alguém dizia deste tipo de pessoas que, para relacionar-se com elas, é necessário estudar trigonometria. Nunca se pode abordá-las de forma simples e direta; é preciso ter muito cuidado, utilizar linhas quebradas, fazer triangulações…
Estas pessoas difíceis parecem estar sufocadas pela própria importância, que atribuem ao seu nome, à sua dignidade e à sua honra. Estão como que corroídas por uma doença epidérmica, por uma suscetibilidade alérgica a tudo o que de longe possa significar desrespeito ou falta de consideração. Isto as torna suspicazes, desconfiadas e melindrosas. Sofrem extraordinariamente (cfr. Rafael Cifuentes, “Egoísmo e Amor”, Ed. Quadrante).
Façamos um exame sincero e profundo para reconhecer ou não se somos hipersensíveis. A raiz desse defeito é o orgulho, e a cura é, entre outras coisas, tirar o foco de nós, do fato de gostarem ou não de mim, dar menos importância sobre se agrado, se não agrado, e pensar mais nos outros, enchendo as pessoas de amor.
Uma santa semana a todos!
Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.