Abandono

Gostaria de falar esta semana sobre o abandono.

E, por que quero falar sobre o abandono? Porque há uma doença muito espalhada no mundo moderno que é a “ansiedade”.

Como diz um autor:

A ansie­dade, hoje, é epidêmica. Um estudo da PUC de Campinas, que examinou 1.800 pessoas no Aeroporto de Congonhas, num grande edifício do centro de São Paulo e na sede de uma empresa multinacional mostrou que 32% delas apresentavam sintomas de stress em nível suficiente para merecer atenção médica.

O homem dos nossos dias (…) parece sofrer do desamparo da orfandade. Isolado, individualis­ta, auto-suficiente, é extremamente vulnerável. A frustração, o fracasso, a solidão, a doença, a dor pairam continuamente por cima da sua cabeça como uma espada de Dâmocles. Parece submetido à arbi­trariedade de um destino cego.

Na indústria farmacêutica brasileira, os dois remédios campeões de faturamento são o Frontal e o Lexotan, que são calmantes para tirar o stress e a ansiedade.

Quem de nós hoje não sofre de ansiedade ou de tensão nervosa? Essa tensão nervosa que:
– provoca gastrite
– tira o sono na hora de dormir ou nos faz demorar para dormir
– nos deixa tensos na hora de uma reunião, de uma prova, de alguma situação que vamos ser testados
– nos aflige pensando no futuro (o que irá acontecer conosco): se ficarmos sem emprego, se contrairmos uma doença grave
– nos deixa tensos o dia inteiro com a preocupação das coisas que temos que fazer
– deixando-nos tensos, nos deixa irritadiços, mau-humorados, com os nervos à flor da pele
– nos faz suar frio, etc, etc.

Qual é a visão cristã da “ansiedade”? É muito simples: é uma doença espiritual (não estou considerando aqui a pessoa que tem esta doença por um desajuste do organismo). Por quê é uma doença? Porque a pessoa que se deixa levar pela tensão nervosa, pela ansiedade é porque não aprendeu a abandonar as coisas nas mãos de Deus.

Temos que pensar que Deus, que é quem nos criou, tem a solução para todos os nossos problemas. Desta forma, se uma pessoa vive bem o cristianismo, terá sempre “paz e alegria”. Por isso que quero ajudar a todos, com estas mensagens semanais, para que vocês encontrem esta paz e esta alegria.

O que Cristo nos ensina com relação a tudo que pode nos afligir (tudo mesmo!!!)? Que temos que deixar tudo nas suas mãos: o futuro, uma possível ou atual doença, um possível ou atual fracasso, uma possível ou atual crise financeira, etc, etc… Lembrar que Deus é Pai e Ele cuida de nós. Nunca deixou de cuidar de nós e nunca deixará! Sabe tudo, tudo, tudo que acontece conosco. Não há nem um fio de cabelo que cai da nossa cabeça que Ele não saiba. O que quer é que façamos a nossa parte (com esmero, com responsabilidade) e o resto deixemos nas suas mãos.

Isto me faz lembrar a história que contava um amigo que dizia que temos que “boiar em Deus”.

Lembro-me que quando era criança o meu pai, para ensinar-me a nadar, queria que eu começasse a boiar. Dizia-me: fica de costas; põe a cabeça para trás; estende as mãos como se abraçasse o mar; es­tica bem as pernas. Agora relaxa, meu filho, o mar lhe sustentará.
Eu fazia isso e me afundava, engolia água e fi­cava assustado.
“Mas pai, que brincadeira é esta? Você quer que eu me afogue?”
– “Não, meu filho, não; o que eu quero é que você aprenda a nadar.”
– Mas então porque me afundo?
“Você se Afunda porque você está tenso.”
E o meu pai acrescentou: “vamos fazer uma nova tentativa: eu fico amparando você com as mi­nhas mãos.” E assim o fez: “relaxa, relaxa, relaxa, – dizia-me: – Confia, confia, confia.” Eu vou tirar uma mão. Você vê que não se afunda? Eu vou tirar a outra. Você já repara que agora é o mar que lhe sus­tenta? Estou aqui por perto. Confia…” E assim apren­di a boiar. Boiava suavemente, repousadamente, olhando para o céu tempos e tempos. Mais ainda, foi assim que pouco a pouco tornei-me um bom na­dador, como meu pai me assegurava.

Depois concluía:
Nós afundamos porque não confiamos, porque estamos tensos. Você já experimentou “boiar” em Deus?; Abandonar-se em Deus?; Confiar em Deus ilimitadamente?
“Relaxa, relaxa, relaxa…. Confia, confia, con­fia…” É o que agora nos diz o nosso Pai do Céu.

A nossa segurança é proporcional à nossa con­fiança. Toda a força de Deus está, por assim dizer, em dependência do nosso abandono. O mar de Deus nos sustenta. O abandono “provoca” o poder e a mi­sericórdia de Deus, move as entranhas do nosso Pai, como quando uma criança, aos prantos, se agarra ao pai, gritando: eu só confio em você!..; “eu só confio em você!” Será que um pai na terra não empregaria toda a sua força para não decepcionar o seu filho? E que poderíamos dizer de Deus, infinitamente bom e todo poderoso?

Termino ensinando uma oração para repetirmos todas as vezes que precisamos abandonar as coisas nas mãos de Deus:

Senhor, em tuas mãos abandono o presente, o passado e o futuro, o pequeno e o grande, o temporal e o eterno.

Que Deus vos abençoe e uma boa semana a todos.

Pe. Paulo

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