Catequese sobre os mandamentos: considerações sobre o nono e o décimo mandamentos – XV

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “considerações sobre o nono e o décimo mandamentos”.
 
Continuemos a catequese sobre os mandamentos do Papa Francisco:
 
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Os nossos encontros sobre o Decálogo levam-nos hoje aos dois últimos mandamentos: “Não desejar a mulher do próximo”, “Não cobiçar as coisas alheias”. Estes dois últimos mandamentos culminam a viagem através do Decálogo, tocando o “coração” de tudo aquilo que nele nos é transmitido.

De certa forma, eles estão incluídos no quinto e no sexto mandamentos. Então, por que eles existem?
 
No Evangelho, o Senhor Jesus diz: “É do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. Todos esses vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem” (Mc 7, 21-23).
 
Portanto, compreendemos que todo o percurso feito pelo Decálogo não teria utilidade alguma se não chegasse a alcançar o cerne, o coração do homem. De onde nascem todas essas perversidades? O Decálogo mostra-se lúcido e profundo a tal propósito: o seu ponto de chegada — os dois últimos mandamentos — é o coração; e, se ele, o coração, não for libertado, o resto de nada serve. Eis o desafio: libertar o coração de todas essas perversidades. Sem estes dois últimos mandamentos, os preceitos de Deus podem reduzir-se unicamente à bonita fachada de uma vida que se assemelha à dos escravos, e não à dos filhos.
 
Cada um de nós pode interrogar-se: quais desejos maus tenho com frequência? A inveja, a cobiça, a crítica depreciativa? Devemos olhar sem medo para o nosso coração e descobrir todas as suas maldades. Saber que somos pouca coisa nos faz bem, pois leva-nos a perceber que não podemos nos libertar sozinhos, e a clamar a Deus para sermos salvos.
 
Não podemos corrigir a nós mesmos sem o dom do Espírito Santo. É necessário abrir-se à relação com Deus porque é o Espírito Santo que nos leva em frente.
 
O Decálogo consiste em conduzir o homem à sua verdade, ou seja, à sua pobreza, que se torna, por sua vez, abertura à misericórdia de Deus, que nos transforma e nos renova. Deus é o único capaz de renovar o nosso coração, contanto que lhe abramos: eis a única condição; Ele faz tudo, mas devemos abrir-lhe o coração.
 
As últimas palavras do Decálogo educam a todos a reconhecer-se mendigos; ajudam a colocar-nos diante da desordem do nosso coração, para deixarmos de viver de modo egoísta, deixando-nos redimir pelo Filho e instruir pelo Espírito Santo. O Espírito Santo é o Mestre que nos guia: deixemo-nos ajudar. Sejamos mendigos, peçamos essa graça!
 
“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!” (Mt 5, 3). Sim, felizes aqueles que deixam de se iludir, julgando que se podem salvar da própria debilidade sem a misericórdia de Deus, a única que pode curar. Somente a misericórdia de Deus cura o coração. Ditosos aqueles que reconhecem os seus desejos malvados e, com um coração arrependido e humilhado, não se apresentam a Deus e aos outros homens como pessoas justas, mas como pecadores. É bonito o que Pedro disse ao Senhor: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador”. Como é bonito este pedido: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador”.
 
Estas pessoas sabem ter compaixão, misericórdia pelos outros, porque a experimentam em si mesmos.
 
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Uma santa semana a todos!!!
 
Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.