Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “considerações sobre o segundo mandamento – I”.
Continuemos a catequese sobre os mandamentos do Papa Francisco:
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Hoje continuemos a meditar sobre o primeiro mandamento do Decálogo, aprofundando o tema da idolatria. Inspiremo-nos no ídolo por excelência narrado no Livro do Êxodo: o bezerro de ouro (Êx 32, 1-8). Esse episódio tem um contexto específico: o deserto, onde o povo caminhava à espera de Moisés, que subiu ao monte para receber as tábuas da Lei.
O que é o deserto? É um lugar sem graça, sem atrações; um lugar triste. E o homem, por outro lado, deseja com todas as forças a alegria, a felicidade.
E naquele deserto acontece algo que desencadeia a idolatria. “Moisés tardava a descer da montanha” (Êx 32, 1). Permaneceu ali quarenta dias, e o povo perdeu a paciência. As pessoas queriam algo que as alegrasse. E fizeram um bezerro de ouro e cantaram e dançaram. Para sanar a sede de felicidade na terra, no deserto, os homens procuram um ídolo visível, em que se possa tocar, o qual se possa apalpar. Não sabem levantar os olhos e confiar naquele Deus que os tirou da escravidão do Egito e os está levando para a Terra Prometida. (…) Mas querer tocar, apalpar é um egoísmo, é a busca de uma satisfação pessoal, ao invés de desprender-nos de nós mesmos, de confiar e amar. E assim nós criamos deuses para satisfazer os nossos egoísmos. «Diante do ídolo, não corremos o risco de comprometer-nos, porque todos os ídolos “têm boca, mas não falam” (Sl 115, 5). Compreendemos assim que buscar um ídolo é colocar a si mesmo no centro da realidade, na adoração da obra das próprias mãos» (Enc. Lumen fidei, 13).
No Oriente antigo, o bezerro tinha um sentido duplo: por um lado, representava fecundidade e abundância; por outro, energia e força. Mas antes de tudo é de ouro, por isso é símbolo de riqueza, sucesso, poder e dinheiro. São estes os grandes ídolos: sucesso, poder e dinheiro. São as tentações de sempre! Eis o que é o bezerro de ouro: o símbolo de todos os desejos que dão a ilusão da liberdade e, ao contrário, escravizam, porque o ídolo escraviza sempre. Há o fascínio, e nos deixamos levar. Aquele fascínio da serpente, que paralisa o passarinho. O passarinho não consegue mover-se e a serpente apanha-o.
Tudo muda se colocamos Deus como Nosso Senhor (…) Quando se acolhe o Deus de Jesus Cristo, que de rico se fez pobre por nós (cf. 2 Cor 8, 9), descobre-se que estar no deserto não é algo triste, mas a condição para se abrir Àquele que é a verdadeira alegria. Assim, a salvação de Deus entra pela porta do deserto, da aridez (cf. 2 Cor 12, 10); é em virtude da incapacidade de encontrar a felicidade plena nesta vida, da aridez, e da abertura para o amor que o homem encontra a Deus. A liberdade do homem nasce de deixar que o verdadeiro Deus seja o único Senhor e de rejeitar os ídolos que nos fascinam.
Nós dirigimos o olhar para Cristo Crucificado (cf. Jo 19, 37), que é desprezado e despojado de qualquer felicidade sensível. Mas é n’Ele que se revela o rosto do Deus verdadeiro, a glória do amor, e não a do engano cintilante. Isaías diz: “Fomos curados graças às suas chagas” (53, 5). Fomos sarados precisamente pela Paixão, pela ausência de felicidade sensível. A nossa cura vem d’Aquele que se fez pobre, que aceitou a falência, que assumiu até o fundo a nossa precariedade, sinônimos de infelicidade, para encher de alegria e de amor a nossa vida. Ele vem para nos revelar a paternidade de Deus; em Cristo a nossa aridez já não é uma maldição, mas um lugar de encontro com o Pai e nascente de uma nova força do alto.
Uma santa semana a todos!!!
Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.