Olá a todos!
Eis a ideia para vocês refletirem ao longo da semana: “considerações sobre o quinto mandamento – I”.
Continuemos a catequese sobre os mandamentos do Papa Francisco:
* * *
A catequese de hoje é dedicada à quinta Palavra: não matarás. O quinto mandamento: não matarás. Já estamos na segunda parte do Decálogo, aquela que diz respeito às relações com o próximo; e este mandamento, com a sua formulação concisa e categórica, ergue-se como uma muralha em defesa do valor básico nos relacionamentos humanos. E qual é o valor fundamental nas relações humanas? O valor da vida. Por isso, não matarás!
Poder-se-ia dizer que todo mal cometido no mundo se resume a isto: o desprezo pela vida. A vida é agredida pelas guerras, pelas organizações que exploram o homem — lemos nos jornais ou vemos nos noticiários muitas coisas — a partir das especulações sobre a criação e da cultura do descarte, e por todos os sistemas que submetem a existência humana a cálculos de oportunidade, enquanto um número escandaloso de pessoas vive em condições indignas. Isso significa desprezar a vida, ou seja, de certo modo, matar.
Uma abordagem contraditória permite também a supressão da vida humana no ventre materno, em nome da salvaguarda de outros direitos. Mas como pode ser terapêutico, civil ou simplesmente humano um ato que suprime a vida inocente e inerme no seu desabrochar? Pergunto-vos: é justo “eliminar” uma vida humana para resolver um problema? É correto contratar um sicário para resolver um problema? Não se pode, não é justo “eliminar” um ser humano, por mais pequenino que seja, para resolver um problema. É como pagar a um assassino para resolver um problema.
De onde vem tudo isso? No fundo, de onde nascem a violência e a rejeição da vida? Do medo. Com efeito, o acolhimento do outro é um desafio ao individualismo. Pensemos, por exemplo, em quando se descobre que uma vida nascente é portadora de deficiência, até grave. Nesses casos dramáticos, os pais precisam de verdadeira proximidade, de autêntica solidariedade para enfrentar a realidade, superando os compreensíveis temores. Ao contrário, muitas vezes recebem conselhos apressados para interromper a gravidez, ou seja, é um modo de dizer: “interromper a gravidez” significa “eliminar alguém” diretamente.
Uma criança doente é como qualquer necessitado da terra, como um idoso que precisa de assistência, como tantos pobres que têm dificuldade de ir em frente: aquele, aquela que se apresenta como um problema, na realidade constitui um dom de Deus, que pode tirar-me do egocentrismo e fazer-me crescer no amor. A vida vulnerável indica-nos a saída, o caminho para nos salvar de uma existência fechada em si mesma, e descobrir a alegria do amor. E aqui gostaria de parar para dar graças, agradecer a tantos voluntários, agradecer ao vigoroso voluntariado italiano, o mais forte que conheci. Obrigado!
E o que leva o homem a rejeitar a vida? São os ídolos deste mundo: o dinheiro — é melhor eliminar isso, porque custará —, o poder, o sucesso. Esses são parâmetros errados para valorizar a vida. Qual é a única medida autêntica da vida? É o amor, o amor com que Deus a ama! O amor com o qual Deus ama a vida: essa é a medida. O amor com que Deus ama cada vida humana.
Com efeito, qual é o sentido positivo da Palavra “Não matarás”? Que Deus é “amante da vida”, como há pouco ouvimos da Leitura bíblica.
O segredo da vida nos é revelado pelo modo como a tratou o Filho de Deus, que se fez homem a ponto de assumir na cruz a rejeição, a debilidade, a pobreza e a dor (cf. Jo 13, 1). Em cada criança enferma, em cada idoso débil, em cada migrante desesperado, em cada vida frágil e ameaçada, é Cristo que está à nossa procura (cf. Mt 25, 34-46), está em busca do nosso coração, para nos revelar a alegria do amor.
Vale a pena acolher todas as vidas, porque cada homem vale o sangue do próprio Cristo (cf. 1 Pd 1, 18-19). Não se pode desprezar o que Deus tanto amou!
Devemos dizer aos homens e às mulheres do mundo: não desprezeis a vida! A vida do próximo, mas inclusive a própria, porque também para ela é válido o mandamento: “Não matarás”. É preciso dizer a tantos jovens: não desprezes a tua existência! Deixa de rejeitar a obra de Deus! Tu és uma obra de Deus! Não te subestimes, não te desprezes com as dependências, que te hão de arruinar e te levarão à morte!
Que ninguém meça a vida segundo os enganos deste mundo, mas que cada qual se acolha a si mesmo e aos outros, em nome do Pai que nos criou. Ele é “amante da vida”: isto é bonito, “Deus é amante da vida”. E todos nós lhe somos tão queridos que Ele enviou o seu Filho por nós. “Com efeito — diz o Evangelho — Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu único Filho, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
Uma santa semana a todos!!!
Padre Paulo M. Ramalho
falar.paulo@gmail.com
site.fecomvirtudes.com.br
https://www.instagram.com/fecomvirtudes/?hl=pt-br
Para receber minhas reflexões, instale o TELEGRAM e inscreva-se aqui: https://t.me/padrepaulo
*******************
Padre Paulo M. Ramalho – Sacerdote ordenado em 1993. Cursou o ensino médio no colégio Dante Alighieri. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce. Atende direção espiritual na igreja Divino Salvador, Vila Olímpia, em São Paulo.