Liberdade interior – I

Gostaria de falar nas próximas mensagens, intercalando-as com outras, sobre a liberdade interior.
O motivo de escrever estas mensagens é que este tema é absolutamente importante para todos nós.
Por quê? Porque enquanto não alcançarmos a liberdade interior, não teremos a paz interior e reinará no nosso coração a angústia, a aflição, a tristeza que tanto mal nos faz.
Antes de mais nada, devo dizer que todas as ideias que aqui vou expor foram tiradas de um livro extraordinário que recomendo a todas as pessoas: “A liberdade interior” de Jacques Philipe. Quem ler este livro ou quem ler as próximas mensagens sobre a liberdade interior e as colocar em prática, começará a encontrar a paz que tanto sonha para a sua vida.
Comecemos por explicar porque a paz interior está relacionada com a liberdade interior.
De modo muito simples podemos dizer que ter a paz interior é viver “livre” dos males do mundo. E é isto que buscamos continuamente: estar “livre” dos problemas do mundo. Só que, como todos sabemos, é impossível ficar “livre” dos males do mundo porque eles sempre aparecem na nossa vida. Aí, então, vem a chave para encontrar a paz interior: não buscar a liberdade “exterior” (libertar-se dos males do mundo), que é impossível, mas buscar a liberdade “interior” (libertar-se interiormente dos males do mundo, aprendendo a lidar com eles).
Vejamos o que diz Jacques Philippe:
Uma (…) ilusão fundamental com relação à noção de liberdade é a de fazer desta uma realidade exterior, depen dente das circunstâncias e não uma realidade antes de tudo interior”. (…)
 
Expliquemo-nos. Frequentemente, temos a impressão de que o que limita nossa liberdade são as circunstâncias que nos cercam: os limites impostos pela sociedade, as obri gações de todo tipo que os outros colocam sobre nós, esta ou aquela limitação da qual somos prisioneiros com relação ao nosso físico, nossa saúde, etc. Para encontrar nossa liber dade, seria preciso, então, eliminar estas barreiras e limita ções. Quando nos sentimos cerceados pelas circunstâncias que nos aprisionam, atribuímos nosso incômodo às institui ções ou pessoas que nos parecem causá-lo (…)
 
Esta maneira de ver as coisas tem, certamente, um lado de verdade. Há, algumas vezes, certas limitações que preci sam ser corrigidas ou barreiras a serem ultrapassadas para conquistar-se a liberdade. Mas há também uma grande dose de ilusão que é necessário desmascarar, sob a pena de jamais gozar da liberdade verdadeira. Mesmo se tudo o que consi deramos impedimento à liberdade em nossas vidas viesse a desaparecer, isso não seria nenhuma garantia de encontrar mos a plena liberdade à qual aspiramos. Nem bem ultra­passamos uma barreira, encontramos outras logo adiante. Desta forma (…) arriscamos a nos embrenhar num processo sem fim e numa insatisfação permanente (…)
 
 Mas será que a liberdade não passaria de um sonho ao qual seria melhor renunciar (…)? Certamente não! O que é preciso é des cobrir a verdadeira liberdade dentro de nós mesmos, no nosso interior, e num íntimo relacionamento com Deus (Jacques Phillipe, A liberdade interior, Ed. Shalom, 2007, pp. 13-17).
Esta é a primeira ideia que podemos tirar desta primeira mensagem: todo o problema para encontrar a paz está dentro de nós e não fora de nós. Por fora pode ocorrer o que for: desastres, catástrofes, guerra, bombardeio, etc. Mas isto não é o decisivo: o decisivo é o nosso interior: se alcançarmos a liberdade interior, reinará a paz no nosso coração. Como diz Cristo, “não é o que vem de fora que mata o coração, mas o que sai dele” (cfr. Mt 15, 19).
Pensemos nesta semana se temos ido em busca desta liberdade interior.
Uma santa semana a todos!

Pe. Paulo.

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