Confiança (total e absoluta) em Deus

Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “confiança (total e absoluta) em Deus”.

Qual de nós nunca sentiu em alguma ocasião da vida que estava vindo do céu um autêntico bombardeio: o falecimento de uma pessoa muito querida (pai, mãe, marido, mulher, irmão, irmã etc), uma falência no campo profissional, o diagnóstico de uma doença grave em nós ou num familiar muito próximo, entre outras coisas?

Diante de uma situação como essas, e num sofrimento dilacerante, pode ter vindo do fundo do nosso coração um grito compulsivo: por quê? Por que isso está acontecendo na minha vida?

Essa mesma pergunta fez Gabrielle Bossis, uma mística francesa que está em processo de canonização, autora do famoso livro Lui et moi*. No dia 30 de setembro de 1943, enquanto sua cidade estava sendo bombardeada, queixou-se com Jesus por estar perdendo todos os seus pertences. Podemos nos colocar no lugar dela e imaginar a dor que deveria estar sentindo, junto com todos os outros habitantes daquela cidade. O que é impressionante é a resposta que Jesus dá a ela, o que nos faz pensar em como Ele nos acompanha em todos os possíveis bombardeios que podemos sofrer na vida.

1336. 30 de setembro de 1943. Le Fresne. Eu lamentava não ter à mão um caminhãozinho para salvar as minhas posses no bombardeio de Nantes. Ele: “E por que te inquietas? Eu não estou contigo para te cuidar? Ou pensas que Eu não sei o que é que te faz falta? O que será melhor para a tua alma? Tende confiança e entrega-me tudo. Nem tu deixaste de ser Minha filha, nem Eu teu Pai” (…) Eu pensava nos estrangeiros que estavam refugiados na minha casa. Disse-me: “Não penses que isto aconteceu por casualidade: Eu os escolhi. (…) Peça a Mim por eles e reza por eles. Sofre por eles, assim como Eu sofri por todos. (…) E Eu te sigo passo a passo. Como tu poderias, por um instante, sentir-te sozinha? Eu dirijo tudo na tua vida. Deixa que eu te levo”.

Que eloquentes são as palavras de Jesus:
– por que te inquietas?
– Eu não estou contigo para te cuidar?
– ou pensas que Eu não sei o que é que te faz falta?
– o que será melhor para a tua alma?
– tende confiança e entrega-me tudo!

Estas últimas palavras são a chave de tudo: tende confiança e entrega-me tudo!

Toda vez que passamos por um momento de dor, pensamos que Deus está ausente naquele momento. Não. Muito pelo contrário. Essa dor, esse sofrimento fazem parte dos seus planos. Esse bombardeio faz parte dos seus planos. Inclusive Deus escolheu aqueles que invadiram a casa de Gabrielle. Isso é assim porque tudo, tudo, tudo que acontece na nossa vida faz parte dos seus planos (a única coisa que acontece na nossa vida que não faz parte dos seus planos é o nosso pecado; todo o resto faz parte dos seus planos, por mais misterioso e doloroso que seja).

E por que Deus permite essas coisas tão dolorosas? Ele mesmo respondeu a Gabrielle numa outra ocasião, falando sobre a guerra:
1091. 29 de março de 1941. Depois da comunhão, rezava eu pela paz. Ele: “Compreende que se eu permito que haja guerras é porque muitas almas se aproximam melhor a Mim na guerra do que na segurança. Esquecem os prazeres mundanos, rezam mais e se convertem.

Que profundidade têm essas palavras de Nosso Senhor! Quantas graças e mais graças ocorrem em nós e em tantas e tantas pessoas quando passamos pela dor? Graças que não têm preço na terra! É isso que Deus está querendo! Nós estamos querendo a “felicidade”, quando Deus o que quer é a nossa “Felicidade”; e, para alcançá-la, muitas vezes temos de passar pela dor, por uma grande dor.

E, no bombardeio, qual é o nosso papel? Confiar, confiar, confiar. Tende confiança e entrega-me tudo. Eu te sigo passo a passo. Como tu poderias, por um instante, sentir-te sozinha? Eu dirijo tudo na tua vida. Deixa que eu te levo.

Para completar cito outras palavras de Jesus a Gabrielle:

1337. 7 de outubro. Na Igreja de Montrelais. Eu lhe dava graças por ter-me livrado do bombardeio. Ele: “Sim, dai-me sempre as graças, pois Eu te dei muito. E agora, se Eu te mandasse alguma tribulação, tu me agradecerias? Terias que agradecer-Me, pois Eu faço tudo para o bem das almas. Não duvides disto e acredite no Meu Amor. Espera no Meu Amor, ama o Meu Amor. Se assim o fazes, receberás tudo como vindo de Mim e Eu serei teu único motivo em tudo o que faças. Se esperas no Meu Amor, já não contarás mais contigo e Me esperarás em todas as circunstâncias difíceis, pensando que, se tu não podes nada, Eu posso tudo. E assim permanecerás confiada e na paz. E terá uma nova luz tua tarefa de amor, feliz de sofrer algo para consolar-me. Tu dizes a ti mesma: “Oh, se pelo menos tivesse a segurança de que O consolo!”. Mas lembra sempre que, sendo Deus, Sou também Homem e que a um homem se lhe pode consolar. Não te admires de ter contratempos; não foste feita para o descanso na Terra, mas para o repouso no Céu. Acostuma-te a colocar tuas finalidades na Eternidade; pois nada do que te acontece tem a menor importância fora da tua relação com o Fim. Julga tudo em Mim e por Mim (…)

Uma santa semana a todos!!!

Padre Paulo M. Ramalho
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Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.