Catequese sobre os mandamentos – II: os mandamentos são pedidos de um Pai generoso

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “os mandamentos são pedidos de um Pai generoso”.
 
Continuemos a catequese sobre os mandamentos do Papa Francisco:
 
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Continuemos a falar dos mandamentos que, como dissemos, mais do que mandamentos, são as palavras de Deus ao seu povo, para que caminhe bem; palavras amorosas de um Pai.
 
(Agora podemos focar esta frase) O Decálogo (as dez Palavras) começa assim: «Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da servidão» (Êx 20, 2).
 
Este início pareceria não estar relacionado com as verdadeiras leis que seguem. Mas não é assim!
Qual o motivo desta afirmação de Deus? (…) É que Deus só transmite as Palavras no Monte Sinai depois que faz o povo atravessar o Mar Vermelho (depois da libertação): primeiro, o Deus de Israel salva, e depois pede. Ou seja: o Decálogo começa pela generosidade de Deus. Deus nunca pede sem dar primeiro. Jamais! Primeiro salva, primeiro doa, depois pede. Assim é o nosso Pai, o bom Deus.
 
(…) A vida cristã é antes de tudo a resposta grata a um Pai generoso. Os cristãos que seguem apenas “deveres” denunciam que não têm uma experiência pessoal daquele Deus que é “nosso”. Devo fazer isto, isso, aquilo… Somente deveres. Mas falta-te algo! Qual é o fundamento deste dever? O fundamento deste dever é o amor de Deus Pai, que primeiro dá, depois manda.
 
Colocar a lei antes da relação não ajuda o caminho de fé. Como pode um jovem desejar ser cristão, se nós começamos pelas obrigações, compromissos, coerências, e não pela libertação? Mas ser cristão é um caminho de libertação! Os mandamentos libertam-te do teu egoísmo, e libertam-te porque há o amor de Deus que te faz ir em frente. A formação cristã não está baseada na força de vontade, mas no acolhimento da salvação, no deixar-se amar: primeiro o Mar Vermelho, depois o Monte Sinai. Primeiro a salvação: Deus salva o seu povo no Mar Vermelho; depois, no Sinai, diz-lhe o que deve fazer. Mas aquele povo sabe que Ele faz tais gestos porque foi salvo por um Pai que o ama.
 
A gratidão é um traço característico do coração visitado pelo Espírito Santo; para obedecer a Deus é preciso, antes de tudo, recordar os seus benefícios. São Basílio diz: “Quem não deixa que tais benefícios caiam no esquecimento orienta-se para a boa virtude e para todas as obras de justiça” (Regras breves, 56).
 
Onde nos leva tudo isso? A fazer o exercício de memória: quantas maravilhas fez Deus por cada um de nós! Como é generoso o nosso Pai celestial! Agora gostaria de vos propor um pequeno exercício, em silêncio, cada qual responda no seu coração. Quantas maravilhas fez Deus por mim? Esta é a pergunta. Cada um de nós responda em silêncio.
 
(…) Alguém pode sentir que ainda não viveu uma verdadeira experiência da libertação feita por Deus. Isso pode acontecer. Pode ser que alguém olhe para dentro de si e só encontre sentido de dever, uma espiritualidade de servo, e não de filho.
 
Que fazer em tal caso? Fazer como fez o povo eleito. O livro do Êxodo diz: “Os israelitas, que ainda gemiam sob o peso da servidão, clamaram e, do fundo da própria escravidão, subiu o seu clamor até Deus. Deus ouviu os seus gemidos, lembrando-se da sua aliança com Abraão, Isaac e Jacó. Deus olhou para os israelitas” (Êx 2, 23-25).
 
(Podemos viver uma verdadeira experiência de libertação, sermos muito gratos a Deus bradando a Deus que nos liberte do egoísmo, do pecado, das correntes da escravidão.) Este brado é importante, é oração, é consciência daquilo que ainda existe de oprimido e não libertado em nós. Existem muitas coisas não libertadas na nossa alma. “Salvai-me, ajudai-me, libertai-me!” Esta é uma bonita prece ao Senhor. Deus espera este grito, porque pode e quer quebrar as nossas correntes; Deus não nos chamou à vida para que permanecêssemos oprimidos, mas para ser livres, e para vivermos na gratidão, obedecendo com alegria Àquele que nos ofereceu tanto, infinitamente mais do que poderíamos dar-lhe. Isso é bonito! Que Deus seja sempre bendito por tudo o que fez, faz e há de fazer em nós!
 
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A gratidão por tantas coisas e até pela libertação do mal que há no nosso coração nos fará ver Deus como nosso, como Pai e assim ver o Decálogo como Palavras, como conselhos de um bom Pai guiando-nos para a salvação.
 
Uma santa semana a todos!!!
 
Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.